(Unicamp - 2004) O tema geral da prova da primeira fase CIDADE. REDAO Proposta: Escolha uma das trs propostas para a redao (dissertao, narrao ou carta) e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instrues especficas. Coletnea: um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsdio para a sua redao. Sugerimos que voc leia toda a coletnea e selecione os elementos que julgar pertinentes para a realizao da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletnea no significa referncia a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam articulados com a sua experincia de leitura e reflexo. Se desejar, voc pode valer-se tambm de elementos presentes nos enunciados das questes da prova. ATENO: a coletnea nica e vlida para as trs propostas. ATENO Sua redao ser anulada se voc: a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletnea; c) no atender ao tipo de texto da proposta escolhida. APRESENTAO DA COLETNEA A cidade um lugar significativo da experincia humana. Ela tem sido objeto de reflexo de gegrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da sade, estudiosos da linguagem, filsofos, engenheiros, matemticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e to variadas atenes, a cidade mostra-se complexa e multifacetada. COLETNEA 1. No primeiro sinal verde aps o relgio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no cho, calaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestao poltica? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multido instantnea) brasileira. O fenmeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior nmero de pessoas no menor tempo possvel - por e-mail e celular - para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos j invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na verso brasileira, ficou decidido tirar o sapato e bat-lo no cho, como que para tirar areia de dentro. (Adaptado de Anglica Freitas, 40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a So Paulo, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003). 2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as esttuas da cidade, visando chamar a ateno das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manh seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: O que est dentro fica, o que est fora se expande. Em 1980, o grupo, em mais uma ao noturna, estendeu 100 metros de plstico vermelho pelos cruzamentos e entradas no anel virio da Avenida Paulista com rua Consolao. O Detran, porm, desmontava essa e outras aes do grupo, que realizou uma srie de 18 intervenes pela cidade at 1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, Graffiteiros passo a passo rumo virada do milnio, Revista do Patrimnio Histrico, 2, n. 3, 1995, p. 30). 3. O MAPA Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo ( nem que fosse o meu corpo.) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei. H tanta esquina esquisita, Tanta nuana de paredes, H tanta moa bonita, Nas ruas que no andei. (E h uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisvel, delicioso Que faz com que o teu ar Parea mais um olhar, Suave mistrio amoroso, Cidade de meu andar (Deste j to longo andar!) E talvez de meu repouso... (Mrio Quintana, Apontamentos de Histria Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL, 1976). 4. As favelas se constituem atravs de um processo arquitetnico e urbanstico singular que compe uma esttica prpria, uma esttica das favelas. (...) Um barraco de favela construdo pelo prprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso. A construo cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela malevel e flexvel, o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos so quase sempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro uma experincia de percepo espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o prprio percurso impe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, Esttica das favelas, em www.anf.org.br). 5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formao social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idias), diversos em volume, intensidade, ritmo, durao e sentido. Alis, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos. (Milton Santos, Fixos e fluxos cenrio para a cidade sem medo, em O pas distorcido. O Brasil, a globalizao e a cidadania. So Paulo: Publifolha, 2002). 6. Cidades globais so aquelas que concentram percia e conhecimento em servios ligados globalizao, independente do tamanho de sua populao. (...) Megacidade outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades so reas urbanas com mais de 10 milhes de habitantes. (...) Algumas so megacidades e cidades globais, simultaneamente, como Nova York e So Paulo. (...) As cidades mdias so outra categoria de classificao das cidades, com populao entre 50 mil e 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil so as pequenas cidades, ideal utpico de moradia feliz no imaginrio de milhares de pessoas. (Maria da Glria Gohn, O futuro das cidades, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm). 7. Se, por hiptese absurda, pudssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experincia inconsciente de cada habitante e depois sobrepusssemos por transparncia todos esses grficos, obteramos uma imagem muito semelhante de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espcie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextrincvel de sinais, de traados aparentemente arbitrrios, de filamentos tortuosos, embaraados, que mil vezes se cruzam, se interrompem, recomeam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram. (Giulio Carlo Argan, Histria da arte como histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. So Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231). 8. A heterogeneidade de freqentadores dos shopping centers vem se ampliando e ntida numa cidade como So Paulo, uma vez que estes, outrora destinados somente a grupos com alto poder aquisitivo, vm abarcando, em sua expanso por outras regies, grupos que antes no faziam parte da clientela usual. A idia de um espao elitizado vai sendo substitudapela de um espao interclasses. Alm disso, uma centralidade ldica sobrepe-se centralidade do consumo, sobretudo na esfera do lazer: especialmente aos fins de semana, os shopping centers transformam-se em cenrios, onde ocorrem encontros, paqueras, derivas, cio, exibio, tdio, passeio, consumo simblico. Tornam-se uma espcie de praa interbairros que organiza a convivncia, nem sempre amena, de grupos e redes sociais, sobretudo jovens, de diversos locais da cidade. (Adaptado de Heitor Frgoli Jr., Os Shoppings de So Paulo e a trama do urbano: um olhar antropolgico, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frgoli Jr. (orgs.), Shopping Centers espao, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. So Paulo: Editora Unesp, s/d, p. 78). 9. O tombamento de espaos como terreiros de candombl, stios remanescentes de quilombos, vilas operrias, edificaes tpicas de migrantes e outros dessa ordem, isto , ligados ao modo de vida (moradia, trabalho, religio) de grupos sociais e/ou etnicamente diferenciados j no causa muita estranheza: apesar de ainda pouco comum, a incluso de itens como esses na lista do patrimnio cultural oficial mostra a presena de outros valores que ampliam os critrios tradicionais imperantes nos rgos de preservao. Em 1994 ocorreu, entretanto, um tombamento em So Paulo que de certa maneira se diferencia at mesmo dos acima citados: trata-se do Parque do Povo, uma rea de 150.000 m2 , localizada em regio nobre e das mais valorizadas da cidade. Dividida em vrios campos de futebol de terra, ocupada por times conhecidos como de vrzea. (Adaptado de Jos Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, Futebol de vrzea tambm patrimnio, Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, n. 24, 1996, p. 175). 10. Na Rocinha no h quem no respeite o Doutor (cirurgio aposentado Waldir Jazbik, 75 anos). Morador h 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro, ele sabe que pode caminhar pelas ruas de l sem medo, mesmo morando em uma habitao fora dos padres locais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno com mais de 10.000 m2 . (...) Meus amigos da high society diziam que eu era maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomnio fechado aqui perto, mas preferi vir para c. (...) S vim para c porque quero viver a vida que eu mereo viver. (Adaptado de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, Mdico busca vida tranqila na Rocinha, Folha de S.Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4). PROPOSTA A Trabalhe sua dissertao a partir do seguinte recorte temtico: A cidade o lugar da vida, espao fsico no qual acontecem encontros, negociaes, tenses, num dinamismo permanente de criao e transformao. Instrues: Discuta a cidade como um espao mltiplo; Argumente em favor de uma viso dessa multiplicidade; Explore os argumentos para mostrar que a cidade um espao que se configura a partir de relaes diversas. PROPOSTA B Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temtico: Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que a cidade no dorme. Alm de freqentarem bares, clubes, cinemas e bailes, h um crescente nmero de pessoas que circulam noite pela cidade, fsica ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando, divertindo-se. Instrues: Imagine a histria de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a noite e, identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva; Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformao que o(a) personagem experimentou; Sua histria pode ser narrada emprimeiraou emterceira pessoa. PROPOSTA C Trabalhe sua carta a partir do seguinte recorte temtico: As definies do que patrimnio histrico tm mudado, incorporando mbitos e aspectos que ampliam o alcance do conceito e, com isso, o raio de ao da legislao. Fala-se em patrimnio edificado, mas tambm em patrimnio afetivo. Tudo o que relevante para determinada comunidade pode ser considerado patrimnio. Instrues: Escolha um bem urbano,material ou no, que voc considere relevante para ser preservado em sua cidade; Argumenteem favorda preservao desse bem; Dirija a carta a uma pessoa que, na sua opinio, pode vir a se tornar um aliado na luta pelo tombamento desse bem.
