[IME - 2020/2021 - 2ª fase - REDAÇÃO]
PRODUÇÃO DE TEXTO
"Na trama visível, dilacerada das grandes guerras contemporâneas, reconhecem-se apenas a paisagem cultural da guerra, as nervuras de sua representação dominante. Não se veem mais, e tanto melhor, colunas de soldados em centenas de milhares chegando ao futuro campo de batalha, dispondo-se em ordem para a batalha decisiva."
(GROS, Frédéric. Estados de violência: ensaio sobre o fim da guerra. Tradução de José Augusto da Silva. Aparecida, SP. Editora Ideias & Letras, 2009. p. 227. Texto adaptado).
"Não está completamente fora de contexto fazermos uma comparação entre uma zona de guerra, aquela onde ocorrem combates, com áreas atingidas por pandemias como a do Coronavírus ou COVID-19. Em uma guerra, os combatentes estão a mercê de serem atingidos, a qualquer momento, por disparos de um franco atirador, de morteiros, do fogo da artilharia inimiga, de bombardeios aéreos e de seus próprios companheiros, quer por erro de cálculo ou acidente."
(Woloszyn, André Luís. O que guerras e pandemias têm em comum. Disponível em: https://www.defesanet.com.br/pw/noticia/36136/Woloszyn---O-Que-Guerras-e-Pandemias-tem-em-Comum/. Acesso em 16/04/2020)
"Os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós. Houve no mundo tantas pestes quanto guerras. E contudo, as pestes, como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas (...) nossos concidadãos, a esse respeito, eram como todo mundo (...) não acreditavam nos flagelos. O flagelo não está à altura do homem (...). Continuavam a fazer negócios, preparavam viagens e tinham opiniões. Como poderiam ter pensado na peste, que suprime o futuro, os deslocamentos e as discussões? Julgavam-se livres, e nunca alguém será livre enquanto houver flagelos."
(CAMUS, Albert. A peste. Tradução de Valerie Rumjanek. Rio de Janeiro: Editora Record, 2017, p. 41)
Sabe-se que o mundo tem enfrentado graves problemas devido à propagação do novo coronavírus, o que tem evocado a memória dos flagelos da humanidade, que pareciam ter sido erradicados para sempre. Imersas em uma vida cotidiana marcada pela hiperatividade, excitação permanente e autopromoção digital, as pessoas foram obrigadas a suportar o isolamento, o medo da doença e do desemprego, a perda dos entes queridos, a interrupção drástica e prolongada de suas rotinas, de forma similar ao que aconteceria em um conflito armado de grandes proporções. Considerando a radicalidade da experiência da peste e da guerra, abordada nos excertos transcritos nesta prova, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: A luta contra a COVID-19: a pandemia vivida como guerra na sociedade contemporânea. Em sua escrita, atente para as seguintes considerações:
1. Privilegie a norma culta da língua portuguesa. Eventuais equívocos morfossintáticos, erros de regência, concordância, coesão e coerência, bem como desvios da grafia vigente e a não observância das regras de acentuação serão penalizados.
2. Seu texto deverá ter entre 25 (vinte e cinco) a 30(trinta) linhas escritas à tinta azul ou preta. A produção de texto DEVERÁ ser realizada no CADERNO DE SOLUÇÕES.
3. Não copie nem faça paráfrase de nenhuma parte dos textos apresentados neste exame, seja da prova de português ou da prova de inglês.