(FUVEST - 2018 - 1ª FASE)
TEXTO PARA A QUESTÃO:
Voltada para o encanto da vida livre do pequeno núcleo aberto para o campo, a jovem Helena, familiar a todas as classes sociais daquele âmbito, estava colocada num invejável ponto de observação.(...)
Sem querer forçar um conflito que, a bem dizer5, apenas se esboça, podemos atribuir parte desta grande versatilidade psicológica da protagonista aos ecos de uma formação7 britânica, protestante, liberal, ressoando num ambiente8 de corte ibérico e católico9, mal saído do regime de trabalho escravo. Colorindo a apaixonada esfera de independência da juventude, reveste-se de acentuado sabor sociológico este caso da menina ruiva que, embora inteiramente identificada com o meio de gente morena que é o seu, o único que conhece e ama, não vacila em o criticar com precisão e finura notáveis14, se essa lucidez não traduzisse a coexistência íntima de dois mundos culturais divergentes, que se contemplam e se julgam no interior de um eu tornado harmonioso pelo equilíbrio mesmo de suas contradições18.
Alexandre Eulálio, “Livro que nasceu clássico”. In: Helena Morley, Minha vida de menina
De acordo com Alexandre Eulálio, a protagonista do romance Minha vida de menina
vivencia um conflito – uma ideia fortalecida por “a bem dizer” (L. 5).
apresenta certo vínculo com o protestantismo – uma ideia sintetizada por “ecos de uma formação britânica” (L. 7-8).
formou-se num meio alheio ao trabalho escravo – um fato referido por “num ambiente de corte ibérico e católico” (L. 8-9).
rejeita as influências do meio em que vive – uma característica revelada por “precisão e finura notáveis” (L. 14).
tem a sua lucidez psicológica abalada pelas ambivalências de sua educação – um traço reiterado por “equilíbrio mesmo de suas contradições” (L. 17-18).