(UNICAMP - 2004 - 1a fase) O tema geral da prova da primeira fase CIDADE. REDAO Proposta: Escolha uma das trs propostas para a redao (dissertao, narrao ou carta) e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instrues especficas. Coletnea: um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsdio para a sua redao. Sugerimos que voc leia toda a coletnea e selecione os elementos que julgar pertinentes para a realizao da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletnea no significa referncia a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam articulados com a sua experincia de leitura e reflexo. Se desejar, voc pode valer-se tambm de elementos presentes nos enunciados das questes da prova. ATENO: a coletnea nica e vlida para as trs propostas. ATENO Sua redao ser anulada se voc: a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletnea; c) no atender ao tipo de texto da proposta escolhida. APRESENTAO DA COLETNEA A cidade um lugar significativo da experincia humana. Ela tem sido objeto de reflexo de gegrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da sade, estudiosos da linguagem, filsofos, engenheiros, matemticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e to variadas atenes, a cidade mostra-se complexa e multifacetada. COLETNEA 1. No primeiro sinal verde aps o relgio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no cho, calaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestao poltica? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multido instantnea) brasileira. O fenmeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior nmero de pessoas no menor tempo possvel - por e-mail e celular - para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos j invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na verso brasileira, ficou decidido tirar o sapato e bat-lo no cho, como que para tirar areia de dentro. (Adaptado de Anglica Freitas, 40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a So Paulo, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003). 2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as esttuas da cidade, visando chamar a ateno das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manh seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: O que est dentro fica, o que est fora se expande. Em 1980, o grupo, em mais uma ao noturna, estendeu 100 metros de plstico vermelho pelos cruzamentos e entradas no anel virio da Avenida Paulista com rua Consolao. O Detran, porm, desmontava essa e outras aes do grupo, que realizou uma srie de 18 intervenes pela cidade at 1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, Graffiteiros passo a passo rumo virada do milnio, Revista do Patrimnio Histrico, 2, n. 3, 1995, p. 30). 3. O MAPA Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo ( nem que fosse o meu corpo.) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei. H tanta esquina esquisita, Tanta nuana de paredes, H tanta moa bonita, Nas ruas que no andei. (E h uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisvel, delicioso Que faz com que o teu ar Parea mais um olhar, Suave mistrio amoroso, Cidade de meu andar (Deste j to longo andar!) E talvez de meu repouso... (Mrio Quintana, Apontamentos de Histria Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL, 1976). 4. As favelas se constituem atravs de um processo arquitetnico e urbanstico singular que compe uma esttica prpria, uma esttica das favelas. (...) Um barraco de favela construdo pelo prprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso. A construo cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela malevel e flexvel, o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos so quase sempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro uma experincia de percepo espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o prprio percurso impe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, Esttica das favelas, em www.anf.org.br). 5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formao social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idias), diversos em volume, intensidade, ritmo, durao e sentido. Alis, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos. (Milton Santos, Fixos e fluxos cenrio para a cidade sem medo, em O pas distorcido. O Brasil, a globalizao e a cidadania. So Paulo: Publifolha, 2002). 6. Cidades globais so aquelas que concentram percia e conhecimento em servios ligados globalizao, independente do tamanho de sua populao. (...) Megacidade outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades so reas urbanas com mais de 10 milhes de habitantes. (...) Algumas so megacidades e cidades globais, simultaneamente, como Nova York e So Paulo. (...) As cidades mdias so outra categoria de classificao das cidades, com populao entre 50 mil e 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil so as pequenas cidades, ideal utpico de moradia feliz no imaginrio de milhares de pessoas. (Maria da Glria Gohn, O futuro das cidades, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm). 7. Se, por hiptese absurda, pudssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experincia inconsciente de cada habitante e depois sobrepusssemos por transparncia todos esses grficos, obteramos uma imagem muito semelhante de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espcie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextrincvel de sinais, de traados aparentemente arbitrrios, de filamentos tortuosos, embaraados, que mil vezes se cruzam, se interrompem, recomeam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram. (Giulio Carlo Argan, Histria da arte como histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. So Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231). 8. A heterogeneidade de freqentadores dos shopping centers vem se ampliando e ntida numa cidade como So Paulo, uma vez que estes, outrora destinados somente a grupos com alto poder aquisitivo, vm abarcando, em sua expanso por outras regies, grupos que antes no faziam parte da clientela usual. A idia de um espao elitizado vai sendo substitudapela de um espao interclasses. Alm disso, uma centralidade ldica sobrepe-se centralidade do consumo, sobretudo na esfera do lazer: especialmente aos fins de semana, os shopping centers transformam-se em cenrios, onde ocorrem encontros, paqueras, derivas, cio, exibio, tdio, passeio, consumo simblico. Tornam-se uma espcie de praa interbairros que organiza a convivncia, nem sempre amena, de grupos e redes sociais, sobretudo jovens, de diversos locais da cidade. (Adaptado de Heitor Frgoli Jr., Os Shoppings de So Paulo e a trama do urbano: um olhar antropolgico, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frgoli Jr. (orgs.), Shopping Centers espao, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. So Paulo: Editora Unesp, s/d, p. 78). 9. O tombamento de espaos como terreiros de candombl, stios remanescentes de quilombos, vilas operrias, edificaes tpicas de migrantes e outros dessa ordem, isto , ligados ao modo de vida (moradia, trabalho, religio) de grupos sociais e/ou etnicamente diferenciados j no causa muita estranheza: apesar de ainda pouco comum, a incluso de itens como esses na lista do patrimnio cultural oficial mostra a presena de outros valores que ampliam os critrios tradicionais imperantes nos rgos de preservao. Em 1994 ocorreu, entretanto, um tombamento em So Paulo que de certa maneira se diferencia at mesmo dos acima citados: trata-se do Parque do Povo, uma rea de 150.000 m2 , localizada em regio nobre e das mais valorizadas da cidade. Dividida em vrios campos de futebol de terra, ocupada por times conhecidos como de vrzea. (Adaptado de Jos Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, Futebol de vrzea tambm patrimnio, Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, n. 24, 1996, p. 175). 10. Na Rocinha no h quem no respeite o Doutor (cirurgio aposentado Waldir Jazbik, 75 anos). Morador h 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro, ele sabe que pode caminhar pelas ruas de l sem medo, mesmo morando em uma habitao fora dos padres locais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno com mais de 10.000 m2 . (...) Meus amigos da high society diziam que eu era maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomnio fechado aqui perto, mas preferi vir para c. (...) S vim para c porque quero viver a vida que eu mereo viver. (Adaptado de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, Mdico busca vida tranqila na Rocinha, Folha de S.Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4). PROPOSTA C Trabalhe sua carta a partir do seguinte recorte temtico: As definies do que patrimnio histrico tm mudado, incorporando mbitos e aspectos que ampliam o alcance do conceito e, com isso, o raio de ao da legislao. Fala-se em patrimnio edificado, mas tambm em patrimnio afetivo. Tudo o que relevante para determinada comunidade pode ser considerado patrimnio. Instrues: Escolha um bem urbano, material ou no, que voc considere relevante para ser preservado em sua cidade; Argumente em favor da preservao desse bem; Dirija a carta a uma pessoa que, na sua opinio, pode vir a se tornar um aliado na luta pelo tombamento desse bem.
