(UNESP - 2012/2 - 1a fase) Instruo: As questes tomam por base uma reportagem de Antnio Gois publicada em 03.02.2012 pelo jornal Folha de S.Paulo. Laptop de aluno de escola pblica tem problemas Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municpios, esbarrou em problemas de coordenao, capacitao de professores e adequao de infraestrutura. O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas pblicas. s cidades foram prometidas infraestrutura para acesso internet e capacitao de gestores e professores. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais pblicos. A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no incio, mas, um ano depois, 70% relataram noter contado com apoio para resolver problemas tcnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedaggicas. Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de tcnicos que soubessem consert-los. Alm disso, um quinto dos docentes ainda no havia recebido capacitao, e as escolas no tinham incorporado o programa em seus projetos pedaggicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domnio de informtica. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Ceclia do Pavo (PR), So Joo da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo no deram entrevista. [...] o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municpios, esbarrou em problemas de coordenao, capacitao de professores e adequao de infraestrutura. Observe as seguintes tentativas de substituir esbarrou em nesta passagem. I. foi de encontro a. II. defrontou-se com. III. resolveu. IV. eliminou. As substituies que no alteram substancialmente o sentido da frase esto contidas em
(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir: A literatura em perigo A anlise das obras feita na escola no deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recm-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele terico da literatura, quando, ento, os textos so apresentados como uma aplicao da lngua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como j o disse, essa ideia no estranha a uma boa parte do prprio mundo do ensino; mas necessrio passar das ideias ao. Num relatrio estabelecido pela Associao dos Professores de Letras, podemos ler: O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relao consigo mesmo e com o mundo, e sua relao com os outros. Mais exatamente, o estudo da obra remete a crculos concntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos efetivamente dado pela prpria existncia humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexo dessa dimenso. O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os mtodos so bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...) (...) (...) Sendo o objeto da literatura a prpria condio humana, aquele que a l e a compreende se tornar no um especialista em anlise literria, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introduo compreenso das paixes e dos comportamentos humanos do que uma imerso na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa h milnios? E, de imediato: que melhor preparao pode haver para todas as profisses baseadas nas relaes humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seuensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de cincias polticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o socilogo? Ter como professores Shakespeare e Sfocles, Dostoievski e Proust no tirar proveito de um ensino excepcional? E no se v que mesmo um futuro mdico, para exercer o seu ofcio, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatrios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literrios encontrariam o seu lugar no corao das humanidades, ao lado da histria dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de aes polticas quanto de mutaes sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivduos. Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literrio, o qual no serviria mais unicamente reproduo dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o esprito que o deve conduzir: necessrio incluir as obras no grande dilogo entre os homens, iniciado desde a noite dostempos e do qual cada um de ns, por mais nfimo que seja, ainda participa. nessa comunicao inesgotvel, vitoriosa do espao e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura, escrevia Paul Bnichou. A ns, adultos, nos cabe transmitir s novas geraes essa herana frgil, essas palavras que ajudam a viver melhor. (Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.) Observe as seguintes opinies referentes ao ensino de literatura. I. O estudo de obras literrias na escola tem como objetivo fundamental ensinar os fundamentos da Lingustica. II. A anlise das obras feita na escola deve levar o estudante a ter acesso ao sentido dessas obras. III. O objetivo do ensino da literatura na escola no formar tericos da literatura. IV. De nada adianta a leitura das obras literrias sem a prvia fundamentao das teorias literrias. Das quatro opinies, as que se enquadram na argumentao manifestada por Todorov em seu texto esto contidas apenas em:
(UNESP - 2012/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma reportagem de Antnio Gois publicada em 03.02.2012 pelo jornal Folha de S.Paulo. Laptop de aluno de escola pblica tem problemas Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municpios, esbarrou em problemas de coordenao, capacitao de professores e adequao de infraestrutura. O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas pblicas. s cidades foram prometidas infraestrutura para acesso internet e capacitao de gestores e professores. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais pblicos. A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no incio, mas, um ano depois, 70% relataram noter contado com apoio para resolver problemas tcnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedaggicas. Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de tcnicos que soubessem consert-los. Alm disso, um quinto dos docentes ainda no havia recebido capacitao, e as escolas no tinham incorporado o programa em seus projetos pedaggicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domnio de informtica. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Ceclia do Pavo (PR), So Joo da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo no deram entrevista. Os autores do estudo no deram entrevista. Considerando que praxe no jornalismo entrevistar o autor ou os autores de livros ou artigos comentados, o jornalista, ao fechar a notcia com a frase mencionada, busca deixar claro que
