(UFRGS - 2007)
Leia o seguinte soneto de Gregório de Matos.
Largo em sentir, em respirar sucinto,
Peno, e calo, tão fino, e tão lento,
Que fazendo disfarce do tormento,
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.
O mal, que fora encubro, ou me desminto,
Dentro no coração é que o sustento:
Com que, para penar é sentimento,
Para não se entender, é labirinto.
Ninguém sufoca a voz nos seus retiros;
Da tempestade é o estrondo efeito:
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros.
Mas oh do meu segredo alto conceito!
Pois não chegam a vir à boca os tiros
Dos combates que vão dentro no peito.
Considere as seguintes afirmações.
I - O poema é um exemplo da poesia satírica de Gregório de Matos, a qual lhe valeu a alcunha de "Boca do Inferno", por escarnecer de pessoas, situações e costumes de seu tempo.
II - Na segunda estrofe, o poema expressa a oposição entre essência e aparência, sustentando que o sofrimento é ocultado aos olhos do mundo.
III - Segundo as duas últimas estrofes do poema, a opção pelo silêncio com relação à dor e às angústias internas contrapõe-se aos ruídos da natureza.
Quais estão corretas?
Apenas I.
Apenas II.
Apenas I e II.
Apenas II e III.
I, II e III.