(FUVEST - 2020) TEXTO PARA AS QUESTÕES 29 E 30 Scientists have long touted DNAs potential as an ideal storage medium; its dense, easy to replicate, and stable over millennia. But in order to replace existing silicon‐chip or magnetic‐tape storage technologies, DNA will have to get a lot cheaper to predictably read, write, and package. Thats where scientists like Hyunjun Park come in. He and the other cofounders of Catalog, an MIT DNA‐storage spinoff emerging out of stealth on Tuesday, are building a machine that will write a terabyte of data a day, using 500 trillion molecules of DNA. If successful, DNA storage could be the answer to a uniquely 21st‐century problem: information overload. Five years ago humans had produced 4.4 zettabytes of data; thats set to explode to 160 zettabytes (each year!) by 2025. Current infrastructure can handle only a fraction of the coming data deluge, which is expected to consume all the worlds microchip‐grade silicon by 2040. Todays technology is already close to the physical limits of scaling, says Victor Zhirnov, chief scientist of the Semiconductor Research Corporation. DNA has an information‐storage density several orders of magnitude higher than any other known storage technology. How dense exactly? Imagine formatting every movie ever made into DNA; it would be smaller than the size of a sugar cube. And it would last for 10,000 years. Wired, June, 2018. Disponível em https://www.wired.com/. Adaptado. Conforme o texto, cientistas preveem que, em pouco mais de 20 anos,
(FUVEST - 2020) Harlem What happens to a dream deferred? Does it dry up like a raisin in the sun? Or fester like a sore And then run? Does it stink like rotten meat? Or crust and sugar over like a syrupy sweet? Maybe it just sags like a heavy load. Or does it explode? Langston Hughes, Selected Poems of Langston Hughes (1990). Disponvel em http://www.poetryfoundation.org/. As tentativas de resposta do poeta pergunta What happens to a dream deferred? evocam imagens de
(FUVEST - 2020 - 1 fase) Cantiga de enganar (...) O mundo no tem sentido. O mundo e suas canes de timbre mais comovido esto calados, e a fala que de uma para outra sala ouvimos em certo instante silncio que faz eco e que volta a ser silncio no negrume circundante. Silncio: que quer dizer? Que diz a boca do mundo? Meu bem, o mundo fechado, se no for antes vazio. O mundo talvez: e s. Talvez nem seja talvez. O mundo no vale a pena, mas a pena no existe. Meu bem, faamos de conta. De sofrer e de olvidar, de lembrar e de fruir, de escolher nossas lembranas e revert‐las, acaso se lembrem demais em ns. Faamos, meu bem, de conta mas a conta no existe que tudo como se fosse, ou que, se fora, no era. (...) Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, j afastado das iluses, como se l no verso‐sntese Tu no me enganas, mundo, e no te engano a ti. (Legado). O excerto de Cantiga de enganar apresenta a relao do eu com o mundo mediada
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTOS PARA AS QUESTES DE 33 A 35 Os textos literrios so obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poticos, abolem, destroem o mundo circundante, cotidiano, graas funo irrealizante da imaginao que os constri. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devem o poder de apelo esttico que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adeso a esse mundo de papel, quando retornamos ao real, nossa experincia, ampliada e renovada pela experincia da obra, luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A iluso, a mentira, o fingimento da fico, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o j pelo insight que em ns provocou. Benedito Nunes, tica e leitura, de Crivo de Papel. O que eu precisava era ler um romance fantstico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criaes absurdas, no andassem magoando‐se, traindo‐se. Histrias fceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras j no me comovem. Graciliano Ramos, Angstia. Romance desagradvel, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podrides, de lixo. Nenhuma concesso ao gosto do pblico. Solilquio doido, enervante. Graciliano Ramos, Memrias do Crcere, em nota a respeito de seu livro Angstia. 33 O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza artstica da literatura, leva a considerar que a obra s assume funo transformadora se
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTOS PARA AS QUESTES DE 33 A 35 Os textos literrios so obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poticos, abolem, destroem o mundo circundante, cotidiano, graas funo irrealizante da imaginao que os constri. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo esttico que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adeso a esse mundo de papel, quando retornamos ao real, nossa experincia, ampliada e renovada pela experincia da obra, luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A iluso, a mentira, o fingimento da fico, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o j pelo insight que em ns provocou. Benedito Nunes, tica e leitura, de Crivo de Papel. O que eu precisava era ler um romance fantstico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criaes absurdas, no andassem magoando‐se, traindo‐se. Histrias fceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras j no me comovem. Graciliano Ramos, Angstia. Romance desagradvel, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podrides, de lixo. Nenhuma concesso ao gosto do pblico. Solilquio doido, enervante. Graciliano Ramos, Memrias do Crcere, em nota a respeito de seu livro Angstia. 33 Se o discurso literrio aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o, pode‐se dizer que Lus da Silva, o narrador‐protagonista de Angstia, j no se comove com a leitura de histrias fceis, sem almas complicadas porque
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTOS PARA AS QUESTES DE 33 A 35 Os textos literrios so obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poticos, abolem, destroem o mundo circundante, cotidiano, graas funo irrealizante da imaginao que os constri. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo esttico que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adeso a esse mundo de papel, quando retornamos ao real, nossa experincia, ampliada e renovada pela experincia da obra, luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A iluso, a mentira, o fingimento da fico, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o j pelo insight que em ns provocou. Benedito Nunes, tica e leitura, de Crivo de Papel. O que eu precisava era ler um romance fantstico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criaes absurdas, no andassem magoando‐se, traindo‐se. Histrias fceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras j no me comovem. Graciliano Ramos, Angstia. Romance desagradvel, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podrides, de lixo. Nenhuma concesso ao gosto do pblico. Solilquio doido, enervante. Graciliano Ramos, Memrias do Crcere, em nota a respeito de seu livro Angstia. 33 Para Graciliano Ramos, Angstia no faz concesso ao gosto do pblico na medida em que compe uma atmosfera
