(UNICAMP - 2022 - 1ª fase - Caderno R)
Na ribeira do Eufrates assentado,
Discorrendo me achei pela memória
Aquele breve bem, aquela glória,
Que em ti, doce Sião, tinha passado.
Da causa de meus males perguntado
Me foi: Como não cantas a história
De teu passado bem e da vitória
Que sempre de teu mal hás alcançado?
Não sabes, que a quem canta se lhe esquece
O mal, inda que grave e rigoroso?
Canta, pois, e não chores dessa sorte.
Respondi com suspiros: Quando cresce
A muita saudade, o piedoso
Remédio é não cantar senão a morte.
(Luís de Camões, 20 sonetos. Org. Sheila Hue. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p.113)
Considerando as características formais e o núcleo temático, é correto afirmar que o poema retoma o dito popular
“longe dos olhos, perto do coração”.
“mais vale cantar mal que chorar bem”.
“a cada canto seu Espírito Santo”.
“quem canta seus males espanta”.