(UNESP - 2018 - 1 FASE) Texto 1
A água sai de Cabrobó
Parnamirim, Salgueiro
Até Jati
Deixe o rio desaguar doutor
Pra acabar
Com o sofrimento daqui
O São Francisco
Com sua transposição
No meu Nordeste
O progresso vai chegar
[...]
Na contramão
O meu sertão não vai ficar
(Aracílio Araújo. “Deixe o rio desaguar”. www.letras.mus.br.)
Texto 2
Os vazanteiros, que fazem horticultura no leito dos rios que perdem fluxo durante o ano, serão os primeiros a serem totalmente prejudicados. Mas os técnicos insensíveis dirão com enfado: “a cultura de vazante já era”, postergando a realocação dos heróis que abastecem as feiras dos sertões. A eles se deve conceder a prioridade em relação aos espaços irrigáveis a serem implantados com a transposição. De imediato, porém, serão os proprietários 1absenteístas da beira alta e colinas sertanejas que terão água disponível para o gado, o que agregará ainda mais valor às suas terras.
(Aziz N. Ab’Sáber. “A quem serve a transposição das águas do São Francisco?”. CartaCapital, 22.03.2011. Adaptado.)
1 absenteísmo: sistema de exploração da terra em que o proprietário confia sua administração a intermediários, empreiteiros, rendeiros ou feitores.
As perspectivas expressas nos textos 1 e 2 podem ser associadas, respectivamente, aos seguintes impactos ambientais provenientes da transposição das águas do Rio São Francisco:
dinamização da economia regional e especulação imobiliária em áreas agricultáveis.
aumento da demanda por serviços de saúde e valorização de sítios arqueológicos.
diminuição da recarga dos aquíferos e decréscimo da emigração da região.
desmobilização da mão de obra e degradação de terras potencialmente férteis.
redução da oferta hídrica e aumento do potencial energético na hidrelétrica de Xingó.