(PUC-Campinas - 2004)
Preparando seu livro sobre o imperador Adriano, Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert esta frase: "Quando os deuses tinham deixado de existir e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem ficou sozinho". Os deuses pagãos nunca deixaram de existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o mundo, mas no breve momento de solidão flagrado por Flaubert o homem ocidental se viu livre da metafísica - e não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo que não domina e mal compreende, sem o apoio e o consolo de uma teologia, qualquer teologia?
(Luiz Fernando Veríssimo. Banquete com os deuses)
A compreensão do mundo por meio da religião é uma disposição que traduz o pensamento medieval, cujo pressuposto é
o antropocentrismo: a valorização do homem como centro do Universo e a crença no caráter divino da natureza humana.
a escolástica: a busca da salvação através do conhecimento da filosofia clássica e da assimilação do paganismo.
o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte da substância divina.
o positivismo: submissão do homem aos dogmas instituídos pela Igreja e não questionamento das leis divinas.
o teocentrismo: concepção predominante na produção intelectual e artística medieval, que considera Deus o centro do Universo.