(UNICAMP - 2005 - 2a fase - Questão 12)
Leia este poema de Cecília Meireles:
Desenho
Traça a reta e a curva,
a quebrada e a sinuosa
Tudo é preciso
De tudo viverás.
Cuida com exatidão da perpendicular
e das paralelas perfeitas.
Com apurado rigor.
Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo,
Traçarás perspectivas, projetarás estruturas.
Número, ritmo, distância, dimensão.
Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória.
Construirás os labirintos impermanentes
que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estás refazendo o teu desenho.
Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
E nem para o teu sepulcro terás a medida certa.
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.
(Cecília Meireles, O estudante empírico, em Antonio Carlos Secchin (org.), Poesia Completa. Tomo II. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 1455 - 56)
a) Tanto o título quanto as ima gens do poema remetem a um domínio do conhecimento humano. Que domínio é esse?
b) Em que sentido são empregadas tais imagens no poema?
c) Esse sentido acaba por ser contrariado ao longo do poema? Responda sim ou não e justifique.