(ITA - 2018 - 1 FASE)
O texto abaixo é uma das liras que integram Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga.
1. Em uma frondosa
Roseira se abria
Um negro botão!
Marília adorada
O pé lhe torcia
Com a branca mão.
2. Nas folhas viçosas
A abelha enraivada
O corpo escondeu.
Tocou-lhe Marília,
Na mão descuidada
A fera mordeu.
3. Apenas lhe morde,
Marília, gritando,
Co dedo fugiu.
Amor, que no bosque
Estava brincando,
Aos ais acudiu.
4. Mal viu a rotura,
E o sangue espargido,
Que a Deusa mostrou,
Risonho beijando
O dedo ofendido,
Assim lhe falou:
5. Se tu por tão pouco
O pranto desatas,
Ah! dá-me atenção:
E como daquele,
Que feres e matas,
Não tens compaixão?
(GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. 10. ed. São Paulo: Ática, 2011.)
O poema abaixo dialoga com as liras de Marília de Dirceu.
Haicai tirado de uma falsa lira de Gonzaga
Quis gravar “Amor”
No tronco de um velho freixo:
“Marília” escrevi.
(BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.)
Dentre as marcas mais visíveis de intertextualidade, encontram-se as seguintes, EXCETO
o título do poema menciona o autor de Marília de Dirceu.
ambos os textos pertencem à mesma forma poética.
no poema, Marília é, assim como em Gonzaga, o objeto amoroso.
tal como nos textos árcades, no de Bandeira, a natureza é o cenário do amor.
este poema de Bandeira possui, como os de Gonzaga, teor sentimental.