(UNESP 2015/2 - 2 fase - Questo 8) O circuito inferior da economia urbana resultado da modernizao seletiva e incompleta que caracteriza a urbanizao dos pases subdesenvolvidos e coloca grande parte da populao praticamente margem do usufruto do processo de acumulao. Enquanto uns se preocupam em acumular capital para a renovao das atividades produtivas modernas, outros se preocupam apenas em garantir a sobrevivncia da famlia, buscando formas alternativas de trabalho e renda. O circuito inferior da economia urbana ocupa bairros, ruas, becos, terminais rodovirios e metrovirios, praas e pores, fundos de quintal, vans, motocicletas, permeando o tecido urbano. margem dos circuitos oficiais, uma multiplicidade de atores econmicos de porte modesto preenche os interstcios dos grandes negcios, preservando o espao urbano como um territrio de cultura, vida e liberdade uma resposta segregao social da metrpole capitalista. (Mnica Arroyo. A economia invisvel dos pequenos. www.diplomatique.org.br, 04.10.2008. Adaptado.) O circuito inferior da economia urbana revela a existncia de uma economia popular nas cidades, ajustada s condies econmicas e s restries de consumo da populao mais pobre. Considerando a dinmica do mercado de trabalho e o processo de urbanizao nos pases subdesenvolvidos, cite duas razes que explicam a expanso do chamado circuito inferior da economia urbana nas ltimas dcadas e cite dois exemplos de atividades econmicas que correspondam a esse circuito econmico.
(UNESP 2015/2 - 2 fase - Questo 11) O regime democrtico cumpre um papel conhecido e alardeado, que a menina dos olhos de quem o defende: ele aceita um teor de conflito na sociedade. Admite como normal que haja tenses entre pessoas ou grupos. Pela primeira vez na histria do mundo, desobriga os homens de viver num todo harmnico, equilibrado. Porque a harmonia uma empulhao. No Ocidente, a comparao do Estado a um corpo harmnico e saudvel autorizou considerar o divergente um membro gangrenado ou doente, que deve ser amputado. Quem no obedece ao amor do prncipe no apenas um divergente, uma pessoa livre para pensar de outra forma: um traidor, um ingrato, um infame. (Renato Janine Ribeiro. A democracia acalma conflitos. Revista Filosofia, setembro de 2014. Adaptado.) Baseando-se no texto, nomeie e explique o que seria um regime poltico oposto democracia. Explique tambm por que a democracia, de acordo com o texto, o regime poltico mais adequado para expresso das diferenas de natureza tnica, religiosa, sexual e poltica.
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Surgimos da confluncia, do entrechoque e do caldeamento do invasor portugus com ndios silvcolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos. Nessa confluncia, que se d sob a regncia dos portugueses, matrizes raciais dspares, tradies culturais distintas, formaes sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo. Novo porque surge como uma etnia nacional, que se v a si mesma e vista como uma gente nova, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras. Velho, porm, porque se viabiliza como um proletariado externo, como um implante ultramarino da expanso europeia que no existe para si mesmo, mas para gerar lucros exportveis pelo exerccio da funo de provedor colonial de bens para o mercado mundial, atravs do desgaste da populao. Sua unidade tnica bsica no significa, porm, nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram sobre ela foras diversificadoras: a ecolgica, a econmica e a migrao. Por essas vias se plasmaram historicamente diversos modos rsticos de ser dos brasileiros: os sertanejos, os caboclos, os crioulos, os caipiras e os gachos. Todos eles muito mais marcados pelo que tm de comum como brasileiros, do que pelas diferenas devidas a adaptaes regionais ou funcionais, ou de miscigenao e aculturao que emprestam fisionomia prpria a uma ou outra parcela da populao. (Darcy Ribeiro.O povo brasileiro, 1995. Adaptado.) De acordo com o excerto, a gnese do povo brasileiro est associada
