(UNIFESP 2014) Leia os textos enviados a uma revista por dois de seus leitores. Leitor 1: O alto nmero de bitos entre as mulheres fez com que os cuidados com a sade feminina se tornasse mais necessrios. Hoje sabemos que estamos expostas a muitos fatores; por isso, conhecer os sintomas do infarto fundamental. Leitor 2: Os mdicos devem se aprofundar nos estudos relacionados sade da mulher. A paciente, por sua vez, no pode deixar de se prevenir. Nesse processo, a informao, os recursos adequados e profissionais capacitados so determinantes para diminuir os infatores. (Cartas. Isto, 04.09.2013. Adaptado.) A comparao dos textos enviados pelos leitores permite afirmar corretamente que
(UNIFESP -2014) A sensvel Foi ento que ela atravessou uma crise que nada parecia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda piedade. A cabea to limitada, to bem penteada, mal podia suportar perdoar tanto. No podia olhar o rosto de um tenor enquanto este cantava alegre virava para o lado o rosto magoado, insuportvel, por piedade, no suportando a glria do cantor. Na rua de repente comprimia o peito com as mos enluvadas assaltada de perdo. Sofria sem recompensa, sem mesmo a simpatia por si prpria. Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade como de doena, escolheu um domingo em que o marido viajava para procurar a bordadeira. Era mais um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soubera: passear. Como se ainda fosse a menina que passeia na calada. Sobretudo passeava muito quando sentia que o marido a enganava. Assim foi procurar a bordadeira, no domingo de manh. Desceu uma rua cheia de lama, de galinhas e de crianas nuas aonde fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos com cara de fome, o marido tuberculoso a bordadeira recusou- se a bordar a toalha porque no gostava de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa. Sentia-se to suja pelo calor da manh, e um de seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena, fora muito limpa. Em casa almoou sozinha, deitou-se no quarto meio escurecido, cheia de sentimentos maduros e sem amargura.Oh pelo menos uma vez no sentia nada. Seno talvez a perplexidade diante da liberdade da bordadeira pobre. Seno talvez um sentimento de espera. A liberdade. (Clarice Lispector. Os melhores contos de Clarice Lispector, 1996.) A alternativa em que o enunciado est de acordo com a norma- padro da lngua portuguesa e coerente com o sentido do texto :
(UNIFESP - 2014) Poetas e tipgrafos Vice-cnsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta Joo Cabral de Melo Neto foi a um mdico por causa de sua crnica dor de cabea. Ele lhe receitou exerccios fsicos, para canalizar a tenso. Joo Cabral seguiu o conselho. Comprou uma prensa manual e passou a produzir mo, domesticamente, os prprios livros e os dos amigos. E, com tal ginstica potica, como a chamava, tornou-se essa ave rara e fascinante: um editor artesanal. Um livro recm-lanado, Editores Artesanais Brasileiros, de Gisela Creni, conta a histria de Joo Cabral e de outros sonhadores que, desde os anos 50, enriqueceram a cultura brasileira a partir de seu quarto dos fundos ou de um galpo no quintal. O editor artesanal dispe de uma minitipografia e faz tudo: escolhe a tipologia, compe o texto, diagrama-o, produz as ilustraes, tira provas, revisa, compra o papel e imprime em folhas soltas, no costuradas 100 ou 200 lindos exemplares de um livrinho que, se no fosse por ele, nunca seria publicado. Da, distribui-os aos subscritores (amigos que se comprometeram a comprar um exemplar). O resto, d ao autor. Os livreiros no querem nem saber. Foi assim que nasceram, em pequenos livros, poemas de acredite ou no Joo Cabral, Manuel Bandeira, Drummond, Ceclia Meireles, Joaquim Cardozo, Vinicius de Moraes, Ldo Ivo, Paulo Mendes Campos, Jorge de Lima e at o conto Com o Vaqueiro Mariano (1952), de GuimaresRosa. E de Donne, Baudelaire, Lautramont, Rimbaud, Mallarm, Keats, Rilke, Eliot, Lorca, Cummings e outros, traduzidos por amor. Joo Cabral no se curou da dor de cabea, mas valeu. (Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17.08.2013. Adaptado.) Assinale a alternativa em que se analisa corretamente o fato lingustico do texto.
(UNIFESP - 2014) A sensvel Foi ento que ela atravessou uma crise que nada parecia ter a ver com sua vida: uma crise de profunda piedade. A cabea to limitada, to bem penteada, mal podia suportar perdoar tanto. No podia olhar o rosto de um tenor enquanto este cantava alegre virava para o lado o rosto magoado, insuportvel, por piedade, no suportando a glria do cantor. Na rua de repente comprimia o peito com as mos enluvadas assaltada de perdo. Sofria sem recompensa, sem mesmo a simpatia por si prpria. Essa mesma senhora, que sofreu de sensibilidade como de doena, escolheu um domingo em que o marido viajava para procurar a bordadeira. Era mais um passeio que uma necessidade. Isso ela sempre soubera: passear. Como se ainda fosse a menina que passeia na calada. Sobretudo passeava muito quando sentia que o marido a enganava. Assim foi procurar a bordadeira, no domingo de manh. Desceu uma rua cheia de lama, de galinhas e de crianas nuas aonde fora se meter! A bordadeira, na casa cheia de filhos com cara de fome, o marido tuberculoso a bordadeira recusou- se a bordar a toalha porque no gostava de fazer ponto de cruz! Saiu afrontada e perplexa. Sentia-se to suja pelo calor da manh, e um de seus prazeres era pensar que sempre, desde pequena, fora muito limpa. Em casa almoou sozinha, deitou-se no quarto meio escurecido, cheia de sentimentos maduros e sem amargura. Oh pelo menos uma vez no sentia nada. Seno talvez a perplexidade diante da liberdade da bordadeira pobre. Seno talvez um sentimento de espera. A liberdade. (Clarice Lispector. Os melhores contos de Clarice Lispector, 1996.) O emprego do adjetivo sensvel como substantivo, no ttulo do texto, revela a inteno de