(Fgv 2009)
"Caro, o pão faltava nas mesas dos pobres. Na Inglaterra, após mais de cem anos de estabilidade, seu valor quintuplicou em 1315. Na França, aumentou 25 vezes em 1313 e multiplicou-se por 21 em 1316. A carestia disseminou-se por toda a Europa e perdurou por décadas.
(...)
Faltava comida não por ausência de braços ou de terras.
(...)
Afinal, se os camponeses - esteio do crescimento demográfico verificado desde o ano 1000 - não conseguiam produzir mais, era porque já haviam cultivado toda a terra a que tinham acesso legal.
Já os senhores não faziam pura e simplesmente porque não queriam. Moeda sonante não era exatamente a base de seu poder e glória".
(Manolo Florentino, Os sem-marmita, "Folha de S. Paulo", 07.09.2008)
O texto traz alguns elementos da chamada crise do século XIV, sobre a qual é correto afirmar que:
resultou da discrepância entre o aumento da produtividade nos domínios senhoriais desde o século XI e o recuo da produção urbana de manufaturas.
foi decorrência direta da peste negra, que assolou o norte da Europa durante todo o século XIV, e fez que os salários fossem fixados em níveis muito baixos.
resultou do recrudescimento das obrigações feudais, que gerou a concentração da produção de trigo e cevada nas mãos de poucos senhores feudais da França.
foi deflagrada, após as inúmeras revoltas operárias, no campo e na cidade, que quebraram com a longa estabilidade do mundo feudal europeu.
teve ligação com as estruturas feudais que impediam que a produção crescesse no mesmo ritmo do crescimento da população em certas regiões da Europa.