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Surgimos da confluncia, do entrechoque e do caldeamento do invasor portugus com ndios silvcolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos. Nessa confluncia, que se d sob a regncia dos portugueses, matrizes raciais dspares, tradies culturais distintas, formaes sociais defasadas se enfrentam e se fundem para dar lugar a um povo novo. Novo porque surge como uma etnia nacional, que se v a si mesma e vista como uma gente nova, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras. Velho, porm, porque se viabiliza como um proletariado externo, como um implante ultramarino da expanso europeia que no existe para si mesmo, mas para gerar lucros exportveis pelo exerccio da funo de provedor colonial de bens para o mercado mundial, atravs do desgaste da populao. Sua unidade tnica bsica no significa, porm, nenhuma uniformidade, mesmo porque atuaram sobre ela foras diversificadoras: a ecolgica, a econmica e a migrao. Por essas vias se plasmaram historicamente diversos modos rsticos de ser dos brasileiros: os sertanejos, os caboclos, os crioulos, os caipiras e os gachos. Todos eles muito mais marcados pelo que tm de comum como brasileiros, do que pelas diferenas devidas a adaptaes regionais ou funcionais, ou de miscigenao e aculturao que emprestam fisionomia prpria a uma ou outra parcela da populao. (Darcy Ribeiro. O povo brasileiro, 1995. Adaptado.) De acordo com Darcy Ribeiro, dois movimentos caminharam concomitantemente ao longo do processo de formao do povo brasileiro:
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Qual o pecado mais evidente dos mdicos atualmente? Os mdicos esto muito arrogantes, impondo seu ponto de vista a todo custo. Parte da culpa das sub-especializaes mdicas, um fenmeno recente na medicina. Os mdicos atualmente s sabem falar de questes referentes s suas sub-especialidades. No do paciente. Quando o paciente procura ajuda mdica, ele um indivduo, no uma mdia nico. Parece chavo, mas pensar assim faz uma diferena brutal. (Marco Bobbio. Entrevista. Veja, 03.12.2014. Adaptado.) Na entrevista, a medicina atual criticada em virtude de priorizar aspectos
(UNESP -2015 - 1 FASE ) Projeto no Iraque reduz a idade mnima de casamento para xiitas mulheres para 9 anos. Xiitas iraquianas, caso o texto seja aprovado, s podero sair de casa com autorizao do marido e devero estar sempre disponveis para relaes sexuais. Esse tipo de notcia coloca em xeque os ungidos multiculturalistas ocidentais. Como, segundo estes, no h culturas atrasadas mas apenas diferentes, e porque a democracia, entendida apenas como escolha da maioria, um valor absoluto, por que condenar quando a maioria de um povo escolhe por voto a sharia*? Chegamos ao impasse dos multiculturalistas: aceitam que cada cultura seja apenas diferente e que, portanto, no h brbaros, ou constatam o bvio, ou seja, que certas sociedades ainda vivem presas a valores abjetos, que ignoram completamente as liberdades bsicas dos indivduos. Qual vai ser a opo? CONSTANTINO, Rodrigo. Pedofilia? No Iraque islmico permitido por lei!. www.veja.com.br, 02.05.2014. Adaptado. *Sharia: lei islmica. Para o autor, o conflito suscitado ope essencialmente
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) A crise de abastecimento de gua em So Paulo se agravou significativamente a partir de 2002, quando a empresa pblica Sabesp passou a priorizar a obteno de lucro. Com essa alterao, a gua deixou de ser considerada bem pblico e recurso essencial para a sociedade, abandonando-se o foco na universalizao dos servios de saneamento bsico. Nesse mesmo caminho, seguiu uma diretriz estratgica de atender expanso econmica, beneficiando-se com a lucratividade do aumento do consumo, ignorando a suficincia de gua para atender a essa crescente demanda. Do ponto de vista neoliberal, a crise hdrica oferece grandes e novas oportunidades de negcios, tanto para obras como para servios, especialmente no setor de gesto das guas, uma vez que se trata de um bem essencial de que todos so obrigados a dispor a qualquer preo e custo. (Delmar Matter et al. As obras e a crise de abastecimento. www.diplomatique.org.br, 06.02.2015. Adaptado.) No texto, o problema do abastecimento de gua em So Paulo abordado sob o ponto de vista
