(UFU 2014 - meio do ano)No mundo dos séculos XII e XIII, o setor de produção é essencialmente agrícola e inscreve-se no contexto do modo de produção feudal. Esse modo de produção baseia-se na exploração da terra por camponeses submetidos a um senhor. O senhor vive da renda feudal que os camponeses lhe entregam, seja em produtos, seja em dinheiro. Com o dinheiro dos censos dos camponeses e a venda dos produtos da terra, o senhor adquire os bens de que tem necessidade e que aumentam durante o período em função do custo crescente do equipamento militar e da totalidade das despesas necessárias à vida nobre. O camponês, por sua vez, para pagar a parte monetária de censos ao seu senhor e obter o mínimo de bens de que precisa e que ele não produz, compra e vende, também ele, no mercado. LE GOFF, Jacques. O apogeu da cidade medieval. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p.55, (adaptado) Durante muito tempo, a historiografia considerou que a revolução comercial e burguesa, iniciada já no século XI, constituía, desde logo, um fenômeno radicalmente alheio à lógica do feudalismo e levava à justaposição de dois sistemas econômicos e culturais distintos. Porém, análises como a de Jacques Le Goff indicam que o desenvolvimento urbano e comercial
(UFU 2014 - meio do ano) TEXTO 1 TEXTO 2 Acto Colonial Artigo 1. A Constituição Política da República, em todas as disposições que por sua natureza não se refiram exclusivamente à metrópole, é aplicável às colônias, com os preceitos dos artigos seguintes. Artigo 2. É de essência orgânica da Nação Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que neles se compreendam, exercendo também influência moral que lhes é adstrita pelo Padroado do Oriente. Artigo 3. Os domínios ultramarinos de Portugal denominam-se colônias e constituem o Império Colonial Português. Acto Colonial, Diário do Governo, 8 de julho de 1930, p.1309. Espécie de Constituição para os territórios ultramarinos, contendo entre outras medidas o Estatuto do Indígena, o Acto Colonial foi instituído por Salazar, então ministro das Colônias, em julho de 1930. Em um momento de ascensão do fascismo na Europa e em Portugal, a criação do Acto Colonial, associado a representações cartográficas tais como a intitulada Portugal não é um país pequeno, indicam
(UFU 2014 - meio do ano)A Lei de Terras decretada no Brasil em 1850 proibia a aquisição de terras públicas através de qualquer outro meio que não fosse a compra, colocando um fim às formas tradicionais de adquirir terras mediante posses e mediante doações da Coroa [...] Os produtos da venda das terras públicas e das taxas de registro das propriedades seriam empregados exclusivamente para a demarcação das terras públicas e para a importação de colonos livres. Criou-se um serviço burocrático encarregado de controlar a terra pública e de promover a colonização: a Repartição Geral das Terras Públicas COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 7 ed., São Paulo: Editora da Unesp, 1999, p. 171 O projeto da lei de terras no Brasil foi inicialmente debatido no Conselho de Estado em 1842, teve sua tramitação ocorrida na Câmara dos Deputados em 1843, sendo aprovado no Senado em 18 de Setembro de 1850. A cronologia da criação da Lei de Terras no Brasil
(UFU 2014 - meio do ano)A Guerra de 1914-18 dará grande impulso à indústria brasileira. No primeiro censo posterior à guerra, realizado em 1920, os estabelecimentos industriais arrolados, somaram 13.336, com 1.818.156 contos de capital e 275.512 operários. Destes estabelecimentos, 5.936 tinham sido fundados no quinquênio 1915-19, o que revela claramente a influência da guerra. Quanto ao caráter desta indústria recenseada em 1920, a modificação mais sensível será a transferência para o primeiro lugar das indústrias de alimentação, que passam de 26,7% da produção em 1907, para 40,2% em 1920. PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do Brasil. 12 ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1970, p. 261. (adaptado) Entre a primitiva indústria artesanal da colônia e a moderna maquinofatura, Caio Prado Júnior fala de um grande hiato que se estendeu por boa parte do período Imperial. Foi somente a partir da última década do século XIX que o país viu crescer o número de indústrias, sendo que durante a Primeira Guerra ocorreu a
(UFU 2014 - meio do ano)Em comparação com o governo de Vargas e os meses que se seguiram ao suicídio do presidente, os anos JK podem ser considerados de estabilidade política e de relativa democracia. Mais do que isso, foram anos de otimismo, embalados por altos índices de crescimento econômico, pelo sonho realizado da construção de Brasília. Os cinquenta anos em cinco da propaganda oficial, com seu ambicioso Programa de Metas, abrangendo várias áreas da economia nacional, incentivando a construção de grandes obras públicas, que repercutiram positivamente em amplas camadas da população FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998, p. 422. (Adaptado) Esse período de grande otimismo vivenciado no Brasil na segunda metade dos anos de 1950, apresentado no fragmento de texto acima, está relacionado
