(UNICAMP - 2006 - 2 FASE ) O soneto abaixo, de Machado de Assis, intitula-se Suave mari magno, expressão usada pelo poeta latino Lucrécio, que passou a
ser empregada para defi nir o prazer experimentado por alguém quando se percebe livre dos perigos a que outros estão expostos:
Suave mari magno | |
Lembra-me que, em certo dia, Na rua, ao sol de verão, Envenenado morria Um pobre cão. Arfava, espumava e ria, De um riso espúrio* e bufão, Ventre e pernas sacudia Na convulsão. |
Nenhum, nenhum curioso Passava, sem se deter, Silencioso, Junto ao cão que ia morrer, Como se lhe desse gozo Ver padecer. |
*espúrio: não genuíno; ilegítimo, ilegal, falsificado. Em medicina, diz respeito a uma enfermidade falsa, não genuína, a que faltam os sintomas característicos. |
a) Que paradoxo o poema aponta nas reações do cão envenenado?
b) Por que se pode afirmar que os passantes, diante dele, também agem de forma paradoxal?
c) Em vista dessas reações paradoxais, justifique o título do poema.