(FUVEST - 2020 - 1ª fase)
O feminismo negro não é uma luta meramente identitária, até porque branquitude e masculinidade também são identidades. Pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos. Hoje afirmo isso com muita tranquilidade, mas minha experiência de vida foi marcada pelo incômodo de uma incompreensão fundamental. Não que eu buscasse respostas para tudo. Na maior parte da minha infância e adolescência, não tinha consciência de mim. Não sabia por que sentia vergonha de levantar a mão quando a professora fazia uma pergunta já supondo que eu não saberia a resposta. Por que eu ficava isolada na hora do recreio. Por que os meninos diziam na minha cara que não queriam formar par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sentia estranha e inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no automático, me esforçando para não ser notada.
Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?
O trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” (L.6) referida pela autora é:
“não que eu buscasse respostas para tudo” (L.6‐7).
“não tinha consciência de mim” (L.8).
“Por que eu ficava isolada na hora do recreio” (L.10‐11).
“me esforçando para não ser notada” (L.15).
“sentia vergonha de levantar a mão” (L.8‐9).