(FUVEST - 2014) A civilizao ps-moderna culminou em um progresso inegvel, que no foi percebido antecipadamente, em sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o mau uso da cincia, da tecnologia e da capacidade de inveno nos precipitou na misria moral inexorvel. Os que condenam a [5]cincia, a tecnologia e a inveno criativa por essa misria ignoram os desafios que explodiram com o capitalismo monopolista de sua terceira fase. Em pginas secas premonitrias, E. Mandel* apontara tais riscos. O livre jogo do mercado (que no e [10]nunca foi livre) rasgou o ventre das vtimas: milhes de seres humanos nos pases ricos e uma carrada maior de milhes nos pases pobres. O centro acabou fabricando a sua periferia intrnseca e apossou-se, como no sucedeu nem sob o regime colonial direto, das outras periferias [15] externas, que abrangem quase todo o resto do mundo. Florestan Fernandes, Folha de S. Paulo, 27/12/1993. (*) Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante poltico belga. *os nmeros entre colchetes indicam o nmero das linhas do texto original. O emprego de aspas em uma dada expresso pode servir, inclusive, para indicar que ela foi utilizada pelo autor com algum tipo de restrio; pertence ao jargo de uma determinada rea do conhecimento; contm sentido pejorativo, no assumido pelo autor. Considere as seguintes ocorrncias de emprego de aspas presentes no texto: A-ps-moderna (L. 1); B-mau uso (L. 3); C-livre jogo do mercado (L. 10); D-livre (L. 11); E-resto do mundo (L. 16). As modalidades I, II e III de uso de aspas, elencadas acima, verificam-se, respectivamente, em
(FUVEST - 2014) Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este Prncipe concebera a ideia de que o homem s superiormente feliz quando superiormente civilizado. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que, robustecendo a sua fora pensante com todas as noes adquiridas desde Aristteles, e multiplicando a potncia corporal dos seus rgos com todos os mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um magnfico Ado, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher [...] todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber e Poder... [...] Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenculo, que [...] estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos indivduos, como a das naes, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da Mecnica e da erudio. Um desses moos [...] reduzira a teoria de Jacinto [...] a uma forma algbrica: E durante dias, do Odeon Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a Equao Metafsica de Jacinto. Ea de Queirs,A cidade e as serras. Sobre o elemento estrutural oni, que forma as palavras do texto onipotente e onisciente, s NO correto afirmar:
(Fuvest 2014) O texto refere-se ao perodo em que, morando em Paris, Jacinto entusiasmava-se com o progresso tcnico e a acumulao de conhecimentos. Considerada do ponto de vista dos valores que se consolidam na parte final do romance, a forma algbrica mencionada no texto passaria a ter, como termo conclusivo, no mais Suma felicidade, mas, sim, Suma
FUVEST 2014 Examine as seguintes afirmações relativas a romances brasileiros do século XIX, nos quais a escravidão aparece e, em seguida, considere os três livros citados: I. Tão impregnado mostrava-se o Brasil de escravidão, que até o movimento abolicionista pode servir, a ela, de fachada. II. De modo flagrante, mas sem julgamentos morais ou ênfase especial, indica-se a prática rotineira do tráfico transoceânico de escravos. III. De modo tão pontual quanto incisivo, expõe-se o vínculo entre escravidão e prática de tortura física A. Memórias de um sargento de milícias; B. Memórias póstumas de Brás Cubas; C. O cortiço. AsafirmaçõesI,IIeIIIrelacionam-se,demodomaisdireto, respectivamente,comosromances
(FUVEST 2014) CAPÍTULO LXXI O senão do livro Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas No contexto, a locução Heis de cair, na última linha do texto, exprime:
(FUVEST 2014) CAPÍTULO LXXI O senão do livro Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem... E caem! Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar... Heis de cair. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas (FUVEST 2014) Um leitor que tivesse as mesmas inclinações que as atribuídas, pelo narrador, ao leitor das Memórias póstumas de Brás Cubas teria maior probabilidade de impacientar-se, também, com a leitura da obra
(FUVEST 2014) CAPTULO LXXI O seno do livro Comeo a arrepender-me deste livro. No que ele me canse; eu no tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros captulos para esse mundo sempre tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contrao cadavrica; vcio grave, e alis nfimo, porque o maior defeito deste livro s tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narrao direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo so como os brios, guinam direita e esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaam o cu, escorregam e caem... E caem! Folhas misrrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lgrima de saudade. Esta a grande vantagem da morte, que, se no deixa boca para rir, tambm no deixa olhos para chorar... Heis de cair. Machado de Assis, Memrias pstumas de Brs Cubas Nas primeiras verses das Memrias pstumas de Brs Cubas, constava, no final do captulo LXXI, aqui reproduzido, o seguinte trecho, posteriormente suprimido pelo autor: [... Heis de cair.] Turvo o ar que respirais, amadas folhas. O sol que vos alumia, com ser de toda a gente, um sol opaco e reles, de ........................ e ........................ . As duas palavras que aparecem no final desse trecho, no lugar dos espaos pontilhados, podem servir para qualificar, de modo figurado, a mescla de tonalidades estilsticas que caracteriza o captulo e o prprio livro. Preenchem de modo mais adequado as lacunas as palavras
