(FUVEST - 2088 - 1 FASE) H muitas, quase infinitas maneiras de ouvir msica. Entretanto, as trs mais freqentes distinguem-se pela tendncia que em cada uma delas se torna dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente. Ouvir com o corpo empregar no ato da escuta no apenas os ouvidos, mas a pele toda, que tambm vibra ao contato com o dado sonoro: sentir em estado bruto. bastante freqente, nesse estgio da escuta, que haja um impulso em direo ao ato de danar. Ouvir emotivamente, no fundo, no deixa de ser ouvir mais a si mesmo que propriamente a msica. usar da msica a fim de que ela desperte ou reforce algo j latente em ns mesmos. Sai-se da sensao bruta e entra-se no campo dos sentimentos. Ouvir intelectualmente dar-se conta de que a msica tem, como base, estrutura e forma. Referir-se msica a partir dessa perspectiva seria atentar para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos se estruturam, qual a forma alcanada nesse processo. Adaptado de J. Jota de Moraes, O que msica. Considere as seguintes afirmaes: I. Ouvir msica com o corpo senti-la em estado bruto. II. Ao ouvir-se msica emotivamente, sai-se do estado bruto. Essas afirmaes articulam-se de maneira clara e coerente no perodo:
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) S. Paulo, 13-XI-42 Murilo So 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas doena que me prende, irmo pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo ltimo, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que no fao nada, com o desnimo de apsgripe, uma moleza invencvel, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por a. (...) Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos propositais. Sim senhor, seu poeta, voc at est ficando escritor e estilista. Voc tem toda a razo de no gostar do nariz furo, de comichona, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente a da gente no gostar sensitivamente. As palavras so postas de propsito pra no gostar, devido elevao declamatria do coral que precisa ser um bocado brbara, brutal, insatisfatria e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfao no prazer esttico, no deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que voc recusou s uma continua me desagradando lar fechadinho, em que o carinhoso do diminutivo um desfalecimento no grandioso do coral. Mrio de Andrade, Cartas a Murilo Miranda. ... estou honestissimamente em casa, imagine! Mas doena que me prende, irmo pequeno. No trecho acima, o termo grifado indica que o autor da carta pretende
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) S. Paulo, 13-XI-42 Murilo So 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas doena que me prende, irmo pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo ltimo, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que no fao nada, com o desnimo de apsgripe, uma moleza invencvel, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por a. (...) Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos propositais. Sim senhor, seu poeta, voc at est ficando escritor e estilista. Voc tem toda a razo de no gostar do nariz furo, de comichona, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente a da gente no gostar sensitivamente. As palavras so postas de propsito pra no gostar, devido elevao declamatria do coral que precisa ser um bocado brbara, brutal, insatisfatria e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfao no prazer esttico, no deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que voc recusou s uma continua me desagradando lar fechadinho, em que o carinhoso do diminutivo um desfalecimento no grandioso do coral. Mrio de Andrade, Cartas a Murilo Miranda. No texto, as palavras sinusitezinha e trabalhandinho exprimem, respectivamente,
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) S. Paulo, 13-XI-42 Murilo So 23 horas e estou honestissimamente em casa, imagine! Mas doena que me prende, irmo pequeno. Tomei com uma gripe na semana passada, depois, desensarado, com uma chuva, domingo ltimo, e o resultado foi uma sinusitezinha infernal que me inutilizou mais esta semana toda. E eu com tanto trabalho! Faz quinze dias que no fao nada, com o desnimo de apsgripe, uma moleza invencvel, e as dores e tratamento atrozes. Nesta noitinha de hoje me senti mais animado e andei trabalhandinho por a. (...) Quanto a suas reservas a palavras do poema que lhe mandei, gostei da sua habilidade em pegar todos os casos propositais. Sim senhor, seu poeta, voc at est ficando escritor e estilista. Voc tem toda a razo de no gostar do nariz furo, de comichona, etc. Mas lhe juro que o gosto consciente a da gente no gostar sensitivamente. As palavras so postas de propsito pra no gostar, devido elevao declamatria do coral que precisa ser um bocado brbara, brutal, insatisfatria e lancinante. Carece botar um pouco de insatisfao no prazer esttico, no deixar a coisa muito bem-feitinha.(...) De todas as palavras que voc recusou s uma continua me desagradando lar fechadinho, em que o carinhoso do diminutivo um desfalecimento no grandioso do coral. Mrio de Andrade, Cartas a Murilo Miranda. No trecho ...o gosto consciente a da gente no gostar sensitivamente, apresenta-se um jogo de idias contrrias, que tambm ocorre em