(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir: A literatura em perigo A anlise das obras feita na escola no deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recm-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele terico da literatura, quando, ento, os textos so apresentados como uma aplicao da lngua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como j o disse, essa ideia no estranha a uma boa parte do prprio mundo do ensino; mas necessrio passar das ideias ao. Num relatrio estabelecido pela Associao dos Professores de Letras, podemos ler: O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relao consigo mesmo e com o mundo, e sua relao com os outros. Mais exatamente, o estudo da obra remete a crculos concntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos efetivamente dado pela prpria existncia humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexo dessa dimenso. O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os mtodos so bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...) (...) (...) Sendo o objeto da literatura a prpria condio humana, aquele que a l e a compreende se tornar no um especialista em anlise literria, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introduo compreenso das paixes e dos comportamentos humanos do que uma imerso na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa h milnios? E, de imediato: que melhor preparao pode haver para todas as profisses baseadas nas relaes humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seuensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de cincias polticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o socilogo? Ter como professores Shakespeare e Sfocles, Dostoievski e Proust no tirar proveito de um ensino excepcional? E no se v que mesmo um futuro mdico, para exercer o seu ofcio, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatrios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literrios encontrariam o seu lugar no corao das humanidades, ao lado da histria dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de aes polticas quanto de mutaes sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivduos. Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literrio, o qual no serviria mais unicamente reproduo dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o esprito que o deve conduzir: necessrio incluir as obras no grande dilogo entre os homens, iniciado desde a noite dostempos e do qual cada um de ns, por mais nfimo que seja, ainda participa. nessa comunicao inesgotvel, vitoriosa do espao e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura, escrevia Paul Bnichou. A ns, adultos, nos cabe transmitir s novas geraes essa herana frgil, essas palavras que ajudam a viver melhor. (Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.) Ter como professores Shakespeare e Sfocles, Dostoievski e Proust no tirar proveito de um ensino excepcional? Esta questo levantada por Todorov, no contexto do terceiro pargrafo, significa:
(UNESP - 2012/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma reportagem de Antnio Gois publicada em 03.02.2012 pelo jornal Folha de S.Paulo. Laptop de aluno de escola pblica tem problemas Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municpios, esbarrou em problemas de coordenao, capacitao de professores e adequao de infraestrutura. O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas pblicas. s cidades foram prometidas infraestrutura para acesso internet e capacitao de gestores e professores. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais pblicos. A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no incio, mas, um ano depois, 70% relataram noter contado com apoio para resolver problemas tcnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedaggicas. Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de tcnicos que soubessem consert-los. Alm disso, um quinto dos docentes ainda no havia recebido capacitao, e as escolas no tinham incorporado o programa em seus projetos pedaggicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domnio de informtica. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Ceclia do Pavo (PR), So Joo da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo no deram entrevista. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Examine as quatro possibilidades de reescrever a frase destacada para evitar a repetio desnecessria da forma verbal foi. I. Uma das concluses do estudo aponta que a infraestrutura de rede foi inadequada. II. Uma das concluses do estudo foi a inadequao da estrutura de rede. III. A estrutura de rede foi inadequada, conforme uma das concluses do estudo. IV. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi considerada inadequada. As frases que evitam a repetio da forma verbal foi esto contidas apenas em
(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir: A literatura em perigo A anlise das obras feita na escola no deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recm-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele terico da literatura, quando, ento, os textos so apresentados como uma aplicao da lngua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como j o disse, essa ideia no estranha a uma boa parte do prprio mundo do ensino; mas necessrio passar das ideias ao. Num relatrio estabelecido pela Associao dos Professores de Letras, podemos ler: O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relao consigo mesmo e com o mundo, e sua relao com os outros. Mais exatamente, o estudo da obra remete a crculos concntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos efetivamente dado pela prpria existncia humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexo dessa dimenso. O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os mtodos so bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...) (...) (...) Sendo o objeto da literatura a prpria condio humana, aquele que a l e a compreende se tornar no um especialista em anlise literria, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introduo compreenso das paixes e dos comportamentos humanos do que uma imerso na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa h milnios? E, de imediato: que melhor preparao pode haver para todas as profisses baseadas nas relaes humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seuensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de cincias polticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o socilogo? Ter como professores Shakespeare e Sfocles, Dostoievski e Proust no tirar proveito de um ensino excepcional? E no se v que mesmo um futuro mdico, para exercer o seu ofcio, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatrios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literrios encontrariam o seu lugar no corao das humanidades, ao lado da histria dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de aes polticas quanto de mutaes sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivduos. Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literrio, o qual no serviria mais unicamente reproduo dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o esprito que o deve conduzir: necessrio incluir as obras no grande dilogo entre os homens, iniciado desde a noite dostempos e do qual cada um de ns, por mais nfimo que seja, ainda participa. nessa comunicao inesgotvel, vitoriosa do espao e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura, escrevia Paul Bnichou. A ns, adultos, nos cabe transmitir s novas geraes essa herana frgil, essas palavras que ajudam a viver melhor. (Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.) Que melhor introduo compreenso das paixes e dos comportamentos humanos do que uma imerso na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa h milnios? Com base no fato de que a palavra imerso, usada na expresso uma imerso na obra, caracteriza uma metfora, indique a alternativa que elimina essa metfora sem perda relevante de sentido:
(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir: A literatura em perigo A anlise das obras feita na escola no deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recm-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele terico da literatura, quando, ento, os textos so apresentados como uma aplicao da lngua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como j o disse, essa ideia no estranha a uma boa parte do prprio mundo do ensino; mas necessrio passar das ideias ao. Num relatrio estabelecido pela Associao dos Professores de Letras, podemos ler: O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relao consigo mesmo e com o mundo, e sua relao com os outros. Mais exatamente, o estudo da obra remete a crculos concntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos efetivamente dado pela prpria existncia humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexo dessa dimenso. O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os mtodos so bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...) (...) (...) Sendo o objeto da literatura a prpria condio humana, aquele que a l e a compreende se tornar no um especialista em anlise literria, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introduo compreenso das paixes e dos comportamentos humanos do que uma imerso na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa h milnios? E, de imediato: que melhor preparao pode haver para todas as profisses baseadas nas relaes humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seuensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de cincias polticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o socilogo? Ter como professores Shakespeare e Sfocles, Dostoievski e Proust no tirar proveito de um ensino excepcional? E no se v que mesmo um futuro mdico, para exercer o seu ofcio, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatrios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literrios encontrariam o seu lugar no corao das humanidades, ao lado da histria dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de aes polticas quanto de mutaes sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivduos. Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literrio, o qual no serviria mais unicamente reproduo dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o esprito que o deve conduzir: necessrio incluir as obras no grande dilogo entre os homens, iniciado desde a noite dostempos e do qual cada um de ns, por mais nfimo que seja, ainda participa. nessa comunicao inesgotvel, vitoriosa do espao e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura, escrevia Paul Bnichou. A ns, adultos, nos cabe transmitir s novas geraes essa herana frgil, essas palavras que ajudam a viver melhor. (Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.) No segundo pargrafo do fragmento apresentado, Todorov afirma que Todos os mtodos so bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. O autor defende, com essa afirmao, o argumento segundo o qual o verdadeiro valor de um mtodo de anlise literria
(UNESP - 2012/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma reportagem de Antnio Gois publicada em 03.02.2012 pelo jornal Folha de S.Paulo. Laptop de aluno de escola pblica tem problemas Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municpios, esbarrou em problemas de coordenao, capacitao de professores e adequao de infraestrutura. O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas pblicas. s cidades foram prometidas infraestrutura para acesso internet e capacitao de gestores e professores. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais pblicos. A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no incio, mas, um ano depois, 70% relataram noter contado com apoio para resolver problemas tcnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedaggicas. Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de tcnicos que soubessem consert-los. Alm disso, um quinto dos docentes ainda no havia recebido capacitao, e as escolas no tinham incorporado o programa em seus projetos pedaggicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domnio de informtica. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Ceclia do Pavo (PR), So Joo da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo no deram entrevista. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa. Assinale a alternativa que indica a falha de reviso verificada na passagem destacada.
(UNESP - 2012 - 1a Fase) Leia o texto a seguir: A literatura em perigo A anlise das obras feita na escola no deveria mais ter por objetivo ilustrar os conceitos recm-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele terico da literatura, quando, ento, os textos so apresentados como uma aplicao da lngua e do discurso; sua tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras pois postulamos que esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos. Como j o disse, essa ideia no estranha a uma boa parte do prprio mundo do ensino; mas necessrio passar das ideias ao. Num relatrio estabelecido pela Associao dos Professores de Letras, podemos ler: O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua relao consigo mesmo e com o mundo, e sua relao com os outros. Mais exatamente, o estudo da obra remete a crculos concntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais importante de todos, nos efetivamente dado pela prpria existncia humana. Todas as grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexo dessa dimenso. O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento do artista? Todos os mtodos so bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se tornarem fins em si mesmos. (...) (...) (...) Sendo o objeto da literatura a prpria condio humana, aquele que a l e a compreende se tornar no um especialista em anlise literria, mas um conhecedor do ser humano. Que melhor introduo compreenso das paixes e dos comportamentos humanos do que uma imerso na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa h milnios? E, de imediato: que melhor preparao pode haver para todas as profisses baseadas nas relaes humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa maneira o seuensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito ou de cincias polticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o socilogo? Ter como professores Shakespeare e Sfocles, Dostoievski e Proust no tirar proveito de um ensino excepcional? E no se v que mesmo um futuro mdico, para exercer o seu ofcio, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais preparatrios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literrios encontrariam o seu lugar no corao das humanidades, ao lado da histria dos eventos e das ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de obras quanto de doutrinas, tanto de aes polticas quanto de mutaes sociais, tanto da vida dos povos quanto da de seus indivduos. Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literrio, o qual no serviria mais unicamente reproduo dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo sobre o esprito que o deve conduzir: necessrio incluir as obras no grande dilogo entre os homens, iniciado desde a noite dostempos e do qual cada um de ns, por mais nfimo que seja, ainda participa. nessa comunicao inesgotvel, vitoriosa do espao e do tempo, que se afirma o alcance universal da literatura, escrevia Paul Bnichou. A ns, adultos, nos cabe transmitir s novas geraes essa herana frgil, essas palavras que ajudam a viver melhor. (Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009, p. 89-94.) Considerando que o pronome o, usado na sequncia que o deve conduzir, tem valor anafrico, isto , faz referncia a um termo j enunciado no ltimo pargrafo, identifique esse termo.
