(PUC Minas - 2007)
Leia o fragmento de O vestido:
“... ele se dirigiu para o cabaret, onde Bárbara (...) rodopiava no salão com um desconhecido, ao som de um bolero, vindo de uma radiola de pilha. E quando o vosso pai (1) foi chegando, todos os que estavam ali, os homens, principalmente (...), todos fizeram silêncio. Os copos voltaram para as mesas, ninguém ousou dizer palavra, nem mesmo para cumprimentá-lo (2), e a música, no mesmo instante, parou de tocar. No ar, minhas filhas – foi o que todos pressentiram –, exalou um cheiro de sangue, que daí a pouco poderia estar fora das veias. Alguém julgou ver, e chegou a comentar baixo com um colega ao lado, que o vosso pai estava com uma arma na mão (3). O desconhecido que dançava com Bárbara, como que adivinhando a situação, na mesma hora se separou dela, porém não saiu de onde estava e continuou com as mãos na cintura, em uma atitude de desafio. Eu, querido, então ela falou, apontando para o vosso pai – e este, na hora, notou que ela estava bêbada –, só queria me divertir um pouco, já que você me deixou sozinha, sem ao menos dizer se iria voltar ou não (4).”
Sobre a composição de vozes no fragmento acima, é INCORRETO afirmar que:
em (1), assinala-se a presença das filhas como interlocutoras do discurso da mãe.
em (2), a voz da narradora, interrompendo o fluxo da narração, em sintonia com a cena vivenciada.
em (3), a narradora reproduz um comentário de um dos presentes à cena.
em (4), as palavras de Bárbara mesclam-se ao discurso da narradora.