(UNESP - 2015 - 1 FASE ) Numa deciso para l de polmica, o juiz federal Eugnio Rosa de Arajo, da 17. Vara Federal do Rio, indeferiu pedido do Ministrio Pblico para que fossem retirados da rede vdeos tidos como ofensivos umbanda e ao candombl. No despacho, o magistrado afirmou que esses sistemas de crenas no contm os traos necessrios de uma religio por no terem um texto-base, uma estrutura hierrquica nem um Deus a ser venerado. Para mim, esse um belo caso de concluso certa pelas razes erradas. Creio que o juiz agiu bem ao no censurar os filmes, mas meteu os ps pelas mos ao justificar a deciso. Ao contrrio do Ministrio Pblico, no penso que religies devam ser imunes crtica. Se algum evanglico julga queo candombl est associado ao diabo, deve ter a liberdade de diz-lo. Como no podemos nem sequer estabelecer se Deus e o demnio existem, o mais lgico que prevalea a liberdade de dizer qualquer coisa. SCHWARTSMAN, Hlio. O candombl e o tinhoso. Folha de S. Paulo, 20.05.2014. Adaptado. O ncleo filosfico da argumentao do autor do texto de natureza
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) A deciso de uma prefeitura nos arredores de Paris de distribuir mochilas escolares azuis para os meninos e rosa para meninas provocou polmica na Frana. Nas bolsas distribudas pela prefeitura de Puteaux, h tambm um kit para construir robs, para os meninos, e miangas para fazer bijuterias, para as meninas. A distino causou polmica no momento em que o governo implementa na rede educacional um programa para promover a igualdade entre homens e mulheres e lutar contra os esteretipos. (Distribuio de mochilas escolares azuis e rosas causa polmica na Frana. www.bbc.co.uk. Adaptado.) A polmica citada pela reportagem envolve pressupostos sobre a sexualidade que podem ser definidos pela oposio entre fatores
(UNESP - 2015 - 1 FASE ) IHU On-Line A medicalizao de condutas classificadas como anormais se estendeu a praticamente todos os domnios de nossa existncia. A quem interessa a medicalizao da vida? Sandra Caponi A muitas pessoas. Em primeiro lugar ao saber mdico, aos psiquiatras, mas tambm aos mdicos gerais e especialistas. Interessa muito especialmente aos laboratrios farmacuticos que, desse modo, podem vender seus medicamentos e ampliar o mercado de consumidores de psicofrmacos de modo quase indefinido. Porm, esse interesse seria irrelevante se no existisse uma demanda social que aceita e at solicita que uma ampla variedade de comportamentos cotidianos ingresse no domnio do patolgico. Um exemplo bastante bvio a escola. Crianas com problemas de comportamento mais ou menos srios hoje recebem rapidamente um diagnstico psiquitrico. So medicadas, respondem medicao e atingem o objetivo social procurado. Essas crianas que tomam ritalina ou antipsicticos ficam mais calmas, mais sossegadas, concentradas e, ao mesmo tempo, mais tristes e isoladas. www.ihuonline.unisinos.br. Adaptado. Podemos considerar como uma importante implicao filosfica da medicalizao da vida
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) Para o terico Boaventura de Sousa Santos, o direito se submeteu racionalidade cognitivo-instrumental da cincia moderna e tornou-se ele prprio cientfico. Existe a necessidade de repensarmos os direitos humanos. Boaventura nos instiga a pensar que eles possuem um carter racional e regulador da vida humana. Esses direitos no colaboram para eliminar as assimetrias polticas, culturais, sociais e econmicas existentes, especialmente nos pases perifricos. Os direitos humanos, num plano universalista e aberto a todos, no modificam as estruturas desiguais, mas ratificam a ordenao normativa para comandar uma sociedade. (Adriano So Joo e Joo Henrique da Silva. A historicidade dos direitos humanos. Filosofia, cincia e vida, dezembro de 2014. Adaptado.) De acordo com o texto, os direitos humanos so passveis de crtica porque
(UNESP - 2015 - 1 FASE )No h livro didtico, prova de vestibular ou resposta correta do Enem que no atribua a misria e os conflitos internos da frica a um fator principal: a partilha do continente africano pelos europeus. Essas fronteiras teriam acotovelado no mesmo territrio diversas naes e grupos tnicos, fazendo o caos imperar na frica. Porm, guerras entre naes rivais e disputas pela sucesso de tronos existiam muito antes de os europeus atingirem o interior da frica. Graves conflitos tnicos aconteceram tambm em pases que tiveram suas fronteiras mantidas pelos governos europeus. incrvel que uma teoria to frgil e generalista tenha durado tanto provavelmente isso acontece porque ela serve para alimentar a condescendncia de quem toma os africanos como bons selvagens e tenta isent-los da responsabilidade por seus problemas. (Leandro Narloch. Guia politicamente incorreto da histria do mundo, 2013. Adaptado.) A partir da leitura do texto, correto afirmar que:
