(UNICAMP - 2024 - 2ª FASE)
Texto 1
Somente mais tarde, aprendendo com a prática, principalmente depois da introdução dos primeiros escravos africanos, que já na sua pátria se tinham ocupado com lavagem do ouro, e de cuja experiência o natural espírito inventivo e esclarecido dos portugueses e brasileiros logo tirou proveito, foi que os mineiros aperfeiçoaram esses processos de extração. Deve-se principalmente aos negros a adoção das bateias de madeira, redondas e de pouco fundo, de dois a três palmos de diâmetro, que permitem a separação rápida do ouro da terra, quando o cascalho é bastante rico. A eles se devem, também, as chamadas canoas, nas quais se estende um couro peludo de boi, ou uma flanela, cuja função é reter o ouro, que se apura depois em bateias.
(ESCHWEGE, W. L. Pluto Brasiliensis. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, p. 167- 168, v. 1, 1979 [1833]).
Texto 2
Tendo em vista seus conhecimentos gerais e com base no relato de Eschwege, geólogo e metalurgista alemão que esteve no Brasil entre 1809 e 1821, responda às questões a seguir.
a) De que modo a presença da bateia em Minas Gerais, na época da mineração, está relacionada à circulação de saberes da África para o Brasil? Usando o conceito de diáspora, explique o valor histórico das técnicas citadas por Eschewege.
b) Tendo como contexto o período colonial, analise uma diferença entre a escravidão nas áreas urbanas da mineração e a escravidão nas áreas monocultoras de açúcar das capitanias do Nordeste. Explique como os povos escravizados utilizaram a seu favor as técnicas e saberes aprendidos com tradições culturais africanas .