(Pucsp 2007)
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela
minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que
corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela
minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o
que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha
aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a
encontram.
Ninguém nunca pensou no que há
para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em
nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
O poema anterior, do heterônimo de Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, integra o livro "O Guardador de Rebanhos". Indique a alternativa que NEGA a adequada leitura do poema em questão.
O elemento fundamental do poema é a busca da objetividade, sintetizada no verso: "Quem está ao pé dele está só ao pé dele".
O poema propõe um contraste a partir do mesmo motivo e opõe um sentido geral a um sentido particular.
O texto sugere um conceito de beleza que implica proximidade e posse e, por isso, valoriza o que é humilde, ignorado e despretensioso.
O rio que provoca a real sensação de se estar à beira de um rio é o Tejo, que guarda a "memória das naus", marca do passado grandioso do país.
O poema se fundamenta numa argumentação dialética em que o conjunto das justificativas deixa clara a posição do poeta.