(ITA - 2010 - 1ª FASE)
No romance A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector, o narrador faz muitas observações acerca de Macabéa, tais como:
I. Há os que têm. E há os que não têm. É muito simples: a moça não tinha. Não tinha o quê? É apenas isso mesmo: não tinha.
II. Ela não pensava em Deus. Deus não pensava nela.
III. Vejo a nordestina se olhando no espelho e – um ruflar de tambor – no espelho aparece o meu rosto cansado e barbudo. Tanto nós nos intertrocamos.
IV. [...] ela era um acaso. [...] Pensando bem: quem não é um acaso na vida?
Tais frases nos permitem dizer que Macabéa provoca no narrador
um forte sentimento de piedade, provocado pela condição miserável em que ela vive.
um desejo imenso de acolhê-la em sua casa, ou de ajudá-la de alguma forma.
uma revolta diante do drama dos migrantes nordestinos no Sudeste, simbolizado por Macabéa.
sentimentos que ele mesmo não sabe definir, mas que têm a ver com a condição humana.
uma necessidade de escrever para tentar entendê-la, pois ele se identifica com ela.