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) No incio do sculo XVI, Maquiavel escreveu O Prncipe uma clebre anlise do poder poltico, apresentada sob a forma de lies, dirigidas ao prncipe Lorenzo de Mdicis. Assim justificou Maquiavel o carter professoral do texto: No quero que se repute presuno o fato de um homem de baixo e nfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos prncipes; pois assim como os [cartgrafos] que desenham os contornos dos pases se colocam na plancie para considerar a natureza dos montes, e para considerar a das plancies ascendem aos montes, assim tambm, para conhecer bem a natureza dos povos, necessrio ser prncipe, e para conhecer a dos prncipes necessrio ser do povo. Traduo de Lvio Xavier, adaptada. Ao justificar a autoridade com que pretende ensinar um prncipe a governar, Maquiavel compara sua misso de um cartgrafo para demonstrar que
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) No incio do sculo XVI, Maquiavel escreveu O Prncipe uma clebre anlise do poder poltico, apresentada sob a forma de lies, dirigidas ao prncipe Lorenzo de Mdicis. Assim justificou Maquiavel o carter professoral do texto: No quero que se repute presuno o fato de um homem de baixo e nfimo estado discorrer e regular sobre o governo dos prncipes; pois assim como os [cartgrafos] que desenham os contornos dos pases se colocam na plancie para considerar a natureza dos montes, e para considerar a das plancies ascendem aos montes, assim tambm, para conhecer bem a natureza dos povos, necessrio ser prncipe, e para conhecer a dos prncipes necessrio ser do povo. Traduo de Lvio Xavier, adaptada. Est redigido com clareza, coerncia e correo o seguinte comentrio sobre o texto:
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) A borboleta Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: Olha uma borboleta! O crtico ajusta os nasculos e, ante aquele pedao esvoaante de vida, murmura: Ah!, sim, um lepidptero... Mrio Quintana, Caderno H. asculos = culos sem hastes, ajustveis ao nariz. Depreende-se desse fragmento que, para Mrio Quintana,
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Meses depois fui para o seminrio de S. Jos. Se eu pudesse contar as lgrimas que chorei na vspera e na manh, somaria mais que todas as vertidas desde Ado e Eva. H nisto alguma exagerao; mas bom ser enftico, uma ou outra vez, para compensar este escrpulo de exatido que me aflige. Machado de Assis, Dom Casmurro. Considerando-se o contexto desse romance de Machado de Assis, pode-se afirmar corretamente que, no trecho acima, ao comentar o prprio estilo, o narrador procura
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Meses depois fui para o seminrio de S. Jos. Se eu pudesse contar as lgrimas que chorei na vspera e na manh, somaria mais que todas as vertidas desde Ado e Eva. H nisto alguma exagerao; mas bom ser enftico, uma ou outra vez, para compensar este escrpulo de exatido que me aflige. Machado de Assis, Dom Casmurro. O escrpulo de exatido que, no trecho, o narrador contrape exagerao ocorre tambm na frase:
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Considere as seguintes afirmaes sobre trs obras literrias: Na primeira obra, o catolicismo apresenta-se como religio absoluta, cujos princpios slidos mais sobressaem ao serem contrapostos s desordens humanas. Na segunda obra, diferentemente, ele aparece como religio relativamente malevel, cujos preceitos as personagens acabam por adaptar a seus desejos e convenincias, sem maiores problemas de conscincia subseqentes. J na terceira obra, o catolicismo comparece sobretudo como parte de um resgate mais amplo de valores familiares e tradicionais, empreendido pelo protagonista. Essas afirmaes referem-se, respectivamente, s seguintes obras:
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Considere as seguintes comparaes entre Vidas Secase Iracema: I. Em ambos os livros, a parte final remete o leitor ao incio da narrativa: em Vidas Secas, essa reconduo marca o retorno de um fenmeno cclico; em Iracema, a remisso ao incio confirma que a histria fora contada em retrospectiva, reportando-se a uma poca anterior da abertura da narrativa. II. A necessidade de migrar tema de que Vidas Secastrata abertamente. O mesmo tema, entretanto, j era sugerido no captulo final de Iracema, quando, referindo-se condio de migrante de Moacir, o primeiro cearense, o narrador pergunta: Havia a a predestinao deuma raa? III. As duas narrativas elaboram suas tramas ficcionais a partir de indivduos reais, cuja existncia histrica, e no meramente ficcional, documentada: o caso de Martim e Moacir, em Iracema, e de Fabiano e sinha Vitria, em Vidas Secas. Est correto o que se afirma em:
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Apesar de viver um pouco ao sabor da sorte, sem plano nem reflexo, movido pelas circunstncias, como uma espcie de ttere (expresses de Antonio Candido), o protagonista das Memrias de um sargento de milcias, Leonardo (filho), como outras personagens do romance, mostra-se bastante determinado quando se trata de
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) Entre os seguintes versos de Alberto Caeiro, aqueles que, tomados em si mesmos, expressam ponto de vista frontalmente contrrio a orientao dominante que se manifesta em A rosa do povo,de Carlos Drummond de Andrade, so os que esto em:
(FUVEST - 2008 - 1 FASE) A frase em que todos os vocbulos grifadosesto corretamente empregados :