(FUVEST - 2023)
Leia o fragmento e responda à questão:
A história do gênero biografia nasceu de tal maneira colada à historiografia do XIX que, a princípio, nem ao menos recebeu nome ou alcunha. Afinal, ele resumia a própria disciplina. O modelo dessa forma de fazer história era aquele que consagrava ao profissional a capacidade de enaltecer e engrandecer aquele que seria biografado. Histórias de reis, príncipes, senadores e governantes eram as mais recomendadas, para todo aquele que quisesse dignificar seu personagem, mas também sua pátria e nacionalidade. No Brasil, o gênero foi amplamente praticado pelo Instituto Histórico e Geográfico que nasceu voltado ao enaltecimento do Império. Só se faziam estudos de grandes vultos, assim como era prática do estabelecimento fazer biografia dos “outros próceros” e dos da “casa”. Assim, ao lado das trajetórias de reis, rainhas, governadores gerais, literatos de fama, realizavam-se, no dia a dia da instituição, relatos biográficos sobre os sócios locais. Não por coincidência media-se a importância do associado, a partir da pessoa que realizava sua biografia. Isto é, quando um dos sócios falecia, dizia a regra local que era preciso realizar uma peça biográfica que seria impressa nas páginas da revista do estabelecimento. É muito fácil entender a economia interna da instituição que costumava avaliar a relevância do homenageado a partir da projeção e proeminência daquele que redigia a homenagem, a qual também era dirigida à instituição e à própria nação, como num jogo de dominó.
Lilia Moritz Schwarcz. “Biografia como gênero e problema”. 2013. Adaptado. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/002720404
a) Tendo em vista as informações sobre o gênero “biografia”, explique o sentido da expressão “jogo de dominó” no texto.
b) Considerando a função sintática da locução "a princípio” e da oração “quando um dos sócios falecia”, justifique a utilização das vírgulas.