(UFU 2014 - meio do ano)Pouco antes de a Guerra Civil quase dividir os EUA em dois, o Exrcito imperial da Rssia enfrentou os Exrcitos aliados da Gr-Bretanha, Frana e Imprio Otomano nos campos de batalha da Pennsula da Crimeia, naquela que se tornou a primeira guerra moderna. Os campos de batalha da Crimeia testemunharam um terrvel fato: 25 mil britnicos, 100 mil franceses e um milho de russos morreram. A carnificina s no foi maior porque os avanos na rea militar no haviam chegado para todas as partes do conflito. Este confronto tambm foi o primeiro a ser coberto em tempo real pelos jornalistas, que enviavam suas informaes por telgrafo para Londres, Berlim e Paris. E as notcias no chegavam apenas em palavras, mas tambm em imagens pelas fotografias de Roger Fenton. Hoje, a Crimeia, pennsula ao sul da Ucrnia, retorna ao noticirio. GROLL, Elias; FRANKEL, Rebecca. Era uma vez a Guerra da Crimeia. Jornal Estado de So Paulo. Disponvel em:. Acesso em: 18 mar. 2014. (Adaptado) A Guerra da Crimeia, ocorrida entre os anos de 1854 e 1856, marca o momento de tenses e mudanas internas dentro do sistema de relaes internacionais entre as grandes potncias europeias, acentuadas nos Blcs e no Oriente a partir do desmembramento do imprio turco-otomano. Sua definio enquanto guerra moderna deriva, entre outras coisas,
(UFU - 2014)Senhores Membros do Congresso Nacional: O amadurecimento da democracia brasileira est a exigir que as nossas instituies polticas se fundem na maioria do povo e que o corpo eleitoral, raiz da legitimidade de todos os mandatos, seja a prpria Nao. A Constituio de 1946, entre outros privilgios, consagrou, no campo eleitoral, normas discriminatrias que j no podem ser mantidas, em razo da justa revolta que provocam e da limitao numrica dos quadros eleitorais. Disponvel em:http://www.institutojoaogoulart.org.br/upload/conteudos/120128180216_joao_goulart_mensag em_ao_co.pdf .Acesso 16 mar. 2014. O trecho acima foi retirado da mensagem que o presidente Joo Goulart encaminhou ao Congresso Nacional na abertura do ano legislativo de 1964, em que anuncia suas reformas de base. Entre as suas propostas estava a ampliao do direito ao voto
(UFU - 2014)Aps a primeira onda revolucionria, em 1640, o Parlamento parecia haver triunfado sobre o rei, e a pequena nobreza e os grandes comerciantes que tinham apoiado a causa parlamentar durante a guerra civil esperavam reconstruir as instituies da sociedade segundo os seus prprios desejos e impor os seus valores. Anos depois, em 1688, aps novos conflitos, vencia um projeto poltico baseado na soberania parlamentar, na monarquia limitada, poltica externa imperialista, em suma, um mundo seguro e lucrativo para os homens de negcio. Aps os conflitos, em finais do sculo XVII, saam vitoriosos os sagrados direitos de propriedade (com a abolio dos ttulos feudais sobre a terra e o fim da taxao arbitrria) e a ideologia da tica protestante. HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabea. So Paulo: Companhia das Letras, 1987, pp.31-32, (adaptado). Os eventos apontados acima, no texto de Christopher Hill, e que foram de fundamental importncia para o desenvolvimento do capitalismo no mundo Ocidental, so chamados de:
(UFU - 2014)Em agosto de 1963, o pastor Martin Luther King Jr. fez um discurso histrico. Combatendo o racismo da sociedade norte-americana, ele usou uma imagem interessante para definir o episdio da Declarao de Independncia dos Estados Unidos, de 1776: uma espcie de cheque a ser descontado pelas geraes futuras do pas. Explicou que o cheque, levado ao banco por mos negras, voltou com a marca fundos insuficientes. O discurso foi um protesto contra este estelionato, pois os afrodescendentes ainda lutavam por seu 4 de julho, 187 anos depois da ruptura com a Inglaterra. Em defesa do voto feminino, mulheres recorreram a argumentos semelhantes, assim como os conservadores do sculo XXI do Tea Party invocam o esprito da Independncia ao proclamar suas ideias e projetos. KARNAL, LEANDRO. Sonhando com o inimigo. Revista de Histria da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. Edio 74. Novembro 2011, p. 64, adaptado Em 1776, a realidade das 13 colnias era de profunda variedade religiosa, econmica e social e no havia nada prximo de um pas. Feita a independncia, sobre enorme diversidade, restava o desafio de construir uma nao, produzindo smbolos e significados para sua unidade. O discurso de Martin Luther King e de outras minorias, bem como o de grupos republicanos conservadores como o Tea Party, indicam que existe nos EUA uma
(UFU - 2014)Entre os anos de 1789 e 1801, as autoridades de Lisboa viram-se diante de problemas sem precedentes. De vrias regies da sua colnia americana chegavam notcias de desafeio ao Trono, o que era sobremaneira grave. A preocupante novidade residia no fato de que os objetos das manifestaes de desagrado, frequentes desde os primeiros sculos da colonizao, deslocava-se, nitidamente, de aspectos particulares de aes do governo para o plano mais geral da organizao do Estado. O que se percebe, agora, nos transbordamentos da fronteira da legalidade estrita, que a prpria forma de organizao do poder se torna o alvo das crticas, e a sua substituio por outra afirma-se como o objetivo que move os homens. JANCS, Istvn. A seduo da liberdade: cotidiano e contestao poltica no final do sculo XVIII.In: SOUZA, Laura de Mello e. Histria da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na Amrica portuguesa. So Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.388-389 (adaptado) Ao analisar os eventos ocorridos na Amrica portuguesa no final do sculo XVIII, os historiadores buscam integr-los ao quadro geral de transformaes pelas quais passava o Imprio luso. Assim as desafeies ao Trono