(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) Leia o poema abaixo de António Osório:
Ignição | |
Meus versos, desejo-vos na rua, nas padiolas, pelo chão, encardidos como quem ganha com eles a vida, e o papel vá escurecendo ao sol, a chuva o manche, a capa ganhe dedadas, a companhia aderente de um insecto, as palavras se humildem mais e chegue a sua vez de comoverem alguém que compre, um faminto ajudando. |
Meus versos, desejo-vos nas bibliotecas itinerantes, gostaríeis de viajar por aldeias, praias, escolas primárias, despertar o rápido olhar das crianças, estar nas suas mãos completamente indefeso e, sobretudo, que não vos compreendam. Oxalá escrevam, risquem, atirem no recreio umas às outras como pélas* os livros e sonhem, se possível, com algum verso que súbito se esgueire pela sua alma |
* pélas: bolas |
a) A quem o eu lírico se dirige no início de cada estrofe?
b) No início da segunda estrofe, que reações contraditórias ele espera das crianças?
c) Ao final da segunda estrofe, que desejo ele manifesta a respeito do futuro da poesia?