(UNICAMP - 2004 - 1a fase) O tema geral da prova da primeira fase CIDADE. REDAO Proposta: Escolha uma das trs propostas para a redao (dissertao, narrao ou carta) e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instrues especficas. Coletnea: um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsdio para a sua redao. Sugerimos que voc leia toda a coletnea e selecione os elementos que julgar pertinentes para a realizao da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletnea no significa referncia a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam articulados com a sua experincia de leitura e reflexo. Se desejar, voc pode valer-se tambm de elementos presentes nos enunciados das questes da prova. ATENO: a coletnea nica e vlida para as trs propostas. ATENO Sua redao ser anulada se voc: a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletnea; c) no atender ao tipo de texto da proposta escolhida. APRESENTAO DA COLETNEA A cidade um lugar significativo da experincia humana. Ela tem sido objeto de reflexo de gegrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da sade, estudiosos da linguagem, filsofos, engenheiros, matemticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e to variadas atenes, a cidade mostra-se complexa e multifacetada. COLETNEA 1. No primeiro sinal verde aps o relgio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no cho, calaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestao poltica? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multido instantnea) brasileira. O fenmeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior nmero de pessoas no menor tempo possvel - por e-mail e celular - para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos j invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na verso brasileira, ficou decidido tirar o sapato e bat-lo no cho, como que para tirar areia de dentro. (Adaptado de Anglica Freitas, 40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a So Paulo, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003). 2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as esttuas da cidade, visando chamar a ateno das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manh seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: O que est dentro fica, o que est fora se expande. Em 1980, o grupo, em mais uma ao noturna, estendeu 100 metros de plstico vermelho pelos cruzamentos e entradas no anel virio da Avenida Paulista com rua Consolao. O Detran, porm, desmontava essa e outras aes do grupo, que realizou uma srie de 18 intervenes pela cidade at 1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, Graffiteiros passo a passo rumo virada do milnio, Revista do Patrimnio Histrico, 2, n. 3, 1995, p. 30). 3. O MAPA Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo ( nem que fosse o meu corpo.) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei. H tanta esquina esquisita, Tanta nuana de paredes, H tanta moa bonita, Nas ruas que no andei. (E h uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisvel, delicioso Que faz com que o teu ar Parea mais um olhar, Suave mistrio amoroso, Cidade de meu andar (Deste j to longo andar!) E talvez de meu repouso... (Mrio Quintana, Apontamentos de Histria Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL, 1976). 4. As favelas se constituem atravs de um processo arquitetnico e urbanstico singular que compe uma esttica prpria, uma esttica das favelas. (...) Um barraco de favela construdo pelo prprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso. A construo cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela malevel e flexvel, o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos so quase sempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro uma experincia de percepo espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o prprio percurso impe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, Esttica das favelas, em www.anf.org.br). 5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formao social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idias), diversos em volume, intensidade, ritmo, durao e sentido. Alis, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos. (Milton Santos, Fixos e fluxos cenrio para a cidade sem medo, em O pas distorcido. O Brasil, a globalizao e a cidadania. So Paulo: Publifolha, 2002). 6. Cidades globais so aquelas que concentram percia e conhecimento em servios ligados globalizao, independente do tamanho de sua populao. (...) Megacidade outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades so reas urbanas com mais de 10 milhes de habitantes. (...) Algumas so megacidades e cidades globais, simultaneamente, como Nova York e So Paulo. (...) As cidades mdias so outra categoria de classificao das cidades, com populao entre 50 mil e 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil so as pequenas cidades, ideal utpico de moradia feliz no imaginrio de milhares de pessoas. (Maria da Glria Gohn, O futuro das cidades, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm). 7. Se, por hiptese absurda, pudssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experincia inconsciente de cada habitante e depois sobrepusssemos por transparncia todos esses grficos, obteramos uma imagem muito semelhante de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espcie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextrincvel de sinais, de traados aparentemente arbitrrios, de filamentos tortuosos, embaraados, que mil vezes se cruzam, se interrompem, recomeam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram. (Giulio Carlo Argan, Histria da arte como histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. So Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231). 8. A heterogeneidade de freqentadores dos shopping centers vem se ampliando e ntida numa cidade como So Paulo, uma vez que estes, outrora destinados somente a grupos com alto poder aquisitivo, vm abarcando, em sua expanso por outras regies, grupos que antes no faziam parte da clientela usual. A idia de um espao elitizado vai sendo substitudapela de um espao interclasses. Alm disso, uma centralidade ldica sobrepe-se centralidade do consumo, sobretudo na esfera do lazer: especialmente aos fins de semana, os shopping centers transformam-se em cenrios, onde ocorrem encontros, paqueras, derivas, cio, exibio, tdio, passeio, consumo simblico. Tornam-se uma espcie de praa interbairros que organiza a convivncia, nem sempre amena, de grupos e redes sociais, sobretudo jovens, de diversos locais da cidade. (Adaptado de Heitor Frgoli Jr., Os Shoppings de So Paulo e a trama do urbano: um olhar antropolgico, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frgoli Jr. (orgs.), Shopping Centers espao, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. So Paulo: Editora Unesp, s/d, p. 78). 9. O tombamento de espaos como terreiros de candombl, stios remanescentes de quilombos, vilas operrias, edificaes tpicas de migrantes e outros dessa ordem, isto , ligados ao modo de vida (moradia, trabalho, religio) de grupos sociais e/ou etnicamente diferenciados j no causa muita estranheza: apesar de ainda pouco comum, a incluso de itens como esses na lista do patrimnio cultural oficial mostra a presena de outros valores que ampliam os critrios tradicionais imperantes nos rgos de preservao. Em 1994 ocorreu, entretanto, um tombamento em So Paulo que de certa maneira se diferencia at mesmo dos acima citados: trata-se do Parque do Povo, uma rea de 150.000 m2 , localizada em regio nobre e das mais valorizadas da cidade. Dividida em vrios campos de futebol de terra, ocupada por times conhecidos como de vrzea. (Adaptado de Jos Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, Futebol de vrzea tambm patrimnio, Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, n. 24, 1996, p. 175). 10. Na Rocinha no h quem no respeite o Doutor (cirurgio aposentado Waldir Jazbik, 75 anos). Morador h 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro, ele sabe que pode caminhar pelas ruas de l sem medo, mesmo morando em uma habitao fora dos padres locais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno com mais de 10.000 m2 . (...) Meus amigos da high society diziam que eu era maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomnio fechado aqui perto, mas preferi vir para c. (...) S vim para c porque quero viver a vida que eu mereo viver. (Adaptado de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, Mdico busca vida tranqila na Rocinha, Folha de S.Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4). PROPOSTA B Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temtico: Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que a cidade no dorme. Alm de freqentarem bares, clubes, cinemas e bailes, h um crescente nmero de pessoas que circulam noite pela cidade, fsica ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando, divertindo-se. Instrues: Imagine a histria de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a noite e, identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva; Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformao que o(a) personagem experimentou; Sua histria pode ser narrada em primeira ou em terceira pessoa.
ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs temas propostos para redao e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Voc deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada ao tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema geral EVOLUO/PROGRESSO. So textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Leia a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se tambm de informaes que julgar importantes, mesmo que tenham sido includas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questes desta prova. TEMA B ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAO SER ANULADA. No sculo XXII, um cientista resolve criar o homem perfeito. Para tanto, desenvolve um acelerador gentico, capaz de realizar em pouco tempo um processo que supostamente duraria milnios. Aplica o engenho a um pequeno nmero de cobaias humanas que, idade propcia, so inseridas na sociedade, para cumprirem seu destino. Dessas cobaias, uma suicidou-se, outra tornou-se um criminoso, outra, presidente da repblica. A quarta voc, a quem cabe atestar o xito ou o fracasso do experimento. Componha uma narrativa em primeira pessoa que contenha aes que justifiquem o desfecho das histrias de seus companheiros; um desfecho inteiramente diferente para sua prpria histria.
ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs temas propostos para redao e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Voc deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada ao tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema geral EVOLUO/PROGRESSO. So textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Leia a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se tambm de informaes que julgar importantes, mesmo que tenham sido includas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questes desta prova. TEMA C ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAO SER ANULADA. Periodicamente, ao longo da histria, pensadores tm afirmado que a humanidade chegou a um ponto definitivo (o fim da histria). O artigo abaixo, parcialmente adaptado, que Denis Lerrer Rosenfield publicou no jornal Folha de S. Paulo em 28/06/2002, de certo modo retoma essa afirmao. A POO MGICA O mundo mudou depois de 11 de setembro. A administrao Bush, inicialmente voltada para um fechamento dos EUA sobre si mesmos, cujo smbolo era o projeto de escudo interbalstico, que protegeria essa nao de msseis intercontinentais, afirmase agora claramente como imperial. Sua doutrina militar sofreu uma alterao substancial. Doravante, a prioridade so ataques preventivos, que eliminem os focos terroristas no mundo, ameaando e atacando os Estados que lhes dem cobertura e, sobretudo, que tenham armas qumicas e biolgicas. (...) Talvez o mundo, no futuro, mostre que o problema da democracia passa pela influncia que pases, empresas, sindicatos e meios de comunicao venham a exercer sobre a opinio pblica americana - que pode, ela sim, mudar os rumos do imprio. No esqueamos que a Guerra do Vietn terminou devido influncia decisiva da opinio pblica americana sobre o centro de decises polticas. Os pases devero se organizar para atuar sobre a opinio pblica americana. Se essa descrio dos fatos verdadeira, nenhuma poltica futura poder ser baseada em um confronto direto com os EUA ou em um questionamento dos princpios que regem essa nao. A autonomia, do ponto de vista econmico, socia l, militar e poltico, pertence ao passado. Poderemos ter nostalgia dela, mas seu adeus definitivo. O que no significa, evidentemente, que tenhamos de acatar tudo o que de l vier; imperativo reconhecer, porm, que a realidade mudou e que embates radicais esto fadados ao fracasso. Na poca do Imprio Romano, o general Csar ou os imperadores subseqentes no estavam preocupados com o que se passava na Glia. Seus exrcitos vitoriosos exerciam uma superioridade inconteste. Era mais sensato negociar com eles do que enfrent-los. Se uma Glia moderna achar que pode deixar de honrar contratos, burlar a democracia, fazer os outros de bobos, mudando seu discurso a cada dia ou cada ms, sua poltica se tornar imediatamente inexeqvel. Contudo, se, mesmo assim, esse povo decidir eleger um Asterix, convm lembrar que foi perdida para sempre a frmula da poo mgica e suas ltimas gotas se evaporaram no tempo. Escreva uma carta, dirigida ao Editor do jornal, para ser publicada. Aps identificar a tese central do texto de Rosenfield, a) caso concorde com o ponto de vista do autor, apresente outros argumentos e fatos que o reforcem; b) caso discorde do ponto de vista do autor, apresente argumentos e fatos que o contradigam. Para realizar essa tarefa, alm do texto acima, considere tambm os que se seguem: Ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a no se identificar. 1. Ao ver um cordeiro beira do riacho, o lobo quis devor -lo. Mas precisava de uma boa razo. Apesar de estar na parte superior do rio, acusou-o de sujar a gua. O cordeiro se defendeu: - Como eu iria sujar a gua, se ela est vindo da de cima, onde tu ests? - Sim, mas no ano passado insultaste meu pai, replicou o lobo. - No ano passado, eu nem era nascido... Mas o lobo no se calou: - Podes defender-te quanto quiseres, que no deixarei de te devorar. (Adaptado de Esopo, Fbulas. Porto Alegre, LPM.). 2. Ento saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo nome era Golias, de Gate, da altura de seis cvados e um palmo. (...) Todos os israelitas, vendo aquele homem, fugiam diante dele (...). Davi disse a Saul: ... teu servo ir, e pelejar contra ele. (...) Davi meteu a mo no alforje, e tomou dali uma pedra e com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa, e ele caiu com o rosto em terra. E assim prevaleceu Davi contra Golias, com uma funda e uma pedra. (Adaptado de I Samuel, 17, 4-50.) 3. Os homens fazem sua prpria histria, mas no a fazem como querem; no a fazem sob circunstncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. (Karl Marx, O 18 Brumrio de Lus Bonaparte... Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977).
ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs temas propostos para redao e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Voc deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada ao tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema geral EVOLUO/PROGRESSO. So textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Leia a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se tambm de informaes que julgar importantes, mesmo que tenham sido includas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questes desta prova. TEMA A ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAO SER ANULADA. A palavra evoluo tem sido usada em vrios sentidos, especialmente de mudana e de progresso, seja no campo da biologia, seja nas cincias humanas. Tendo em mente esses diversos sentidos, e considerando a coletnea abaixo, escreva uma dissertao em torno da seguinte afirmao do filsofo Bertrand Russel (Unpopular Essays, 1959): A mudana indubitvel, mas o progresso uma questo controversa. 1. Evoluo significa um desenvolvimento ordenado. Podemos dizer, por exemplo, que os automveis modernos evoluram a partir das carruagens. Freqentemente, os cientistas usam palavras num sentido especial, mas quando falam de evoluo de climas, continentes, planetas ou estrelas, esto falando de desenvolvimento ordenado. Na maioria dos livros cientficos, entretanto, a palavra se refere evoluo orgnica, ou seja, teoria da evoluo aplicada a seres vivos. Essa teoria diz que as plantas e animais se modificaram gerao aps gerao, e que ainda esto se modificando hoje em dia. Uma vez que essa mudana tem-se prolongado atravs das eras, tudo o que vive atualmente na Terra descende, com muitas alteraes, de outros seres que viveram h milhares e at milhes de anos atrs. (Enciclopdia Delta Universal, vol. 6, p. 3134.) 2. Quando se focalizou a lngua, historicamente, no sculo XIX, as mudanas que ela sofre atravs do tempo foram concebidas dentro da idia geral de evoluo. A evoluo, como sabemos, foi um conceito tpico daquela poca. Surgiu ele nas cincias da natureza, e depois, por analog ia, se estendeu s cincias do homem. (...) Do ponto de vista das cincias do homem em geral, a plenitude era entendida como o advento de um estado de civilizao superior, e os povos eram vistos como seguindo fases evolutivas at chegar a uma final, superior, que seria o pice de sua evoluo. (Mattoso Cmara, 1977. Introduo s lnguas indgenas brasileiras. Rio de Janeiro, Ao Livro Tcnico. p. 66.) 3. Progresso, portanto, no um acidente, mas uma necessidade... uma parte da natureza. (Herbert Spencer, Social Statics, 1850, cap. 2, seo 4.) 4. Ator 1 - Com o passar dos sculos - o homem sempre foi muito lento - tendo desgastado um quadrado de pedra e desenvolvido uma coisa que acabou chamando de roda, o homem chegou, porm, a uma concluso decepc ionante - a roda s servia para rodar. Portanto, deixemos claro que a roda no teve a menor importncia na Histria. Que interessa uma roda rodando? A idia verdadeiramente genial foi a de colocar uma carga em cima da roda e, na frente, puxando a carga, um homem pobre. Pois umacoisa definitiva: a maior conquista do homem foi outro homem. O outro homem virou escravo e, durante sculos, foi usado como transporte (liteira), ar refrigerado (abano), lavanderia, e at esgoto, carregando os tonis de coc da gente fina. (Millr Fernandes. A Histria uma histria. Porto Alegre, LPM, 1978.) 