(UNESP - 2018 - 1 FASE) Os homens, diz antigo ditado grego, atormentam-se com a ideia que têm das coisas e não com as coisas em si. Seria grande passo, em alívio da nossa miserável condição, se se provasse que isso é uma verdade absoluta. Pois se o mal só tem acesso em nós porque julgamos que o seja, parece que estaria em nosso poder não o levarmos a sério ou o colocarmos a nosso serviço. Por que atribuir à doença, à indigência, ao desprezo um gosto ácido e mau se o podemos modificar? Pois o destino apenas suscita o incidente; a nós é que cabe determinar a qualidade de seus efeitos.
(Michel de Montaigne. Ensaios, 2000. Adaptado.)
De acordo com o filósofo, a diferença entre o bem e o mal
representa uma oposição de natureza metafísica, que não está sujeita a relativismos existenciais.
relaciona-se com uma esfera sagrada cujo conhecimento é autorizado somente a sacerdotes religiosos.
resulta da queda humana de um estado original de bem-aventurança e harmonia geral do Universo.
depende do conhecimento do mundo como realidade em si mesma, independente dos julgamentos humanos.
depende sobretudo da qualidade valorativa estabelecida por cada indivíduo diante de sua vida.