(UFU - 2017 - 1ª FASE)
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre coisas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase coisa alguma.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. São Paulo: Ática, 2011. p. 125.
Em suas entrelinhas, o trecho apresenta a dualidade “cidade” e subúrbio. Levando-se isso em conta, o fragmento
reforça a crítica à condição do suburbano
revela o desejo de ascensão do suburbano.
indica a educação como quesito para uma cisão social.
ratifica a necessidade de separação física dos dois locais