(Uerj 2010)
Quinze anos depois do genocídio que vitimou mais de 800 mil pessoas, visitar Ruanda ainda é uma espécie de jogo de adivinhação – a cada rosto que passa tenta-se descobrir quem foi vítima e quem foi algoz na tragédia de 1994. O governo do país recorre à união do povo. O censo e as carteiras de identidade étnicas não existem mais, todos agora são apenas considerados ruandeses. O esforço do presidente Paul Kagame em evitar um novo conflito é tão grande que chamar alguém de “tutsi” ou “hutu” de maneira ofensiva é crime, com pena que pode chegar a 14 anos. (Marta REIS)
A presença do trauma do genocídio é o principal problema social de Ruanda, maior inclusive que a pobreza. Tratar esse trauma coletivo devia ser prioridade número um, e não transformá-lo num tabu. A política do governo é a do esquecimento por lei, por obrigação. Errada é a vitimização do genocídio, pois existe uma história de conflitos anterior e posterior ao massacre. (Marcio GAGLIATO)
A polêmica sobre os efeitos do genocídio de Ruanda, ocorrido em 1994, aponta para contradições dos processos de constituição de Estados nacionais na África contemporânea.
Com base na análise dos textos, a resolução dessas contradições estaria relacionada à adoção das seguintes medidas:
conciliação político-religiosa – afirmação das identidades locais
punição das diferenças culturais – unificação da memória nacional
denúncia da dominação colonial – integração ao mundo globalizado
reforço do pertencimento nacional – revisão das heranças da descolonização