(FUVEST - 2014) Considere as seguintes comparaes entre Vidas secas, de Graciliano Ramos, e Capites da areia, de Jorge Amado: I. Quanto relao desses livros com o contexto histrico em que foram produzidos, verifica-se que ambos so tributrios da radicalizao poltico-ideolgica subsequente, no Brasil, Revoluo de 1930. II. Embora os dois livros comportem uma conscincia crtica do valor da linguagem no processo de dominao social, em Vidas secas, essa conscincia relaciona-se ao emprego de um estilo conciso e at asctico, o que j no ocorre na composio de Capites da areia. III. Por diferentes que sejam essas obras, uma e outra conduzem a um final em que se anuncia a redeno social das personagens oprimidas, em um futuro mundo reconciliado, de felicidade coletiva. Est correto o que se afirma em
(FUVEST-2014) Revelação do subúrbio Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a vidraça do carro*, vendo o subúrbio passar. O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de não repararmos suficientemente em suas luzes que mal têm tempo de brilhar. A noite come o subúrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esforça, até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais e à noite só existe a tristeza do Brasil. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940. (*)carro: vagão ferroviário para passageiros. Para a caracterização do subúrbio, o poeta lança mão, principalmente, da(o)
(FUVEST - 2014) Revelao do subrbio Quando vou para Minas, gosto de ficar de p, contra a vidraa do carro*, vendo o subrbio passar. O subrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de no repararmos suficientemente em suas luzes que mal tm tempo de brilhar. A noite come o subrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esfora, at que vem o campo onde pela manh repontam laranjais e noite s existe a tristeza do Brasil. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940. (*)carro: vago ferrovirio para passageiros. Considerados no contexto, dentre os mais de dez verbos no presente, empregados no poema, exprimem ideia, respectivamente, de habitualidade e continuidade
(FUVEST 2014) Revelao do subrbio Quando vou para Minas, gosto de ficar de p, contra a vidraa do carro*, vendo o subrbio passar. O subrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de no repararmos suficientemente em suas luzes que mal tm tempo de brilhar. A noite come o subrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esfora, at que vem o campo onde pela manh repontam laranjais e noite s existe a tristeza do Brasil. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940. (*)carro: vago ferrovirio para passageiros. Em consonncia com uma das linhas temticas principais de Sentimento do mundo, o vivo interesse que, no poema, o eu lrico manifesta pela paisagem contemplada prende-se, sobretudo, ao fato de o subrbio ser
(FUVEST - 2014) Revelao do subrbio Quando vou para Minas, gosto de ficar de p, contra a vidraa do carro*, vendo o subrbio passar. O subrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de no repararmos suficientemente em suas luzes que mal tm tempo de brilhar. A noite come o subrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esfora, at que vem o campo onde pela manh repontam laranjais e noite s existe a tristeza do Brasil. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940. (*)carro: vago ferrovirio para passageiros. No poema de Drummond, a presena dos motivos da velocidade, da mecanizao, da eletricidade e da metrpole configura-se como
(FUVEST 2014) Revelao do subrbio Quando vou para Minas, gosto de ficar de p, contra a vidraa do carro*, vendo o subrbio passar. O subrbio todo se condensa para ser visto depressa, com medo de no repararmos suficientemente em suas luzes que mal tm tempo de brilhar. A noite come o subrbio e logo o devolve, ele reage, luta, se esfora, at que vem o campo onde pela manh repontam laranjais e noite s existe a tristeza do Brasil. Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940. (*)carro: vago ferrovirio para passageiros. Segundo o crtico e historiador da literatura Antonio Candido de Mello e Souza, justamente na dcada que presumivelmente corresponde ao perodo de elaborao do livro a que pertence o poema, o modo de se conceber o Brasil havia sofrido alterao marcada de perspectivas. A leitura do poema de Drummond permite concluir corretamente que, nele, o Brasil no mais era visto como pas
(FUVEST - 2014) Uma jovem estudante quis demonstrar para sua me o que uma reao qumica. Para tanto, preparou, em cinco copos, as seguintes solues: Copo Soluo 1 vinagre 2 sal de cozinha + gua 3 fermento qumico (NaHCO3) + gua 4 acar + gua 5 suco de limo Em seguida, comeou a fazer misturas aleatrias de amostras das solues contidas nos copos, juntando duas amostras diferentes a cada vez. Qual a probabilidade de que ocorra uma reao qumica ao misturar amostras dos contedos de dois dos cinco copos?
(FUVEST 2014 - 1 FASE)Partculas com carga eltrica positiva penetram em uma cmara em vcuo,onde h, em todo seu interior, um campo eltrico de mdulo E e um campo magntico demdulo B, ambos uniformes e constantes, perpendiculares entre si, nas direes e sentidosindicados na figura. As partculas entram na cmara com velocidades perpendiculares aoscampos e de mdulos v1 (grupo 1), v2 (grupo 2) e v3 (grupo 3). As partculas do grupo 1 tm suatrajetria encurvada em um sentido, as do grupo 2, em sentido oposto, e as do grupo 3 no tmsua trajetria desviada. A situao est ilustrada na figura abaixo. Considere as seguintes afirmaes sobre as velocidades das partculas de cada grupo: I. v1 v2 e v1 E/B II. v1 v2 e v1 E/B III. v3 = E/B Note e adote: Os mdulos das foras eltrica (FE) e magntica (FM) so: FE = qE FM = qvB Est correto apenas o que se afirma em