(FUVEST - 2020 - 1 fase) Leia o trecho extrado de uma notcia veiculada na internet: O carro furou o pneu e bateu no meio fio, ento eles foram obrigados a parar. O refm conseguiu acionar a populao, que depois pegou dois dos trs indivduos e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois por uma viatura do 5 BPM, afirmou o major. Disponvel em: https://www.gp1.com.br/. No portugus do Brasil, a funo sinttica do sujeito no possui, necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa, tal como encontrado em:
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 37 E 38 amora a palavra amora seria talvez menos doce e um pouco menos vermelha se no trouxesse em seu corpo (como um velado esplendor) a memria da palavra amor a palavra amargo seria talvez mais doce e um pouco menos acerba se no trouxesse em seu corpo (como uma sombra a espreitar) a memria da palavra amar Marco Catalo, Sob a face neutra. correto afirmar que o poema
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 37 E 38 amora a palavra amora seria talvez menos doce e um pouco menos vermelha se no trouxesse em seu corpo (como um velado esplendor) a memria da palavra amor a palavra amargo seria talvez mais doce e um pouco menos acerba se no trouxesse em seu corpo (como uma sombra a espreitar) a memria da palavra amar Marco Catalo, Sob a face neutra. Tal como se l no poema,
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 39 E 40 Uma planta perturbada na sua sesta* pelo exrcito que a pisa. Mas mais frgil fica a bota. Gonalo M. Tavares, 1: poemas. *sesta: repouso aps o almoo. Considerando que se trata de um texto literrio, uma interpretao que seja capaz de captar a sua complexidade abordar o poema como
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 39 E 40 Uma planta perturbada na sua sesta* pelo exrcito que a pisa. Mas mais frgil fica a bota. Gonalo M. Tavares, 1: poemas. *sesta: repouso aps o almoo. O ditado popular que se relaciona melhor com o poema :
(FUVEST - 2020 - 1 fase) O Twitter uma das redes sociais mais importantes no Brasil e no mundo. (...) Um estudo identificou que as fake news so 70% mais propensas a serem retweetadas do que fatos verdadeiros. (...) Outra concluso importante do trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrrio do que muitos pensam, esses robs no so os grandes responsveis por disseminar notcias falsas. Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informaes mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcanaram o mesmo nmero de pessoas. Super Interessante, No Twitter, fake news se espalham 6 vezes mais rpido que notcias verdadeiras. Maio/2019. No perodo Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham informaes mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros alcanaram o mesmo nmero de pessoas., os dois‐pontos so utilizados para introduzir uma
(FUVEST - 2020 - 1 fase) Agora, o Manuel Ful, este,sim! Um sujeito pingadinho, quase menino pepino que encorujou desde pequeno cara de bobo de fazenda, do segundo tipo ; porque toda fazenda tem o seu bobo, que , ou um velhote baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola, meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para mostrar brabeza, e s por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas feies de cabur*** insalubre, amigavam‐se as marcas do sangue aimor e do glico herdado: cabelo preto, corrido, que boi lambeu; dentes de fio em meia‐lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de vis e nariz peba, mongol. Guimares Rosa, Corpo fechado, de Sagarana. *sem pelos, sem barba **tolo ***mestio O retrato de Manuel Ful, tal como aparece no fragmento, permite afirmar que
(FUVEST - 2020 - 1 fase) O feminismo negro no uma luta meramente identitria, at porque branquitude e masculinidade tambm so identidades. Pensar feminismos negros pensar projetos democrticos. Hoje afirmo isso com muita tranquilidade, mas minha experincia de vida foi marcada pelo incmodo de uma incompreenso fundamental. No que eu buscasse respostas para tudo. Na maior parte da minha infncia e adolescncia, no tinha conscincia de mim. No sabia por que sentia vergonha de levantar a mo quando a professora fazia uma pergunta j supondo que eu no saberia a resposta. Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os meninos diziam na minha cara que no queriam formar par com a neguinha na festa junina. Eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no automtico, me esforando para no ser notada. Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro? O trecho que melhor define a incompreenso fundamental (L.6) referida pela autora :
(FUVEST - 2020 - 1 fase) TEXTO PARA AS QUESTES 44 E 45 E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta naturalmente a mesma, tambm ela comia bem, dormia largo e fofo, coisas que, alis, no impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. Se esta ltima reflexo o motivo secreto da vossa pergunta, deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que eu no me quero seno com dissimulados. Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim da comisso das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia chamou‐lhe o anjo da consolao. E no se pense que este nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrrio, resumindo em Sofia toda a ao da caridade, podia mortificar as novas amigas, e fazer‐lhe perder em um dia o trabalho de longos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha trouxe no nmero seguinte, nomeando, particularizando e glorificando as outras comissrias estrelas de primeira grandeza. Machado de Assis, Quincas Borba. No excerto, o autor recorre intertextualidade, dialogando com a comdia de Molire, Tartufo (1664), cuja personagem central um impostor da f. Tal a fama da pea que o nome prprio se incorporou ao vocabulrio, inclusive em portugus, como substantivo comum, para designar o indivduo hipcrita ou o falso devoto. No contexto maior do romance, sugere‐se que a tartufice