(UNESP - 2012/2 - 1a fase) Instruo: As questes de nmeros 16 a 20 tomam por base uma reportagem de Antnio Gois publicada em 03.02.2012 pelo jornal Folha de S.Paulo. Laptop de aluno de escola pblica tem problemas Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municpios, esbarrou em problemas de coordenao, capacitao de professores e adequao de infraestrutura. O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas pblicas. s cidades foram prometidas infraestrutura para acesso internet e capacitao de gestores e professores. Uma das concluses do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais pblicos. A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no incio, mas, um ano depois, 70% relataram noter contado com apoio para resolver problemas tcnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedaggicas. Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de tcnicos que soubessem consert-los. Alm disso, um quinto dos docentes ainda no havia recebido capacitao, e as escolas no tinham incorporado o programa em seus projetos pedaggicos. Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domnio de informtica. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa. Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Ceclia do Pavo (PR), So Joo da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo no deram entrevista. Uma leitura atenta do texto apresentado revela que a principal falha do programa UCA foi
(UNESP - 2012- 2 fase) O homem que queria eliminar a memria (...) Estava na sala diante do doutor. Uma sala branca, annima. Por que so sempre assim, derrotando a gente logo de entrada? O mdico: Sim? Quero me operar. Quero que o senhor tire um pedao do meu crebro. Um pedao do crebro? Por que vou tirar um pedao do seu crebro? Porque eu quero. Sim, mas precisa me explicar. Justificar. No basta eu querer? Claro que no. No sou dono do meu corpo? Em termos. Como em termos? Bem, o senhor e no . H certas coisas que o senhor est impedido de fazer. Ou melhor; eu que estou impedido de fazer no senhor. Quem impede? A tica, a lei. A sua tica manda tambm no meu corpo? Se pago, se quero, porque quero fazer do meu corpo aquilo que desejo. E se acabou. Olha, a gente vai ficar o dia inteiro nesta discusso boba. E no tenho tempo a perder. Por que o senhor quer cortar um pedao do crebro? Quero eliminar a minha memria. Para qu? Gozado, as pessoas s sabem perguntar: o qu? por qu? para qu? Falei com dezenas de pessoas e todos me perguntaram: por qu? No podem aceitar pura e simplesmente algum que deseja eliminar a memria. J que o senhor veio a mim para fazer esta operao, tenho ao menos o direito dessa informao. No quero mais me lembrar de nada. S isso. As coisas passaram, passaram. Fim! No to simples assim. Na vida diria, o senhor precisa da memria. Para lembrar pequenas coisas. Ou grandes. Compromissos, encontros, coisas a pagar, etc. tudo isso que vou eliminar. Marco numa agenda, olho ali e pronto. No d para fazer isso, de qualquer modo. A medicina no est to adiantada assim. Em lugar nenhum posso eliminar a minha memria? Que eu saiba no. Seria muito melhor para os homens. O dia a dia. O dia de hoje para a frente. Entende o que eu quero dizer? Nenhuma lembrana ruim ou boa, nenhuma neurose. O passado fechado, encerrado. Definitivamente bloqueado. No seria engraado? No se lembrar sequer do que se tomou no caf da manh? E para que quero me lembrar do que tomei no caf da manh? (Igncio de Loyola Brando. Cadeiras proibidas: contos. Rio de Janeiro: Codecri, 1984, p. 32-34.) Os avanos da gentica nos filmes Uma boa forma de se pensar as possibilidades e riscos no avano das cincias se aventurar nas fices literrias e cinematogrficas. Enquanto os cientistas devem zelar para no fazer especulaes infundadas, os autores de fico tratam de dar asas imaginao e projetar em histrias emocionantes as possveis aplicaes da cincia e alguns de seus efeitos inesperados. A possibilidade de recriao da vida humana ou do controle que poderamos ter sobre seus corpos e destinos so alguns dos grandes temas que h muito tempo vm sendo explorados. O que seria de nossa vida se soubssemos como prolong-la indefinidamente? Como ficariam nossos corpos se pudssemos transform-los vontade ou se consegussemos fabricar seres para nos substiturem nas tarefas duras e chatas? No seria uma maravilha se pudssemos implantar ou fazer um download de memrias e conhecimentos que nos dispensassem de ter que aprender na marra, com muito estudo e algumas experincias ruins? Que tal poder escolher e reconfigurar nossas caractersticas e as das pessoas com quem convivemos? Nosso imaginrio povoado por robs, clones, artifcios fantsticos, instrumentos poderosos e tecnologias sofisticadas que aparecem sob variadas formas nos enredos de diversos filmes. Metrpolis, Frankenstein, Blade Runner, Inteligncia Artificial, Eu Rob e Matrix so alguns que se tornaram clssicos, pois foram marcantes para geraes e continuam sendo referidos e revisitados. De maneira geral, retratam como boas ideias podem ter desdobramentos imprevistos e indesejveis. o que acontece, por exemplo, nas narrativas utpicas que descrevem sociedades ideais, mas que se revelam sombrias e nada atraentes quando conhecidas de perto, como nos filmes 1984 ou Brazil. Isto obviamente no invalida, nem deveria desestimular, os avanos do conhecimento. Pelo contrrio! Juntamente com as dvidas que essas histrias lanam sobre nossas certezas e expectativas, elas suscitam interrogaes e recolocam questes fundamentais. Se a engenharia gentica pode fazer as pessoas melhores, mais saudveis, mais desejveis, por que no seguir em frente? Quais seriam as implicaes dessa seleo artificial? Assistir e conversar sobre o filme GATTACA uma boa forma de entrar nessa discusso. O nome da produo e do local onde se passa vem das letras com que representamos as sequncias do DNA (G, A, T, C). Mais precisamente, as iniciais das bases qumicas dessas molculas: Guanina, Adenina, Timina e Citosina. O filme retrata uma sociedade organizada e estratificada de forma racional, tomando como base o levantamento gentico dos indivduos. Aparentemente, uma forma de se aproveitar melhor, e para o bem comum, as caractersticas e o potencial de cada um. Acontece que um jovem, inconformado com o destino que seus genes defeituosos lhe reservara, falseia sua identidade gentica para assumir a profisso com que sempre sonhara, a de espaonauta. Boa parte da trama e do suspense do filme advm do fato de que sua verdadeira identidade biolgica, invlida para aquela atividade, tinha que ser ocultada todo o tempo e com muita astcia, pois a manuteno da ordem social se baseava em constantes escaneamentos genticos. As situaes enfrentadas pelo personagem nos levam a compartilhar sua percepo de injustia, e torcer pela subverso ao sistema. (Bernardo Jefferson de Oliveira. Os avanos da gentica nos filmes. pr-Univesp, edio 6, 15.11.2010: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov) A personagem do conto de Loyola Brando, em suas tentativas de demonstrar ao mdico que seria bom eliminar a memria, apresenta, entre seus argumentos, no ltimo pargrafo, um de ordem emocional, sentimental. Identifique esse argumento e justifique-o do ponto de vista da personagem.
