(PUC/Campinas - 2017)
Em 1499 retornavam a Lisboa, em momentos diferentes, as duas naus restantes da armada que, dois anos antes, partira rumo ao Índico em viagem de descoberta do caminho que levasse à Índia, local desejado por Portugal há quase meio século. (...) Definitivamente, as coisas nunca mais foram as mesmas, tanto para aquele pequeno reino português, na franja atlântica da Europa, quanto, em outras medidas, para o resto do continente europeu. Desta viagem, mas sobretudo do que se esperou dela e do que efetivamente se encontrou, restaram-nos alguns documentos epistolares, mas restou-nos também o Roteiro de uma viagem que levou os sonhos portugueses por “mares nunca dantes navegados”, e complementando o poeta Camões, “por terras nunca dantes palmilhadas”.
(VILARDAGA, José Carlos. Lastros de viagem. Expectativas, projeções e descobertas portuguesas no Índico (1498-1554). São Paulo: Annablume, 2010. p. 27)
Os documentos epistolares são os primeiros sinais, entre nós, de uma literatura ainda incipiente, voltados, muitos deles, para
as confissões íntimas da condição de penúria dos primeiros colonos portugueses.
o relato da conversão do gentio, que deveria adotar a religião de seus conquistadores.
o estabelecimento de contato dos viajantes com outros colonizadores europeus.
a descrição das riquezas de que poderá tirar proveito o colonizador lusitano.
a expansão das ideias da Contra-Reforma, na radical reação da Igreja a Lutero.