5. Na histria evolucionria, relativamente curta, documentada pelos restos fsseis, o homem no aperfeioou seu equipamento hereditrio atravs de modificaes corporais perceptveis em seu esqueleto. No obstante, pde ajustar-se a um nmero maior de ambientes do que qualquer outra criatura, multiplicar-se infinitamente mais depressa do que qualquer parente prximo entre os mamferos superiores, e derrotar o urso polar, a lebre, o gavio, o tigre, em seus recursos especiais. Pelo controle do fogo e pela habilidade de fazer roupas e casas, o homem pode viver, e vive e viceja, desde o Crculo rtico at o Equador. Nos trens e carros que constri, pode superar a mais rpida lebre ou avestruz. Nos avies, pode subir mais alto que a guia, e, com os telescpios, ver mais longe que o gavio. Com armas de fogo, pode derrubar animais que nem o tigre ousa atacar. Mas fogo, roupas, casas, trens, avies, telescpios e revlveres no so, devemos repetir, parte do corpo do homem. Pode coloc-los de lado sua vontade. Eles no so herdados no sentido biolgico, mas o conhecimento necessrio para sua produo e uso parte do nosso legado social, resultado de uma tradio acumulada por muitas geraes, e transmitida, no pelo sangue, mas atravs da fala e da escrita. (Gordon Childe. A evoluo cultural do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1966. p. 39-40.) 6. O homem pode ser desculpado por sentir algum orgulho por ter subido, ainda que no por seus prprios esforos, ao topo da escala orgnica; e o fato de ter subido assim, em vez de ter sido primitivamente colocado l, pode dar-lhe esperanas de ter um destino ainda mais alto em um futuro distante. (Charles Darwin, A descendncia do homem. www.gutenbergnet) 7. ... por causa de nossas aes, os ecossistemas do planeta esto visivelmente evoluindo de formas no previstas pelos seres humanos. Algumas vezes, as mudanas parecem pequenas. Tomemos o caso das rs e das salamandras nas Ilhas Britnicas. Os invernos esto mais quentes nessa regio, devido a mudanas de clima causadas pelos seres humanos. Isso significa que as lagoas onde aqueles animais se reproduzem esto mais quentes. Assim, as salamandras (Triturus) comearam a se acasalar mais cedo. Mas as rs (Rana temporaria) no. De modo que a desova das rs est virando almoo das salamandras. possvel que as lagoas britnicas em que h salamandras continuem por dezenas e dezenas de anos cada vez com menos rs. E ento, um dia, o ecossistema da lagoa desmorona... (Adaptado de Alanna Mitchell, Bad Evolution, The Globe and Mail Saturday, 4/5/2002.) 8. Em que consiste, em ltima anlise, o progresso social? No desenvolvimento do melhor modo possvel dos recursos havidos da natureza, da qual tiramos a subsistncia, e no apuro dos sentimentos altrusticos, que tornam a vida cada vez mais suave, permitindo uma cordialidade maior entre os homens, uma solidariedade mais perfeita, um interesse maior pela felicidade comum, um horror crescente pelas injustias e iniqidades... (Manuel Bonfim, A Amrica Latina: Males de origem. Rio de Janeiro/Paris, H. Garnier, s/d.)
ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs temas propostos para redao e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Voc deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada ao tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema geral TRABALHO. So textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Leia a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se tambm de informaes que julgar importantes, mesmo que tenham sido includas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questes desta prova. TEMA A ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAO SER ANULADA. O trabalho humano tem assumido mltiplas dimenses ao longo da histria. As alternativas que tm sido postas disposio ou que tm sido negadas aos indivduos ou espcie permitem amplo leque de avaliaes. Encontra-se tanto uma defesa incondicional das virtudes da vida laboriosa quanto o elogio do cio ou a defesa de um tempo de trabalho apenas indispensvel sobrevivncia. Levando em conta as presses histricas, sociais e mesmo psicolgicas que condicionam estas vises, exemplificadas nos textos desta coletnea, que permitem uma discusso da questo em seus aspectos contraditrios, escreva uma dissertao sobre o tema: Trabalho: fator de promoo ou de degradao. 1. No inverno, as formigas estavam fazendo secar o gro molhado, quando uma cigarra faminta lhes pediu algo para comer. As formigas lhe disseram: Por que, no vero, no reservaste tambm o teu alimento? A cigarra respondeu: No tinha tempo, pois cantava melodiosamente. E as formigas, rindo, disseram: Pois bem, se cantavas no vero, dana agora no inverno. (Esopo, Fbulas Completas, trad. de Neide Skolka, So Paulo, Moderna, 1994.) 2. Uma estranha loucura apossa-se das classes operrias das naes onde impera a civilizao capitalista. Esta loucura tem como conseqncia as misrias individuais e sociais que, h dois sculos, torturam a triste humanidade. Esta loucura o amor pelo trabalho, a paixo moribunda pelo trabalho, levada at o esgotamento das foras vitais do indivduo e sua prole. Em vez de reagir contra essa aberrao mental, os padres, economistas, moralistas sacrossantificaram o trabalho. Pessoas cegas e limitadas quiseram ser mais sbias que seu prprio Deus; pessoas fracas e desprezveis quiseram reabilitar aquilo que seu prprio Deus havia amaldioado. (Paul Lafargue, O direito preguia, So Paulo, Kayrs, 2 ed., 1980.) 3. Arbeit macht frei (o trabalho liberta, divisa encontrada nos portes do campo de concentrao de Auschwitz). 4. Em 1995 o Brasil tinha cerca de 300 mil voluntrios engajados no Terceiro Setor (fundaes, associaes comunitrias etc.) e mais 3 milhes espalhados por organizaes religiosas de todo o tipo (espritas, pastorais da Igreja etc.). A maioria so pessoas que mal se conhecem, mas que se dispem a ajudar idosos, invlidos, mes sem recursos, crianas abandonadas, de dia ou de noite, em jornadas extras aps o trabalho. (Miguel Jorge, Voluntariado e cidadania, O Estado de S. Paulo, 18/6/2001.) 5. Fotografia de Sebastio Salgado: escadas nas minas de ouro de Serra Pelada. Brasil, 1986. (http://www.terra.com.br/sebastiaosalgado/p_op1/p08w.html) 6. Comea a surgir e a tomar contornos de reivindicao trabalhista o direito desconexo: o direito para o assalariado de se desligar fora do horrio de trabalho, nos fins-de-semana, nas frias da rede telemtica, do arreio eletrnico que o liga ao patro ou a sua firma. (Luiz Felipe de Alencastro, A servido de Tom Cruise, Metamorfoses do trabalho compulsrio, Folha de S. Paulo, Caderno Mais!, 13/8/2000.) 7. A Nike acusada de vender tnis produzidos em pases asiticos por mo-de-obra aviltada. Um levantamento feito junto a quatro mil trabalhadores de nove das 25 fbricas que servem empresa na Indonsia revelou que 56% dos trabalhadores queixamse de insultos verbais, 15,7% das mulheres reclamam de bolinas e 13,7% contam que sofreram coero fsica no servio. Esse estudo foi realizado sob o co-patrocnio da prpria Nike. Outro levantamento, feito no Vietn, mostrou que os trabalhadores ganham US$ 1,60 por dia e teriam que gastar US$ 2,10 para fazer trs refeies dirias. Banheiros, s uma vez por dia. gua, duas vezes. O descumprimento das normas de uso do uniforme punido com corridas compulsrias. Em outros casos, o trabalhador obrigado a ficar de castigo, ajoelhado. A fbrica da localidade de Sam Yang trabalha 20 horas por dia, tem seis mil empregados, mas o expediente do mdico de apenas duas horas dirias. (Elio Gaspari, O micreiro do MIT pegou a Nike, Folha de S. Paulo, 4/3/2001.) 8. O trabalho danifica o homem (declarao de Maguila, lutador de boxe, parodiando um conhecido provrbio). 9. O bom senso questiona: por que razo os homens dessas sociedades [...] quereriam trabalhar e produzir mais, quando trs ou quatro horas dirias de atividade so suficientes para garantir as necessidades do grupo? De que lhes serviria isso? Qual seria a utilidade dos excedentes assim acumulados? Qual seria o destino desses excedentes? sempre pela fora que os homens trabalham alm das suas necessidades. E exatamente essa fora est ausente do mundo primitivo: a ausncia dessa fora externa define inclusive a natureza das sociedades primitivas. Podemos admitir a partir de agora, para qualificar a organizao econmica dessas sociedades, a expresso economia de subsistncia, desde que no a entendamos no sentido de um defeito, de uma incapacidade, inerentes a esse tipo de sociedade e sua tecnologia, mas, ao contrrio, no sentido da recusa de um excesso intil, da vontade de restringir a atividade produtiva satisfao das necessidades. [...] A vantagem de um machado de metal sobre um machado de pedra evidente demais para que nela nos detenhamos: podemos, no mesmo tempo, realizar com o primeiro talvez dez vezes mais trabalho que com o segundo; ou ento executar o mesmo trabalho num tempo dez vezes menor. (Pierre Clastres, A Sociedade contra o Estado, Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1973.) 