(UNESP - 2012/2 - 2a fase - Questo 25) O caso da A Folha [...] A Constituio Federal, edio oficial da Imprensa Nacional, 1891, Ttulo III seco II, Declarao dos Direitos, art. 72, 12, diz: Em qualquer assunto livre a manifestao do pensamento pela imprensa, ou pela tribuna sem dependncia de censura, respondendo cada um pelos abusos que cometer, nos casos e pela forma que a lei determinar. No permitido o anonimato. A lei que dispe sobre os crimes de responsabilidade do presidente da Repblica diz ainda: Art. 28 Tolher a liberdade da imprensa, impedindo arbitrariamente a publicao ou circulao dos jornais ou outros escritos impressos, etc. [...] Em dias da semana passada, nesta cidade do Rio de Janeiro, em plena Avenida Central, agentes de polcia e outros funcionrios subalternos, da repartio do doutor Geminiano, saram-se dos seus cuidados e apreenderam das mos de vendedores e rasgaram in continenti1 exemplares da A Folha, jornal recentemente fundado e dirigido pelo conhecido escritor Medeiros e Albuquerque. No segredo para ningum que o jornal desse ilustrado e destemido jornalista vem, desde a sua fundao, mantendo uma campanha contra a venda aos Estados Unidos dos navios que o Brasil tomou Alemanha, por ocasio de declarar a guerra a esta. A campanha tem sido corajosa e tem deveras contundido profundamente o governo, por isso, todos que se julgam pavoneados pelo Catete2 andam irritadssimos com o vespertino de Medeiros. A coisa est posta no ponto de vista patritico, ponto de vista em que no gosto de ver julgada qualquer questo. Para fim, o que eu achava honesto e srio, de cavalheiro, era entregar os buques3 aos seus verdadeiros donos; o mais tem um nome feio que no quero pr aqui. Mas, etc., etc. Os agentes, como ia eu dizendo, apreenderam os jornais de Medeiros e Albuquerque, diante do povo bestializado; e, ao outro dia, um nico quotidiano teve a coragem de denunciar semelhante escndalo, assim mesmo com reservas e injustificvel prudncia. Sou insuspeito para falar assim dos jornais, porque lhes devo muito; mas, por isso mesmo, julgo que a fora da imprensa periga, desde que nessa questo de liberdade de pensamento no houver a mais perfeita solidariedade de vistas em defend-la contra os atentados dos governos verdadeiramente poderosos e os que se fingem poderosos, como o atual. E essa defesa deve esquecer qualquer outra circunstncia que milite em favor ou desfavor do jornal. No se quer saber se o jornal A, atacado pelos alguazis4 da governana, tira mil ou um milho de exemplares, se escrito na lngua morta de Rui de Pina ou na que os smile-clssicos de hoje chamam vascono5 ou l que seja. O que se deve indagar primeiro se todo o ataque a um jornal ou sua liberdade de circulao no uma ameaa aos outros. Hodie mihi...6 Nesse caso da A Folha, apesar de serdios7 , os protestos vieram; e, ainda ontem, A Noite, na seco Ecos e Novidades, denuncia que o prprio diretor dos Correios foi, em pessoa, a determinada dependncia, para impedir que aquele jornal fosse distribudo aos seus assinantes. At onde querero ir os administradores do Brasil em sabujice? (Lima Barreto. Feiras e mafus, 1961.) (1) In continenti: no mesmo momento, imediatamente, no mesmo instante, na hora. (2) Catete: Palcio do Catete, sede da presidncia da Repblica. (3) Buques: navios. (4) Alguazil: funcionrio inferior de administrao ou de justia; funcionrio subalterno; oficial de diligncias; meirinho, beleguim, esbirro. (5) Vascono: basco; (fig.) linguagem confusa, afetada, ininteligvel. (6) Hodie mihi, cras tibi: provrbio latino que significa hoje a mim, amanh a ti, isto , o que acontece hoje comigo pode acontecer amanh com voc. (7) Serdio: fora de tempo, tardio, atrasado A campanha tem sido corajosa e tem deveras contundido profundamente o governo... Partindo do sentido prprio com que o verbo contundir comumente empregado nos esportes e nas atividades fsicas em geral, descreva o sentido figurado com que Lima Barreto emprega tem contundido na frase em destaque.
