(AFA - 2014)
SOMOS SÓ PARTE DA IMENSA DIVERSIDADE
Protagonista do filme “Colegas”, que estreou sexta, fala da vida com a síndrome de Down e de como se sente igual a todos.
Protagonista do filme “Colegas”, do diretor
Marcelo Galvão, o ator Ariel Goldenberg, 32, se define
como um “guerreiro”. E ele é. Guerreiro down, diga-se.
Down de síndrome de Down mesmo.(...)
5 O sonho do guerreiro, agora é se firmar na
carreira de ator (pensa em atuar em uma novela) e
estudar para se tornar diretor também.
Abaixo, entrevista de Goldenberg, em que revela o
segredo de seu sucesso e dá dicas sobre como os pais
10de crianças com Down podem ajudar seus filhos.
Como você avalia o seu desempenho no filme?
Eu dei a minha alma para que o Stallone
expressasse a realidade de um down que luta para
materializar seus sonhos. Stallone sou eu. Tenho
15orgulho de dizer que fizemos o filme todo em um take
só. Gravamos direto, não houve a necessidade de
refazer cenas porque os atores se esqueceram do texto,
ou porque não colocaram verdade nos personagens.
Você alguma vez se sentiu discriminado por ser
20down?
Uma vez. E foi, por coincidência, em um
cinema. Eu e a Rita estamos acostumados a ir ao
cinema toda sexta-feira. Sempre fomos tratados com
respeito, mas, naquele dia, o gerente se recusou a
25aceitar que pagássemos meia-entrada, que é um direito
assegurado aos downs. Ficou claro que ele não nos
queria lá. Me subiu o sangue na hora.
Como você conheceu a Rita?
Entrei no site “Grandes encontros”, que é uma
30sala de bate-papo para pessoas com deficiência, e a
encontrei. O que ela tem de mais? Nada. Apenas uma
alma pura e os olhos azuis bonitos. Casamos nos rituais
judaico, religião da minha família, e no católico, da
família da Rita.
35Você se sente um cara diferente das pessoas comuns?
Não. Eu me sinto igual a todo mundo. Nós
downs perante a sociedade somos downs, mas, perante
Deus, somos normais. É claro que eu sei que temos
uma cópia a mais do cromossomo 21. Mas todo dia
40nasce um bebê torto, ou loiro, ou moreno, ou mais
inteligente ou menos. Nós somos apenas parte da
imensa diversidade dos seres humanos. Por isso, somos
normais.
E ter filhos, você e a Rita não planejam?
45Não. Porque dá muito trabalho formar um filho
com a síndrome. E há a probabilidade muito grande de
termos um filho com a síndrome. Eu não quero arriscar.
CAPRIGLIONE, Laura. Folha de São Paulo. 04 de março de 2013.
"Tenho orgulho de dizer que fizemos o filme todo em um take só. Gravamos direto, não houve a necessidade de refazer cenas porque os atores se esqueceram do texto, ou porque não colocaram verdade nos personagens.”(l. 14 a 18)
Assinale a alternativa que apresenta uma inferência adequada a respeito do excerto acima.
Em filmes cujos atores são pessoas com deficiência quase sempre há a necessidade de gravar várias vezes, uma vez que eles não conseguem decorar textos.
Fazer filmes ou gravações em um só take é comum quando os atores são experientes ou quando são pessoas com deficiência, pois o nível de exigência para o último é menor.
As pessoas com deficiência são plenamente capazes de executar tarefas com a mesma propriedade que as outras chamadas de normais, podendo até superá-las em alguns casos.
As pessoas com deficiência são mais ágeis e rápidas quando executam atividades relacionadas a si mesmas, por isso conseguem colocar verdade nos personagens e, dessa forma, não há necessidade de refazer cenas.