(FUVEST 2012 - 2 fase) Leia com atenção o seguinte texto:
A onipresença do olho mágico da televisão no centro da vida doméstica dos brasileiros, com o poder (imaginário) de tudo mostrar e tudo ver que os espectadores lhe atribuem, vem provocando curiosas alterações nas relações entre o público e o privado. Durante pelo menos dois séculos, o bom gosto burguês nos ensinou que algumas coisas não se dizem, não se mostram e não se fazem em público. Essas mesmas coisas, até então reservadas ao espaço da privacidade, hoje ocupam o centro da cena televisiva. Não que o bom gosto burguês deva ser tomado como referência indiscutível da ética que regula a vida em qualquer sociedade. Mas a inversão de padrões que pareciam tão convenientemente estabelecidos nos países do Ocidente dá o que pensar. No mínimo, podemos concluir que a burguesia do terceiro milênio já não é a mesma que ditou o bom comportamento dos dois séculos passados. No máximo, supõe-se que os fundamentos do contrato que ordenava a vida social entre os séculos XIX e XX estão profundamente abalados, e já vivemos, sem nos dar conta, em uma sociedade pós-burguesa, num sentido semelhante ao do que chamamos uma sociedade pós-moderna.
Maria R. Kehl, in Bucci e Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão.
a) O que a autora do texto quer dizer, quando se refere ao “poder de tudo mostrar e tudo ver” (L. 2), atribuído à televisão, como “imaginário”?
b) Indique a palavra do primeiro período que tem o mesmo significado do prefixo que entra na formação da palavra “onipresença” (L. 1).
c) Indique uma palavra ou expressão do texto que corresponda ao sentido da palavra “ética” (L. 7).