(UNESP - 2011 - 1ª FASE)
(...) “Confeitaria do Custódio”. Muita gente certamente lhe não conhecia a casa por outra designação. Um nome, o próprio nome do dono, não tinha significação política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada que chamasse a atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus pastéis de Santa Clara, menos ainda a vida do proprietário e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma coisa com a troca de uma palavra por outra, Custódio em vez de Império, mas as revoluções trazem sempre despesas.
(Machado de Assis. Esaú e Jacó. Obra completa, 1904.)
O fragmento, extraído do romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, narra a desventura de Custódio, dono de uma confeitaria no Rio de Janeiro, que, às vésperas da proclamação da República, mandou fazer uma placa com o nome “Confeitaria do Império” e agora temia desagradar ao novo regime. A ironia com que as dúvidas de Custódio são narradas representa o
desconsolo popular com o fim da monarquia e a queda do imperador, uma personagem política idolatrada.
respaldo da sociedade com que a proclamação da República contou e que a transformou numa revolução social.
alheamento de parte da sociedade brasileira diante do conteúdo ideológico da mudança política.
reconhecimento, pelos cidadãos brasileiros, da ampliação dos direitos de cidadania trazidos pela República.
impacto profundo da transformação política no cotidiano da população, que imediatamente apoiou o novo regime.