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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(UNESP - 2011/2 - 2 FASE) A questo toma por base o

(UNESP - 2011/2 - 2ª FASE) A questão toma por base o poema Livros, do parnasiano brasileiro Afonso Celso (1860-1938) e uma passagem do livro Elementos de bibliogia, do filólogo e lexicógrafo brasileiro Antonio Houaiss (1915-1999).

Livros


De livros mil vivo cercado,
Dias e noites passo a ler,
Mas, francamente, o resultado
Coisa não é de agradecer.

 

Nenhum me dá – paz e conforto,
Nenhum me diz se eu amanhã
Vivo estarei ou se, já morto,
Terá cessado o meu afã.

 

Nada afinal sabeis ao certo
Sobre das almas o tropel...
Do vosso cume vê-se perto,
Chatas montanhas de papel.

 

Vãs pretensões! Orgulho fofo!
Do ser mesquinho que voz fez
Tendes o mesmo vil estofo,
Tendes a mesma pequenez.

 

Cada vez mais, debalde, avulta
Vossa maré... Tudo invadis;
Mas não tornais quem vos consulta
Nem menos mau, nem mais feliz.

 

Que um cataclismo vos destrua,
Mal não fará... Sem o sentir,
Serena a vida continua:
Lutar, sofrer, sonhar, mentir.

(Afonso Celso. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro: H. Garnier Livreiro-Editor, 1904, p. 03-04. Adaptado.)


O livro e a documentação

Nas condições do atual desenvolvimento histórico da humanidade, o conhecimento de primeira mão não pode progredir sem o de segunda mão. Conhecimento de primeira mão é o decorrente, digamos assim, da integração do homem na natureza, para dela haurir continuidade específica e felicidade individual; essa integração, para consolidar-se, foi condicionada pela e condicionou a comunicação verbal, implicadora do conhecimento de segunda mão, a linguagem, no que ela encerra de transmissão cognitiva.Esse conhecimento de segunda mão multiplicou de importância a partir do momento em que o homem pôde mantê-lo em conserva, graficamente, para uso de seus contemporâneos e de seus pósteros. A noosfera, gerando a grafosfera, aumentou os poderes e potências do homem. E hoje a matéria mentada e em conserva gráfica é tão imensa e se renova em ritmo tão intenso, que um dos mais graves problemas da civilização e da cultura humanas é conseguir torná-la relativamente acessível a quantos queiram ou possam acrescentar seu esforço ao herdado das gerações anteriores, na luta pelo aumento do saber, vale dizer, do conhecer, vale dizer, do fazer, vale dizer, do conhecer-fazer-conhecer-fazer, vale dizer, da perpetuação específica e da felicidade individual. Uma “documentação ativa” é condição e imperativo, nesta altura, do progresso. Forma privilegiada da mensagem gráfica, o livro se insere, necessariamente, na documentação, como um dos meios específicos mais poderosos e eficazes da mesma documentação; mas não apenas o livro, é óbvio, senão que quantas coisas realizadas, executadas, interpretadas, achadas, ordenadas, nominadas pelo homem.

(Antonio Houaiss. Elementos de bibliologia. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1967, vol II, p. 36-37.)

 

Ao demonstrar a utilidade dos livros, Houaiss estabelece dois conceitos: conhecimento de primeira mão e conhecimento de segunda mão. Releia o texto e explique a diferença entre esses dois conceitos.