(UNESP - 2012- 2 fase) O homem que queria eliminar a memria (...) Estava na sala diante do doutor. Uma sala branca, annima. Por que so sempre assim, derrotando a gente logo de entrada? O mdico: Sim? Quero me operar. Quero que o senhor tire um pedao do meu crebro. Um pedao do crebro? Por que vou tirar um pedao do seu crebro? Porque eu quero. Sim, mas precisa me explicar. Justificar. No basta eu querer? Claro que no. No sou dono do meu corpo? Em termos. Como em termos? Bem, o senhor e no . H certas coisas que o senhor est impedido de fazer. Ou melhor; eu que estou impedido de fazer no senhor. Quem impede? A tica, a lei. A sua tica manda tambm no meu corpo? Se pago, se quero, porque quero fazer do meu corpo aquilo que desejo. E se acabou. Olha, a gente vai ficar o dia inteiro nesta discusso boba. E no tenho tempo a perder. Por que o senhor quer cortar um pedao do crebro? Quero eliminar a minha memria. Para qu? Gozado, as pessoas s sabem perguntar: o qu? por qu? para qu? Falei com dezenas de pessoas e todos me perguntaram: por qu? No podem aceitar pura e simplesmente algum que deseja eliminar a memria. J que o senhor veio a mim para fazer esta operao, tenho ao menos o direito dessa informao. No quero mais me lembrar de nada. S isso. As coisas passaram, passaram. Fim! No to simples assim. Na vida diria, o senhor precisa da memria. Para lembrar pequenas coisas. Ou grandes. Compromissos, encontros, coisas a pagar, etc. tudo isso que vou eliminar. Marco numa agenda, olho ali e pronto. No d para fazer isso, de qualquer modo. A medicina no est to adiantada assim. Em lugar nenhum posso eliminar a minha memria? Que eu saiba no. Seria muito melhor para os homens. O dia a dia. O dia de hoje para a frente. Entende o que eu quero dizer? Nenhuma lembrana ruim ou boa, nenhuma neurose. O passado fechado, encerrado. Definitivamente bloqueado. No seria engraado? No se lembrar sequer do que se tomou no caf da manh? E para que quero me lembrar do que tomei no caf da manh? (Igncio de Loyola Brando. Cadeiras proibidas: contos. Rio de Janeiro: Codecri, 1984, p. 32-34.) Os avanos da gentica nos filmes Uma boa forma de se pensar as possibilidades e riscos no avano das cincias se aventurar nas fices literrias e cinematogrficas. Enquanto os cientistas devem zelar para no fazer especulaes infundadas, os autores de fico tratam de dar asas imaginao e projetar em histrias emocionantes as possveis aplicaes da cincia e alguns de seus efeitos inesperados. A possibilidade de recriao da vida humana ou do controle que poderamos ter sobre seus corpos e destinos so alguns dos grandes temas que h muito tempo vm sendo explorados. O que seria de nossa vida se soubssemos como prolong-la indefinidamente? Como ficariam nossos corpos se pudssemos transform-los vontade ou se consegussemos fabricar seres para nos substiturem nas tarefas duras e chatas? No seria uma maravilha se pudssemos implantar ou fazer um download de memrias e conhecimentos que nos dispensassem de ter que aprender na marra, com muito estudo e algumas experincias ruins? Que tal poder escolher e reconfigurar nossas caractersticas e as das pessoas com quem convivemos? Nosso imaginrio povoado por robs, clones, artifcios fantsticos, instrumentos poderosos e tecnologias sofisticadas que aparecem sob variadas formas nos enredos de diversos filmes. Metrpolis, Frankenstein, Blade Runner, Inteligncia Artificial, Eu Rob e Matrix so alguns que se tornaram clssicos, pois foram marcantes para geraes e continuam sendo referidos e revisitados. De maneira geral, retratam como boas ideias podem ter desdobramentos imprevistos e indesejveis. o que acontece, por exemplo, nas narrativas utpicas que descrevem sociedades ideais, mas que se revelam sombrias e nada atraentes quando conhecidas de perto, como nos filmes 1984 ou Brazil. Isto obviamente no invalida, nem deveria desestimular, os avanos do conhecimento. Pelo contrrio! Juntamente com as dvidas que essas histrias lanam sobre nossas certezas e expectativas, elas suscitam interrogaes e recolocam questes fundamentais. Se a engenharia gentica pode fazer as pessoas melhores, mais saudveis, mais desejveis, por que no seguir em frente? Quais seriam as implicaes dessa seleo artificial? Assistir e conversar sobre o filme GATTACA uma boa forma de entrar nessa discusso. O nome da produo e do local onde se passa vem das letras com que representamos as sequncias do DNA (G, A, T, C). Mais precisamente, as iniciais das bases qumicas dessas molculas: Guanina, Adenina, Timina e Citosina. O filme retrata uma sociedade organizada e estratificada de forma racional, tomando como base o levantamento gentico dos indivduos. Aparentemente, uma forma de se aproveitar melhor, e para o bem comum, as caractersticas e o potencial de cada um. Acontece que um jovem, inconformado com o destino que seus genes defeituosos lhe reservara, falseia sua identidade gentica para assumir a profisso com que sempre sonhara, a de espaonauta. Boa parte da trama e do suspense do filme advm do fato de que sua verdadeira identidade biolgica, invlida para aquela atividade, tinha que ser ocultada todo o tempo e com muita astcia, pois a manuteno da ordem social se baseava em constantes escaneamentos genticos. As situaes enfrentadas pelo personagem nos levam a compartilhar sua percepo de injustia, e torcer pela subverso ao sistema. (Bernardo Jefferson de Oliveira. Os avanos da gentica nos filmes. pr-Univesp, edio 6, 15.11.2010: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov) A personagem do conto de Loyola Brando, em suas tentativas de demonstrar ao mdico que seria bom eliminar a memria, apresenta, entre seus argumentos, no ltimo pargrafo, um de ordem emocional, sentimental. Identifique esse argumento e justifique-o do ponto de vista da personagem. Depois de comparar os dois textos, demonstre que, quanto questo da memria, o homem do conto, que procura o mdico, e o pesquisador Bernardo Jefferson de Oliveira manifestam opinies bem distintas.
