(UFU - 2014 - Meio do ano)
Cantiga de Amor
Mulheres neste mundo de meu Deus
Tenho visto muitas — grandes, pequenas,
Ruivas, castanhas, brancas e morenas.
E amei-as, por mal dos pecados meus!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!
Andei por São Paulo e pelo Ceará
(Não falo em Pernambuco, onde nasci)
Bahia, Minas, Belém do Pará...
De muito olhar de mulher já sofri!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!
Atravessei o mar e, no estrangeiro,
Em Paris, Basiléia e nos Grisões,
Lugano, Gênova por derradeiro,
Vi mulheres de todas as nações.
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!
Mulher bonita não falta, ai de mim!
Nenhuma, porém, tão bonita assim!
BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1996.p.418-419.
Em relação aos elementos constitutivos do poema, é correto afirmar que Manuel Bandeira
aproxima-se, nessa redondilha menor, dos trovadores medievais, os quais cantavam os fenômenos da natureza, fazendo uso do refrão para evocar as suas amadas.
aproxima-se, nessa redondilha maior, permeada de refrão ou estribilho, dos trovadores medievais, os quais elogiavam a mulher amada nas cantigas de amor e de amigo.
emprega, tal qual os trovadores medievais, o recurso sonoro do refrão, promovendo tanto o efeito melódico como a memorização
faz uso, tal qual os trovadores medievais, do estribilho e do refrão para evocar de forma sigilosa o nome da amada, já que geralmente ela era uma mulher casada.