(UNESP - 2015/2 - 1 FASE) A revista Vogue trouxe um ensaio na sua edio kids com meninas extremamente jovens em poses sensuais. Eu digo que, enquanto a gente continuar a tratar nossas crianas dessa maneira, pedofilia no ser um problema individual de um tarado hipottico, e sim um problema coletivo, de uma sociedade que comercializa sem pudor o corpo de nossas meninas e meninos, afirmou a roteirista Renata Corra. Para a jornalista Vivi Whiteman, a moda no exatamente o mais tico dos mundos e no tem pudores com nenhum tipo de sensualidade. A questo que, num ensaio de moda feito para vender produtos e comportamento, no h espao para teoria, nem para discusso, nem para aprofundar nada. No questo de demonizar a revista, mas de fato o caso de ampliar o debate sobre essa questo (Mara Kubk Mano. Vogue Kids faz ensaio com crianas em poses sensuais e pode ser acionada pelo MP. CartaCapital, 11.09.2014. Adaptado.) No texto, a pedofilia abordada
(UNESP -2015 - 1 FASE ) Texto 1 O livro Cultura do narcisismo, escrito por Christopher Lasch em 1979, um clssico. O texto de Lasch mostra como o que era diagnosticado como patologia narcsica ou limtrofe nos anos 50 torna-se uma espcie de normalidade compulsria depois de duas dcadas. Para que algum seja considerado bem-sucedido, trivialmente esperado que manipule sua prpria imagem como se fosse um personagem, com a consequente perda do sentimento de autenticidade. DUNKER, Christian. A cultura da indiferena. www.mentecerebro.com.br. Adaptado. Texto 2 Zigmunt Bauman: Afastar-se da percepo de mundo consumista e do tipo de atitude individualista contra o mundo e as pessoas no uma questo a ponderar, mas uma obrigao determinada pelos limites de sustentabilidade desse modelo da vida que pressupe a infinidade de crescimento econmico. Segundo esse modelo, a felicidade est obrigatoriamente vinculada ao acesso a lojas e ao consumo exacerbado. Lojas so alvio a curto prazo, diz o socilogo Zigmunt Bauman. www.mentecerebro.com.br. Adaptado. Considerando os textos, correto afirmar que:
(UNESP - 2015 - 2 FASE) Texto 1 No se pode matar sempre. Faz-se a paz com o vizinho at que se acredite estar bastante forte para recomear. Os que sabem escrever redigem tratados de paz. Os chefes de cada povo, para melhor enganar seus inimigos, testemunham pelos deuses que eles prprios criaram. Inventam-se os juramentos. Um promete por Samonocodo, outro, em nome de Jpiter, viver sempre em harmonia, e na primeira ocasio degolam em nome de Jpiter e de Samonocodo. (VOLTAIRE. Dicionrio filosfico, 1984. Adaptado.) Texto 2 Realizou-se, na tarde deste domingo, 08 de junho, nos Jardins Vaticanos, o encontro de orao pela paz entre o Papa Francisco e os presidentes de Israel e Palestina, respectivamente, Shimon Peres e Mahmoud Abbas. Eis um trecho da orao pela paz feita pelo Papa Francisco: Senhor Deus de Paz, escutai a nossa splica! Tornai-nos disponveis para ouvir o grito dos nossos cidados que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiana e as nossas tenses em perdo. O Presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, proferiu as seguintes palavras: Reconciliao e paz, Senhor, so as nossas metas. Deus, em seu Livro Sagrado, disse aos fiis: Fazei a paz entre vs! Ns estamos aqui, Senhor, orientados em direo paz. Tornai firmes os nossos passos e coroa com o sucesso os nossos esforos e nossas iniciativas. O Presidente de Israel, Shimon Peres, disse: O nosso Livro dos Livros nos impe o caminho da paz, nos pede que trabalhemos por sua realizao. Diz o Livro dos Provrbios: Suas vias so vias de graa, e todas as suas sendas so paz. Assim devem ser as nossas vias. Vias de graa e de paz. Ns todos somos iguais diante do Senhor. Ns todos fazemos parte da famlia humana. (Papa Francisco: Para fazer a paz preciso coragem. http://pt.radiovaticana.va, 08.06.2014.) Considerando a relao entre poltica e religio, indique e comente duas diferenas entre os textos apresentados.