10. realmente muito triste para mim, hoje em dia, saber que os pastores no conhecem essa tremenda verdade. E doloroso pensar que eles continuaro, uivando como ces, a disputar o meu e o teu, numa luta ferina e bestial. Continuaro a viver dilacerando-se uns aos outros e cuspindo sangue, tragicamente, em proveito de patres que desconhecem. [...] Nosso sangue fervilhava no esforo, regava a terra, coagulava-se. E ns estvamos contentes. Como poderamos desconfiar que o fruto de nosso sangue ia engordar as aves de rapina das cidades, luzidias e repousadas, em suas casas confortveis? Cada um de ns, na mocidade, construa com vistas velhice, sem saber que, numa sociedade como a nossa, a velhice, com ou sem olival, seria tragicamente desprezada pelos jovens! E cada um de ns entregava-se a esse demnio que derramava nos campos nossas energias, espalhandoas conforme seu capricho, tornando-nos felizes sem dilacerar assim nossa prpria carne, esquecidos das calamidades e dos caprichos da natureza. (Gavino Ledda, Pai Patro, Rio de Janeiro, Crculo do Livro, s.d.) [Padre Padrone um romance de 1975, que deu origem ao filme dos irmos Taviani, com o mesmo ttulo. Trata da dura vida de trabalho do filho de um campons da Sardenha.] 11. O argumento conhecido, justo e internacional: por lei, as crianas devem estar na escola, e no trabalhando 12 horas por dia; empresrios inescrupulosos recorrem ao trabalho infantil, pagando salrios indecentes; portanto, preciso uma lei para impedir essas injustias. A questo : qual lei? No caso brasileiro, a lei pode levar as crianas a perder o emprego e a no ganhar nada em termos de aprendizado profissional. Portanto, para que se cumpra a lei, os menores de 16 anos devero ser despedidos. [...] A verdadeira alternativa, para muitos adolescentes, no estudar ou trabalhar, mas trabalhar ou no. As famlias pobres precisam dessa renda, que a lei acaba confiscando. (Adaptado de Carlos A. Sardenberg, Boas intenes que matam, O Estado de S. Paulo, 18/6/2001.)
ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs temas propostos para redao e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Voc deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada ao tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema geral TRABALHO. So textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Leia a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se tambm de informaes que julgar importantes, mesmo que tenham sido includas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questes desta prova. TEMA B ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAO SER ANULADA. Leia o texto abaixo, parte de um depoimento de Luiz Castilhos, branco, natural do Estado do Rio, de 42 anos, solteiro, sabendo ler e escrever, em que ele relata a briga que teve com Joaquim de Souza, mulato, de 32 anos, casado, analfabeto. O depoimento consta nos autos do processo criminal no qual foi ru este ltimo, no Rio de Janeiro, em 1910. [declara] que trabalhava no trapiche Comrcio rua da Sade, onde tambm trabalhava Joaquim Antonio de Souza; que o trabalho que na ocasio faziam o declarante, Joaquim e outros era pesar carne-seca; que ento ali chegando um homem que no vagabundo pediu a Joaquim um pedao de carne para comer; que Joaquim como resposta disse ao homem que pedia que fosse pedir puta que o pariu; que o declarante fazendo ver a Joaquim que havia muita carne e que por conseqncia um pedao que desse ao homem para comer em nada prejudicaria ao dono da mercadoria, Joaquim voltando-se para o declarante mandou-o tambm puta que o pariu; que em vista do mau humor de Joaquim o declarante retirou-se do trapiche visto como naquele momento terminaria o trabalho do dia; que em seguida o declarante foi pagadoria receber a sua diria; que ao voltar da pagadoria Joaquim desfechou-lhe quatro ou cinco tiros [...] (Extrado de Sidney Chaloub, Trabalho, Lar e Botequim: O Cotidiano dos Trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle poque, So Paulo, Brasiliense, 1986, p.105.) O depoimento acima transcrito contm elementos que permitem a construo de uma narrao: personagens, uma situao problemtica e um desfecho. Inspirando-se nos dados desse depoimento, escreva uma narrao em terceira pessoa; com personagens e elementos da situao construdos com base no texto; que contenha, alm do desfecho constante no depoimento, um segundo desfecho, com fatos ocorridos posteriormente aos relatados e que tenham alguma relao com trabalho. No esquea que voc pode valer-se de informaes da coletnea geral e dos enunciados das questes desta prova para escrever sua narrao.
ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs temas propostos para redao e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Voc deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada ao tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema geral TRABALHO. So textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Leia a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se tambm de informaes que julgar importantes, mesmo que tenham sido includas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questes desta prova. TEMA C ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAO SER ANULADA. Considerando especialmente as informaes contidas na matria jornalstica transcrita abaixo, escreva uma carta a um interlocutor de sua escolha (por exemplo, a um sindicalista, a um poltico, a um empresrio) sugerindo que ele se empenhe na aprovao de um projeto de lei que acabe com as horas extras. Nesta carta, voc dever, necessariamente, especificar os principais pontos do projeto de lei que gostaria de ver aprovado. Lembre-se de que voc dever identificar claramente seu destinatrio e organizar seus argumentos, a fim de convenc-lo a acatar sua sugesto. No esquea que voc pode valer-se de informaes da coletnea geral e dos enunciados das questes desta prova para escrever sua carta. Ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a no se identificar. SO PAULO. A recuperao da economia vem se sustentando em boa parte com o uso de horas extras no trabalho. Segundo pesquisa da Fundao Seade e do Dieese, 40,3% dos assalariados da Regio Metropolitana de So Paulo trabalharam, em maro, alm da jornada de 44 horas semanais fixada na Constituio, contra 35,6% no mesmo ms de 2000. No comrcio, foram nada menos do que 52,3%; e na indstria 40,9% prolongaram o expediente. No setor de servios, o percentual foi de 36,2%. O economista Mrio Pochmann, secretrio extraordinrio do Trabalho de So Paulo, calcula que se a jornada fosse cumprida seriam criados imediatamente 4,9 milhes de postos de trabalho no pas, mais do que o suficiente para acabar com o contingente de 1,02 milho de desempregados das seis regies metropolitanas pesquisadas pelo IBGE. FIESP: contratar tem custo alto Pochman utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domiclios (Pnad), do IBGE, realizada em 1999. Esta indicou que cerca de 27 milhes de brasileiros, de um total de 70 milhes de ocupados poca, trabalhavam mais que a jornada legal. No Brasil, a exceo virou regra e comprometeu a criao de novos postos de trabalho diz o Presidente da Central nica dos Trabalhadores (CUT), Joo Felcio. Essa cultura sobrevive tanto em tempos de economia aquecida quanto de recesso. Para as empresas, o recurso das horas extras evita o risco de contrataes em momentos de incerteza, alm de reduzir custos trabalhistas. Os custos de contratao e demisso so muito altos no Brasil justifica o empresrio Roberto Faldini, diretor da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo (Fiesp). A legislao prev que um trabalhador faa at duas horas adicionais por dia til, alm de oito no sbado e oito no domingo, num total de at 26 horas extras semanais. Mas a maioria dos trabalhadores encara esse expediente como forma de complementar renda e aceita propostas de aumento de jornada. Isso derruba qualquer tentativa dos sindicatos de desestimular a prtica das horas extras afirma o diretor-tcnico do Dieese, Srgio Mendona. Paulo Roberto Garcia Silva Jnior, de 20 anos, metalrgico de So Paulo, um exemplo dessa tendncia. H oito meses, foi contratado para trabalhar das 6h s 15h30m, por R$ 370,00 mensais. Hoje, no entanto, consegue quase o dobro fazendo horas extras dirias e folgando s um domingo por ms. Procuro fazer o mximo de horas extras para ganhar mais diz o operrio. O excesso no uma prtica exclusiva dos empregadores. No fim do ano passado, o presidente da Fora Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, descobriu que os cerca de 700 funcionrios do Sindicato dos Metalrgicos de So Paulo faziam mais de cinco mil horas extras por ms. Paulinho proibiu essa prtica no Sindicato e a qualidade do atendimento, segundo ele, no diminuiu. Agora, o sindicalista quer propor ao ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, que adote medidas restringindo o uso de horas extras pelas empresas. Alm de comprometer a gerao de empregos, as horas extras tambm prejudicam a produtividade, aumentando os riscos de acidentes de trabalho. De acordo com o levantamento mais recente do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, o nmero de mortes em acidentes de trabalho em 1999 foi de 3.923, representando um aumento de 3,6% em relao a 1998. (Marcelo Rehder, O Globo, Caderno Economia, 8/5/2001, p.25.)