(UNESP - 2012/2 - 2a fase - Questo 26) O caso da A Folha [...] A Constituio Federal, edio oficial da Imprensa Nacional, 1891, Ttulo III seco II, Declarao dos Direitos, art. 72, 12, diz: Em qualquer assunto livre a manifestao do pensamento pela imprensa, ou pela tribuna sem dependncia de censura, respondendo cada um pelos abusos que cometer, nos casos e pela forma que a lei determinar. No permitido o anonimato. A lei que dispe sobre os crimes de responsabilidade do presidente da Repblica diz ainda: Art. 28 Tolher a liberdade da imprensa, impedindo arbitrariamente a publicao ou circulao dos jornais ou outros escritos impressos, etc. [...] Em dias da semana passada, nesta cidade do Rio de Janeiro, em plena Avenida Central, agentes de polcia e outros funcionrios subalternos, da repartio do doutor Geminiano, saram-se dos seus cuidados e apreenderam das mos de vendedores e rasgaram in continenti1 exemplares da A Folha, jornal recentemente fundado e dirigido pelo conhecido escritor Medeiros e Albuquerque. No segredo para ningum que o jornal desse ilustrado e destemido jornalista vem, desde a sua fundao, mantendo uma campanha contra a venda aos Estados Unidos dos navios que o Brasil tomou Alemanha, por ocasio de declarar a guerra a esta. A campanha tem sido corajosa e tem deveras contundido profundamente o governo, por isso, todos que se julgam pavoneados pelo Catete2 andam irritadssimos com o vespertino de Medeiros. A coisa est posta no ponto de vista patritico, ponto de vista em que no gosto de ver julgada qualquer questo. Para fim, o que eu achava honesto e srio, de cavalheiro, era entregar os buques3 aos seus verdadeiros donos; o mais tem um nome feio que no quero pr aqui. Mas, etc., etc. Os agentes, como ia eu dizendo, apreenderam os jornais de Medeiros e Albuquerque, diante do povo bestializado; e, ao outro dia, um nico quotidiano teve a coragem de denunciar semelhante escndalo, assim mesmo com reservas e injustificvel prudncia. Sou insuspeito para falar assim dos jornais, porque lhes devo muito; mas, por isso mesmo, julgo que a fora da imprensa periga, desde que nessa questo de liberdade de pensamento no houver a mais perfeita solidariedade de vistas em defend-la contra os atentados dos governos verdadeiramente poderosos e os que se fingem poderosos, como o atual. E essa defesa deve esquecer qualquer outra circunstncia que milite em favor ou desfavor do jornal. No se quer saber se o jornal A, atacado pelos alguazis4 da governana, tira mil ou um milho de exemplares, se escrito na lngua morta de Rui de Pina ou na que os smile-clssicos de hoje chamam vascono5 ou l que seja. O que se deve indagar primeiro se todo o ataque a um jornal ou sua liberdade de circulao no uma ameaa aos outros. Hodie mihi...6 Nesse caso da A Folha, apesar de serdios7 , os protestos vieram; e, ainda ontem, A Noite, na seco Ecos e Novidades, denuncia que o prprio diretor dos Correios foi, em pessoa, a determinada dependncia, para impedir que aquele jornal fosse distribudo aos seus assinantes. At onde querero ir os administradores do Brasil em sabujice? (Lima Barreto. Feiras e mafus, 1961.) (1) In continenti: no mesmo momento, imediatamente, no mesmo instante, na hora. (2) Catete: Palcio do Catete, sede da presidncia da Repblica. (3) Buques: navios. (4) Alguazil: funcionrio inferior de administrao ou de justia; funcionrio subalterno; oficial de diligncias; meirinho, beleguim, esbirro. (5) Vascono: basco; (fig.) linguagem confusa, afetada, ininteligvel. (6) Hodie mihi, cras tibi: provrbio latino que significa hoje a mim, amanh a ti, isto , o que acontece hoje comigo pode acontecer amanh com voc. (7) Serdio: fora de tempo, tardio, atrasado Embora no faa uma acusao formal e direta, a leitura dos quatro primeiros pargrafos da crnica de Lima Barreto demonstra que este suspeitava ter havido um s mandatrio das aes contra o jornal A Folha. Aponte esse mandatrio e, com base nas informaes fornecidas nos quatro primeiros pargrafos, explique qual seria sua responsabilidade legal.
