(UNIFESP - 2016)
O que primeiro chama a atenção do crítico na ficção deste escritor é a despreocupação com as modas dominantes e o aparente arcaísmo da técnica. Num momento em que Gustave Flaubert sistematizara a teoria do “romance que narra a si próprio”, apagando o narrador atrás da objetividade da narrativa; num momento em que Émile Zola preconizava o inventário maciço da realidade, observada nos menores detalhes, ele cultivou livremente o elíptico, o incompleto, o fragmentário, intervindo na narrativa com bisbilhotice saborosa. A sua técnica consiste essencialmente em sugerir as coisas mais tremendas da maneira mais cândida (como os ironistas do século XVIII); ou em estabelecer um contraste entre a normalidade social dos fatos e a sua anormalidade essencial; ou em sugerir, sob aparência do contrário, que o ato excepcional é normal, e anormal seria o ato corriqueiro. Aí está o motivo da sua modernidade, apesar do seu arcaísmo de superfície.
(Antonio Candido. Vários escritos, 2004. Adaptado.)
O comentário do crítico Antonio Candido refere-se ao escritor
Machado de Assis.
José de Alencar.
Manuel Antônio de Almeida.
Aluísio Azevedo.
Euclides da Cunha.