(UFPR - 2023) O texto a seguir é referência para as questões 37 a 41.
O tédio profundo
1 O excesso de positividade se manifesta também como excesso de estímulos, informações e impulsos. Modifica radicalmente a
2 estrutura e economia da atenção. Com isso se fragmenta e destrói a atenção. Também a crescente sobrecarga de trabalho torna
3 necessária uma técnica específica relacionada ao tempo e à atenção, que tem efeitos novamente na estrutura da atenção. A técnica
4 temporal e de atenção multitasking (multitarefa) não representa nenhum progresso civilizatório. A multitarefa não é uma capacidade
5 para a qual só seria capaz o homem na sociedade trabalhista e de informação pós-moderna. Trata-se antes de um retrocesso. A
6 multitarefa está amplamente disseminada entre os animais em estado selvagem. Trata-se de uma técnica de atenção, indispensável
7 para sobreviver na vida selvagem.
8 Um animal ocupado no exercício da mastigação de sua comida tem de ocupar-se ao mesmo tempo com outras atividades. Deve
9 cuidar para que, ao comer, ele próprio não acabe comido. Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção em
10 diversas atividades. Por isso, não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem para comer, nem no copular. O animal não
11 pode mergulhar contemplativamente no que tem diante de si, pois tem de elaborar ao mesmo tempo o que tem atrás de si. Não
12 apenas a multitarefa, mas também atividades como jogos de computador geram uma atenção ampla, mas rasa, que se assemelha
13 à atenção de um animal selvagem. As mais recentes evoluções sociais e a mudança de estrutura da atenção aproximam cada vez
14 mais a sociedade humana da vida selvagem.
(Extraído e Adaptado de: HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. p. 31-32.)
No excerto O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante de si, pois tem de elaborar ao mesmo tempo o que tem atrás de si, é correto afirmar, a respeito das expressões grifadas, que no texto:
ambas apresentam sentido metafórico.
ambas funcionam como complemento verbal.
a primeira funciona como complemento verbal e a segunda, como circunstância de lugar
a primeira exprime ação e a segunda, posse.
na primeira o sentido é metafórico e na segunda, denotativo.