(UNICAMP - 2001 - 1 FASE) REDAO ORIENTAO GERAL H trs temas sugeridos para redao. Voc deve escolher um deles e desenvolv-lo conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada para cada tema. Assinale no alto da pgina de resposta o tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema. Eles no representam a opinio da banca examinadora: so textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Consulte a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para cada tema. No a copie. Ao elaborar sua redao, voc poder utilizar-se tambm de outras informaes que julgar relevantes para o desenvolvimento do tema escolhido. ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS AO TEMA QUE ESCOLHEU, SUA REDAO SER ANULADA. TEMA C Suponha que voc seja ou o juiz que decidiu pela volta do menino Elin a Cuba, ou um parente de Elin que lutou por sua permanncia nos Estados Unidos, ou o pai de Elin, que lutou por sua volta a casa. Colocandose no lugar de uma dessas pessoas, e considerando os pontos de vista expressos no texto abaixo, escreva uma carta a Elin, mas para ser lida por ele quinze anos depois desses acontecimentos, tentando convenc-lo de que a posio que voc assumiu foi a melhor possvel. Quando a imaginao do mundo se depara com uma tragdia humana to dolorosa quanto a de Elin, o menino refugiado de 6 anos que sobreviveu a um naufrgio apenas para afundar no atoleiro poltico da Miami cubano-americana, ela instintivamente procura penetrar nos coraes e mentes de cada um dos personagens do drama. Qualquer pai ou me capaz de imaginar o que o pai de Elin, Juan Miguel Gonzlez, vem sofrendo, na cidade natal de Elin, Crdenas a dor de perder seu filho primognito; logo depois, a alegria de saber de sua sobrevivncia milagrosa, com Elin boiando at perto da Flrida numa cmara de borracha. A seguir, o abalo de ouvir da boca de um bando de parentes com os quais no tem relao alguma e de pessoas que lhe so totalmente estranhas a notcia de que estavam decididos a colocar-se entre ele e seu filho. Talvez tambm sejamos capazes de compreender um pouco do que se passa na cabea de Elin, virada do avesso. Trata-se, afinal de contas, de um garoto que viu sua me mergulhar no oceano escuro e morrer. Durante um tempo muito longo depois disso, seu pai no esteve a seu lado. Assim, se Elin agora se agarra s mos daqueles que tm estado a seu lado em Miami, se os segura forte, como se segurou cmara de borracha, para salvar sua vida, quem pode culp-lo por isso? Se ergueu uma espcie de felicidade provisria sua volta, em seu novo quintal na Flrida, devemos compreender que um mecanismo de sobrevivncia psicolgica, e no um substituto permanente de seu amor ao pai. [...] Elin Gonzlez virou uma bola de futebol poltica, e acredite na palavra de algum que sabe o que isso a primeira conseqncia de virar uma bola de futebol que voc deixa de ser visto como ser humano que vive e sente. Uma bola um objeto inanimado, feita para ser chutada de um lado a outro. Assim, voc se transforma naquilo que Elin se tornou, na boca da maioria das pessoas que discutem o que fazer dele: til, mas, em essncia, uma coisa, apenas. Voc se transforma em prova da mania de litgio de que sofrem os Estados Unidos, ou do orgulho e poder poltico de uma comunidade imigrante poderosa em nvel local. Voc vira palco de uma batalha entre a vontade da turba e o estado de direito, entre o anticomunismo fantico e o antiimperalismo terceiro-mundista. 4 Voc descrito e redescrito, transformado em slogan e falsificado at quase deixar de existir, para os combatentes que se enfrentam aos gritos. Transforma-se numa espcie de mito, um recipiente vazio no qual o mundo pode derramar seus preconceitos, seu dio, seu veneno. Tudo o que foi dito at agora mais ou menos compreensvel. O difcil imaginar o que se passa na cabea dos parentes de Elin em Miami. A famlia consangnea desse pobre menino optou por colocar suas consideraes ideolgicas de linha dura frente da necessidade bvia e urgente que Elin tem de seu pai. Para a maioria de ns, que estamos de fora, a escolha parece ser desnaturada, repreensvel.[...] Quando os parentes de Miami do a entender que Elin sofrer lavagem cerebral se voltar para casa, isso apenas nos faz pensar que eles so ainda mais bitolados do que os idelogos que condenam. (Salman Rushdie, Elin Gonzlez se transformou numa bola de futebol poltica, Folha de S. Paulo, 07/04/2000, p. A 3, com pequenas adaptaes.) ATENO: AO ASSINAR A CARTA, USE INICIAIS APENAS, DE FORMA A NO SE IDENTIFICAR.
(UNICAMP - 2001 - 1 FASE) REDAO ORIENTAO GERAL H trs temas sugeridos para redao. Voc deve escolher um deles e desenvolv-lo conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada para cada tema. Assinale no alto da pgina de resposta o tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema. Eles no representam a opinio da banca examinadora: so textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Consulte a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para cada tema. No a copie. Ao elaborar sua redao, voc poder utilizar-se tambm de outras informaes que julgar relevantes para o desenvolvimento do tema escolhido. ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS AO TEMA QUE ESCOLHEU, SUA REDAO SER ANULADA. TEMA A Um dos temas dominantes de nossa poca o fim das fronteiras cientficas, geogrficas, econmicas, de comunicao. Foram ultrapassados at mesmo os limites da fico cientfica nas pesquisas sobre genoma e sobre a estrutura do universo e da matria. No campo das comunicaes, as novidades so dirias. Para muitos, vivemos sob o signo da globalizao. Para outros, as conquistas da humanidade no so comuns a todas as pessoas. Paradoxalmente, continuam persistindo, e at se aprofundando, as lutas por identidades (culturais, de gnero, de etnia, etc.). Tomando como referncia a coletnea abaixo, escreva uma dissertao sobre o tema: Um paradoxo da modernidade: eliminao de fronteiras, criao de fronteiras 1. Brbaro, adj. e s. Do gr. brbaros, estrangeiro, no grego [...]; relativo a estrangeiros, a brbaros; semelhante linguagem, aos costumes dos brbaros; brbaro, incorrecto (em referncia a erros contra o bom uso do idioma grego); grosseiro, no civilizado, cruel; pelo lat. barbaru- brbaro, estrangeiro (= latino para os Gregos); brbaro, estrangeiro (todos os povos, excepo dos Gregos e Romanos); brbaro, inculto, selvagem; brbaro, incorrecto (falando da linguagem). Pela comparao com o snscrito barbarah, gago, esloveno brbrati, brbljatati, srvio brboljiti, patinhar, chafurdar, lituano birbti, zumbir, barbozius, zumbidor, verifica-se estarmos na presena de onomatopeias, das quais podemos aproximar o latim balbus (cf. Boisacq, 144- 145), donde em portugus balbo e bobo (q.v.s.v. balbuciar); [...] (Jos Pedro Machado, Dicionrio Etimolgico da Lngua Portuguesa, 2a. ed., Lisboa, Confluncia, 1967.) 2. Assim, acreditei por muito tempo que esta aldeia, onde no nasci, fosse o mundo inteiro. Agora que conheci realmente o mundo e sei que ele feito de muitas pequenas aldeias, no sei se estava to enganado assim quando era menino. Anda-se por mar e por terra da mesma forma que os rapazes do meu tempo iam s festas nas aldeias vizinhas, e danavam, bebiam, brigavam e voltavam para casa arrebentados. [...] necessrio ter-se uma aldeia, nem que seja apenas pelo prazer de abandon-la. Uma aldeia significa no estar sozinho, saber que nas pessoas, nas plantas, na terra h alguma coisa de ns, que, mesmo quando se no est presente, continua nossa espera. Mas difcil ficar sossegado. [...] Essas coisas s so compreendidas com o tempo, com a experincia. Ser possvel que, aos quarenta anos e com o tanto de mundo que conheci, no saiba ainda o que minha aldeia? (Cesare Pavese, A lua e as fogueiras, So Paulo, Crculo do Livro, p. 10 -11.) 3. O movimento do qual eu participo no est vinculado ideologicamente a nada. Nossas aes no so especialmente dirigidas contra os Estados Unidos, mas contra as multinacionais. Entre elas, as que produzem organismos geneticamente modificados, os transgnicos. So empresas americanas, mas tambm europias. Para ns, elas so todas iguais. A forma como a agricultura geneticamente modificada tem sido imposta aos pases europeus no nos deixa outra alternativa seno reagir. [...] O McDonalds o smbolo da uniformizao da comida e da cultura americana no mundo. (Jos Bov, lder campons francs, em entrevista ISTO, 30/08/2000, p. 10 -11.) 4. Por que me matais? Como! No habitais do outro lado da gua? Meu amigo, se morsseis deste lado, eu seria um assassino, seria injusto matar-vos desta maneira; mas, desde que residis do outro lado, sou um bravo, e isso justo. (Pascal, Pensamentos, 293, So Paulo, Abril Cultural, Col. Os Pensadores.) 5. Cem anos passados, aquele destino trgico, que confrontou algozes e vtimas no maior crime da nacionalidade perpetrado, parece ter-se alastrado, como maldio, para todo o territrio do pas. O incndio de Canudos espalhou-se por todo o campo e cidades. O vento levou as cinzas para muito longe, fora de qualquer controle. O grande desencontro de tempos d-se hoje, simultaneamente, em muitos espaos. Essa a grande herana dos modernos. As muitas figuras em que se multiplicam e dispersam os condenados de Canudos, em plena era de globalizao, continuam a vagar sem nomes, sem terra, sem histria: so quase 60 milhes de pobres, prias e miserveis esquecidos do Brasil (que este gigante que dorme, enquanto seus filhos os mais novos e os mais antigos agonizam nas ruas e estradas?). (F. Foot Hardman, Tria de Taipa, Canudos e os Irracionais. In Morte e Progresso: a Cultura Brasileira como apagamento de rastros, So Paulo, Unesp, 1998, p. 132.) 6. O apartheid brasileiro pode ir a juzo, imaginem. A associao nacional dos shoppings deve ir justia a fim de impedir pobres de perturbar seu comrcio. Na origem da demanda judicial estaria o passeio de 130 pobres pelo shopping Rio Sul, organizado por uma tal Frente de Luta Popular. Talvez seja ilegal a perturbao do comrcio. Na tradio brasileira das famlias proprietrias, pobres nas proximidades sempre perturbam. Como dizem os economistas, h um case a. O apartheid no tribunal! (Vincius Torres Freire, Crioulos no limite, Folha de S. Paulo, 27/08/2000, p. A 2.) 7. Se os senhores fossem todos alienistas e eu lhes apresentasse um caso, provavelmente o diagnstico que os senhores me dariam do paciente seria a loucura. Eu no concordaria, pois enquanto esse homem puder explicar-se e eu sentir que podemos manter um contato, afirmarei que ele no est louco. Estar louco uma concepo extremamente relativa. Em nossa sociedade, por exemplo, quando um negro se comporta de determinada maneira, comum dizer-se: Ora, ele no passa de um negro, mas se um branco agir da mesma forma, bem possvel dizerem que ele louco, pois um branco no pode agir daquela forma. Pode-se dizer que um homem diferente, comporta-se de maneira fora do comum, tem idias engraadas, e se por acaso ele vivesse numa cidadezinha da Frana ou da Sua, diriam: um fulano original, um dos habitantes mais originais desse lugar. Mas se trouxermos o tal homem para a Rua Harley, ele ser considerado doido varrido. Se determinado indivduo pintor, todo mundo tende a consider-lo um homem cheio de originalidades, mas coloque-se o mesmo homem como caixa de um banco e as coisas comearo a acontecer... (C. G. Jung, As conferncias de Tavistock. In Fundamentos de psicologia analtica, Petrpolis, Vozes, 1972, p. 56.) 8. Pergunta: O e-mail aproxima as pessoas? Resposta: Isso iluso. Marcel Proust escreveu 21 volumes de cartas. Voc as l e percebe que ele as escrevia para manter as pessoas distncia. Ele no queria se aproximar. Com o e-mail acontece a mesma coisa. Acho at que ele potencializa esse aspecto. Essa histria de comunidade global, com todo mundo falando com todo mundo, lixo ideolgico. Em vez de o sujeito estar num bar, conversando com seus amigos, ele passa horas no computador, mandando mensagens eletrnicas para pessoas que, em muitos casos, nem conhece. Essa uma forma de solido. No houve aproximao. (Walnice Nogueira Galvo, entrevista a 4 Elio Gaspari, Folha de S. Paulo, 27/08/2000, p. A 15.)
(UNICAMP - 2001 - 1 FASE) REDAO ORIENTAO GERAL H trs temas sugeridos para redao. Voc deve escolher um deles e desenvolv-lo conforme o tipo de texto indicado, segundo as instrues que se encontram na orientao dada para cada tema. Assinale no alto da pgina de resposta o tema escolhido. Coletnea de textos: Os textos foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opinies e argumentos relacionados com o tema. Eles no representam a opinio da banca examinadora: so textos como aqueles a que voc est exposto na sua vida diria de leitor de jornais, revistas ou livros, e que voc deve saber ler e comentar. Consulte a coletnea e utilize-a segundo as instrues especficas dadas para cada tema. No a copie. Ao elaborar sua redao, voc poder utilizar-se tambm de outras informaes que julgar relevantes para o desenvolvimento do tema escolhido. ATENO: SE VOC NO SEGUIR AS INSTRUES RELATIVAS AO TEMA QUE ESCOLHEU, SUA REDAO SER ANULADA. TEMA B Ser ou no ser, eis a questo. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Situaes-limite so uma constante, tendo sido retomadas tanto pela literatura como pela sabedoria popular. Pensando nisso, escreva uma narrativa em primeira pessoa, na qual o narrador no seja o protagonista da ao. Considere os aspectos abaixo, que constituiro um roteiro para sua narrativa, a qual pode corresponder a diferentes situaes, como um drama familiar, uma questo de ordem psicolgica, uma aventura, etc.: uma situao problemtica, de cuja soluo depende algo muito importante; uma tentativa de soluo do problema, pela escolha de um dos caminhos possveis, todos arriscados: ultrapassar ou no ultrapassar uma fronteira; uma soluo para o problema, mesmo que origine uma nova situao problemtica.