(FUVEST - 2003 - 1a Fase) Leia o texto a seguir:
Eu te amo
Ah, se já perdemos a noção da hora,
Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...
(...)
Se entornaste a nossa sorte pelo chão,
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...
(...)
Como, se nos amamos como dois pagãos,
Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...
Não, acho que estás só fazendo de conta,
Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...
(Tom Jobim - Chico Buarque)
Examinando-se aspectos construtivos deste texto, verifica-se que
todas as ocorrências da conjunção se expressam uma condição, com o sentido de no caso de.
o emprego de como, no início da quarta estrofe, é uma retomada de “como hei de partir”, da primeira estrofe.
A repetição de conta, na última estrofe, reitera a mesma idéia do custo que a separação representa para o sujeito.
o emprego da vírgula depois de Não, na última estrofe, é facultativo, uma vez que a partícula negativa tem aqui o valor de uma simples ênfase.
o efeito dramático nele obtido nasce da reiterada oposição entre ações transcorridas no passado.