(UERJ - 2014) Os usos da casimira inglesa Estou lhe escrevendo, Matilda, para lhe transmitir aquilo que a contrariedade (para no falar indignao) me impediu de dizer de viva voz. Note, a primeira vez que isso acontece nos nossos 35 anos de casados, mas primeira vez que pode tambm ser a ltima. No ameaa. constatao. Estou profundamente magoado com sua atitude e no sei se me recuperarei. Tudo por causa de sua teimosia. Voc insiste, contra todas as minhas ponderaes, em dar a seu pai um corte de casimira inglesa como presente de aniversrio. Eu j sei o que voc vai me dizer: seu pai, voc gosta dele, quer homenage-lo. Mas, com casimira, Matilda. Com casimira inglesa, Matilda. Que horror, Matilda. Raciocinemos, Matilda. Casimira inglesa, voc sabe o que isso? A l dos melhores ovinos, Matilda. A tecnologia de um pas que, afinal, deu ao mundo a Revoluo Industrial. O trabalho de competentes funcionrios. E sobretudo tradio, a qualidade. Esse o tecido que est em questo, Matilda. A casimira inglesa. (...) Isso, a casimira inglesa. Agora, seu pai. Ele est fazendo noventa anos. uma idade respeitvel, e no so muitos que chegam l, mas quanto tempo ele pode ainda viver? (...) mesmo que ele viva dez anos, mesmo que ele viva vinte anos, a casimira sem dvida durar mais. A, depois que o sepultarmos, depois que voltarmos do cemitrio, depois que recebermos os psames dos parentes, e dos amigos, e dos conhecidos, teremos de decidir o que fazer com as coisas dele, que so poucas e sem valor exceo de um casaco confeccionado com o corte de casimira que voc pretende lhe dar. Voc, em lgrimas, dir que no quer discutir o assunto, mas eu terei que insistir, at para o seu bem, Matilda; os mortos esto mortos, os vivos precisam continuar a viver, eu direi. Algumas hipteses sero levantadas. Vender? Voc dir que no; seu pai, o velho fazendeiro, verdade que arruinado, despreza coisas como comprar e vender, ele acha que ser lojista, como eu, a suprema degradao. Dar? A quem? A um pobre? Mas no, ele sempre detestou pobres, Matilda, voc lembra a frase caracterstica de seu pai: tem que matar esses vagabundos. O casaco ficaria pendurado em nosso roupeiro, Matilda. Ficaria pendurado muito tempo l. A no ser, Matilda, que seu pai dure mais tempo que o casaco. No apenas isso impossvel, como remete a uma outra interrogao: e o seguro de vida dele, Matilda? E as joias de sua me, que ele guarda debaixo do colcho? Quanto tempo ainda terei de esperar? Estou partindo Matilda. Deixo o meu endereo. Como voc v, estou indo para longe, para uma pequena praia da Bahia. Trpico, Matilda. L ningum usa casimira. Moacyr Scliar, Contos reunidos. So Paulo: Cia. das Letras, 1995. O conto de Moacyr Scliar adota a forma de uma carta, gnero que tem convenes especficas. Uma das marcas que permitem associar esse texto a uma carta a presena de:
(UERJ 2014/1) O tempo em que o mundo tinha a nossa idade 5Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos improvisos.1As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe apagava a boca antes do desfecho.9Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso.6Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita.10Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas. Parece que os insectos gostavam do suor docicado do velho Taímo.7Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele. Chiças: transpiro mais que palmeira! Proferia tontices enquanto ia acordando.8Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a nós, incomodado por lhe dedicarmos cuidados. 2Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como dormia fora, nem dávamos conta. Minha mãe, manhã seguinte, é que nos convocava: Venham: papá teve um sonho! 3E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham sido reveladas. Taímo recebia notícia do futuro por via dos antepassados. Dizia tantas previsões que nem havia tempo de provar nenhuma. Eu me perguntava sobre a verdade daquelas visões do velho, estorinhador como ele era. Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos. E assim seguia nossa criancice, tempos afora.4Nesses anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável.11Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. (...) Mia Couto Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007. Este texto é uma narrativa ficcional que se refere à própria ficção, o que caracteriza uma espéciede metalinguagem. A metalinguagem está melhor explicitada no seguinte trecho:
UERJ 2014 Nos quadrinhos acima fica evidenciado, de forma irnica, o conflito entre duas concepes sobre a relao entre demografia e pobreza: a neomalthusiana e a dos crticos a essa teoria. Essas concepes se caracterizam, respectivamente, pela adoo dos seguintes fundamentos:
(UERJ - 2014) Uma das contradies que afetam as sociedades africanas a no correspondncia entre as fronteiras territoriais dos diversos Estados-nacionais e as divises entre grupos tnicos locais, como se observa no mapa abaixo: Na maioria dos pases africanos, essa contradio provoca, principalmente, o seguinte efeito:
Em um longo trecho retilneo de uma estrada, um automvel se desloca a 80 km/h e um caminho a 60 km/h, ambos no mesmo sentido e em movimento uniforme. Em determinado instante, o automvel encontra-se 60 km atrs do caminho. O intervalo de tempo, em horas, necessrio para que o automvel alcance o caminho cerca de:
(Uerj 2014) A Declarao Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) conta hoje com a adeso da maioria dos estados-nacionais. O contedo desse documento, no entanto, permanece como um ideal a ser alcanado. Observe o que est disposto em seu artigo XV: 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ningum ser arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. portal.mj.gov.br Desde a dcada de 1960, em virtude de conflitos, o direito expresso nesse artigo vem sendo sonegado maior parte da populao pertencente ao seguinte povo e respectivo recorte espacial:
(UERJ 2014) O conjunto de elementos qumicos englobados no grupo 3 e no bloco f da tabela de classificao peridica dos elementos, com exceo dos actindeos, denominado metais terras raras. Esses metais so encontrados comumente na forma de xidos, sendo o carter inico dos xidos diretamente proporcional ao raio atmico do metal. O metal terra rara componente do xido de maior carter inico possui o seguinte smbolo:
(UERJ 2014) Lipases são enzimas relacionadas à digestão dos lipídios, nutrientes que, em excesso, levam ao aumento da massa corporal. Certos medicamentos para combate à obesidade agem inibindo essas enzimas. Assim, como não há digestão de parte da gordura ingerida, há menor absorção desses nutrientes, contribuindo para o controle do peso. Com base nessas informações, conclui-se que tais medicamentos agem principalmente sobre as enzimas produzidas pelo seguinte órgão:
(UERJ 2014) As caractersticas abaixo so referentes aos processos de replicao, transcrio e traduo, que ocorrem em seres vivos. I. A sntese de protenas tem incio antes mesmo do trmino da transcrio. II. A grande maioria dos genes contm ntrons, retirados antes da traduo. III. A sntese de protenas sempre ocorre em ribossomos livres no citoplasma. IV. O processo de replicao possui uma nica origem. As caractersticas I, II, III e IV esto associadas, respectivamente, aos organismos indicados em:
(UERJ -2014) A assinatura da Lei urea, em 13 de maio de 1888, reuniu uma multido em frente ao Pao Imperial, no Rio de Janeiro. Essa ideia de que as pessoas saram correndo e comemorando, isso lenda. Depois do 13 de maio, meu bisav e a maioria dos escravos continuaram vivendo onde trabalhavam. Registros histricos mostram que alguns receberam um pedao de terra para plantar. Mas poucos passaram a ganhar ordenado, e houve quem recebesse uma porcentagem do caf que plantava e colhia conta o historiador Robson Lus Machado Martins, que pesquisa a histria de sua famlia, e a do Brasil, desde a dcada de 1990. (Adaptado de O Globo, 12/05/2013.) A fotografia e a reportagem registram aspectos particulares sobre os significados da abolio, os quais podem ser associados aos seguintes fatores do contexto da poca:
(UERJ 2014) Células-tronco são células não especializadas que têm potencial de diferenciação, ou seja, em condições favoráveis, são capazes de gerar células especializadas e de diferentes tecidos. Para que essa diferenciação ocorra, as células-tronco têm de alterar necessariamente o seguinte padrão do seu metabolismo:
(UERJ 2014/1) O tempo em que o mundo tinha a nossa idade 5Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos improvisos.1As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe apagava a boca antes do desfecho.9Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso.6Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita.10Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas. Parece que os insectos gostavam do suor docicado do velho Taímo.7Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele. Chiças: transpiro mais que palmeira! Proferia tontices enquanto ia acordando.8Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a nós, incomodado por lhe dedicarmos cuidados. 2Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como dormia fora, nem dávamos conta. Minha mãe, manhã seguinte, é que nos convocava: Venham: papá teve um sonho! 3E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham sido reveladas. Taímo recebia notícia do futuro por via dos antepassados. Dizia tantas previsões que nem havia tempo de provar nenhuma. Eu me perguntava sobre a verdade daquelas visões do velho, estorinhador como ele era. Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos. E assim seguia nossa criancice, tempos afora.4Nesses anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo inexplicável.11Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois mundos. (...) Mia Couto Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007 Um elemento importante na organização do texto é o uso de algumas personificações.Uma dessas personificações encontra-se em:
(Uerj 2014) Um feirante vende ovos brancos e vermelhos. Em janeiro de um determinado ano, do total de vendas realizadas, 50% foram de ovos brancos e os outros 50% de ovos vermelhos. Nos meses seguintes, o feirante constatou que, a cada mês, as vendas de ovos brancos reduziram-se 10% e as de ovos vermelhos aumentaram 20%, sempre em relação ao mês anterior. Ao final do mês de março desse mesmo ano, o percentual de vendas de ovos vermelhos, em relação ao número total de ovos vendidos em março, foi igual a:
(UERJ 2014) Cientistas podem ter encontrado o bson de Higgs, a partcula de Deus Os cientistas ainda precisam confirmar que a partcula que encontraram se trata, de fato, do bson de Higgs. Ela ganhou o apelido de partcula de Deus por ser considerada crucial para compreender a formao do universo, j que pode explicar como as partculas ganham massa. Sem isso, nenhuma matria, como as estrelas, os planetas e at os seres humanos, existiria. Adaptado de g1.globo.com, 04/07/2012. O bson de Higgs, apesar de ser uma partcula fundamental da natureza, tem massa da ordem de 126 vezes maior que a do prton, sendo, portanto, mais pesada do que a maioria dos elementos qumicos naturais. O smbolo do elemento qumico cuja massa cerca de metade da massa desse bson :
(UERJ - 2014) Em 25 de junho de 1950, tropas da Coreia do Norte ultrapassaram o Paralelo 38, que delimitava a fronteira com a Coreia do Sul. Com a aprovao do Conselho de Segurana da ONU, quinze pases enviaram tropas em defesa da Coreia do Sul, comandadas pelo general norte-americano Douglas MacArthur. Aps trs anos de combate, foi assinado um armistcio em 27 de julho de 1953, mantendo a diviso entre as Coreias. Adaptado de cpdoc.fgv.br. O governo norte-coreano anunciou recentemente que no mais reconheceria o armistcio assinado em 1953, o que trouxe novamente ao debate o episdio da Guerra da Coreia. O fator que explica a dimenso assumida por essa guerra na dcada de 1950 est apresentado em: