(FUVEST - 2004 - 1ª fase)
ORAÇÃO A TERESINHA DO MENINO JESUS
Perdi o jeito de sofrer.
Ora essa.
Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
Quero alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!
Santa Teresa não, Teresinha...
Teresinha... Teresinha...
Teresinha do Menino Jesus.
(...)
(Manuel Bandeira, Libertinagem)
Sobre este trecho do poema, só NÃO é correto afirmar o que está em:
Ao preferir Teresinha a Santa Teresa, o eu-lírico manifesta um desejo de maior intimidade com o sagrado, traduzida, por exemplo, no diminutivo e na omissão da palavra “Santa”.
O feitio de oração que caracteriza estes versos não é caso único em Libertinagem nem é raro na poesia de Bandeira.
Embora com feitio de oração, estes versos utilizam principalmente a variedade coloquial da linguagem.
Em “do Menino Jesus”, qualificativo de Teresinha, pode-se reconhecer um eco da predileção de Bandeira pelo tema da infância, recorrente em Libertinagem e no conjunto de sua poesia.
Apesar de seu feitio de oração, estes versos manifestam intenção desrespeitosa e mesmo sacrílega em relação à religião estabelecida.