(UNESP - 2012- 2 fase) O homem que queria eliminar a memria (...) Estava na sala diante do doutor. Uma sala branca, annima. Por que so sempre assim, derrotando a gente logo de entrada? O mdico: Sim? Quero me operar. Quero que o senhor tire um pedao do meu crebro. Um pedao do crebro? Por que vou tirar um pedao do seu crebro? Porque eu quero. Sim, mas precisa me explicar. Justificar. No basta eu querer? Claro que no. No sou dono do meu corpo? Em termos. Como em termos? Bem, o senhor e no . H certas coisas que o senhor est impedido de fazer. Ou melhor; eu que estou impedido de fazer no senhor. Quem impede? A tica, a lei. A sua tica manda tambm no meu corpo? Se pago, se quero, porque quero fazer do meu corpo aquilo que desejo. E se acabou. Olha, a gente vai ficar o dia inteiro nesta discusso boba. E no tenho tempo a perder. Por que o senhor quer cortar um pedao do crebro? Quero eliminar a minha memria. Para qu? Gozado, as pessoas s sabem perguntar: o qu? por qu? para qu? Falei com dezenas de pessoas e todos me perguntaram: por qu? No podem aceitar pura e simplesmente algum que deseja eliminar a memria. J que o senhor veio a mim para fazer esta operao, tenho ao menos o direito dessa informao. No quero mais me lembrar de nada. S isso. As coisas passaram, passaram. Fim! No to simples assim. Na vida diria, o senhor precisa da memria. Para lembrar pequenas coisas. Ou grandes. Compromissos, encontros, coisas a pagar, etc. tudo isso que vou eliminar. Marco numa agenda, olho ali e pronto. No d para fazer isso, de qualquer modo. A medicina no est to adiantada assim. Em lugar nenhum posso eliminar a minha memria? Que eu saiba no. Seria muito melhor para os homens. O dia a dia. O dia de hoje para a frente. Entende o que eu quero dizer? Nenhuma lembrana ruim ou boa, nenhuma neurose. O passado fechado, encerrado. Definitivamente bloqueado. No seria engraado? No se lembrar sequer do que se tomou no caf da manh? E para que quero me lembrar do que tomei no caf da manh? (Igncio de Loyola Brando. Cadeiras proibidas: contos. Rio de Janeiro: Codecri, 1984, p. 32-34.) Os avanos da gentica nos filmes Uma boa forma de se pensar as possibilidades e riscos no avano das cincias se aventurar nas fices literrias e cinematogrficas. Enquanto os cientistas devem zelar para no fazer especulaes infundadas, os autores de fico tratam de dar asas imaginao e projetar em histrias emocionantes as possveis aplicaes da cincia e alguns de seus efeitos inesperados. A possibilidade de recriao da vida humana ou do controle que poderamos ter sobre seus corpos e destinos so alguns dos grandes temas que h muito tempo vm sendo explorados. O que seria de nossa vida se soubssemos como prolong-la indefinidamente? Como ficariam nossos corpos se pudssemos transform-los vontade ou se consegussemos fabricar seres para nos substiturem nas tarefas duras e chatas? No seria uma maravilha se pudssemos implantar ou fazer um download de memrias e conhecimentos que nos dispensassem de ter que aprender na marra, com muito estudo e algumas experincias ruins? Que tal poder escolher e reconfigurar nossas caractersticas e as das pessoas com quem convivemos? Nosso imaginrio povoado por robs, clones, artifcios fantsticos, instrumentos poderosos e tecnologias sofisticadas que aparecem sob variadas formas nos enredos de diversos filmes. Metrpolis, Frankenstein, Blade Runner, Inteligncia Artificial, Eu Rob e Matrix so alguns que se tornaram clssicos, pois foram marcantes para geraes e continuam sendo referidos e revisitados. De maneira geral, retratam como boas ideias podem ter desdobramentos imprevistos e indesejveis. o que acontece, por exemplo, nas narrativas utpicas que descrevem sociedades ideais, mas que se revelam sombrias e nada atraentes quando conhecidas de perto, como nos filmes 1984 ou Brazil. Isto obviamente no invalida, nem deveria desestimular, os avanos do conhecimento. Pelo contrrio! Juntamente com as dvidas que essas histrias lanam sobre nossas certezas e expectativas, elas suscitam interrogaes e recolocam questes fundamentais. Se a engenharia gentica pode fazer as pessoas melhores, mais saudveis, mais desejveis, por que no seguir em frente? Quais seriam as implicaes dessa seleo artificial? Assistir e conversar sobre o filme GATTACA uma boa forma de entrar nessa discusso. O nome da produo e do local onde se passa vem das letras com que representamos as sequncias do DNA (G, A, T, C). Mais precisamente, as iniciais das bases qumicas dessas molculas: Guanina, Adenina, Timina e Citosina. O filme retrata uma sociedade organizada e estratificada de forma racional, tomando como base o levantamento gentico dos indivduos. Aparentemente, uma forma de se aproveitar melhor, e para o bem comum, as caractersticas e o potencial de cada um. Acontece que um jovem, inconformado com o destino que seus genes defeituosos lhe reservara, falseia sua identidade gentica para assumir a profisso com que sempre sonhara, a de espaonauta. Boa parte da trama e do suspense do filme advm do fato de que sua verdadeira identidade biolgica, invlida para aquela atividade, tinha que ser ocultada todo o tempo e com muita astcia, pois a manuteno da ordem social se baseava em constantes escaneamentos genticos. As situaes enfrentadas pelo personagem nos levam a compartilhar sua percepo de injustia, e torcer pela subverso ao sistema. (Bernardo Jefferson de Oliveira. Os avanos da gentica nos filmes. pr-Univesp, edio 6, 15.11.2010: www.univesp.ensinosuperior.sp.gov) Segundo se depreende da sntese de Bernardo Jefferson de Oliveira, ao apresentar uma sociedade organizada e estratificada de forma racional, tomando como base o levantamento gentico dos indivduos, o filme GATTACA focaliza uma utopia cuja aplicao, como em todas as utopias, acaba no dando inteiramente certo. Indique qual o aspecto da natureza humana que a organizao da sociedade de GATTACA ignorou e que acabou gerando toda complicao focalizada no enredo do filme.