(UEFS-BA-2013 - Meio do ano)
Capitalismo Beneficente
Precisamos achar meios para aprimorar o capitalismo em vez de passarmos por uma revolução para substituí-lo. Mas como mudar o capitalismo como o conhecemos? De que forma?
5 O capitalismo se provou muito competente para produzir bens e serviços que os consumidores querem. Se houver um desejo insatisfeito no mercado, algum empreendedor irá se mexer para provê-lo. O que o capitalismo não sabe fazer ainda é produzir bens e 10 serviços de que as pessoas precisam.
Não há segredo em vender frangos barato entupindo-os com Deus sabe o quê ou vender morangos saborosos, com mil e um agrotóxicos. A indústria automobilística colocou airbags nos carros por 15 determinação do governo americano, porque há dez anos o consumidor não os queria. As TVs e os anunciantes se digladiam para mostrar o grotesco e o pornográfico, assuntos que o povo quer, mas que não necessariamente precisa.
20 Alguns administradores, porém, estão lentamente mudando essa situação. Estão gastando tempo, recursos organizacionais e dinheiro em atividades beneficentes e filantrópicas simplesmente porque acreditam que as empresas precisam produzir também 25 bens de que a sociedade necessita. Surge uma nova geração de administradores, os administradores socialmente responsáveis, que estão gastando mais do que 5% do seu tempo, lucro e recursos organizacionais para oferecer o que eles acreditam que a sociedade 30 precisa. Fazem parte de uma nova geração de administradores e empresários que está transformando um capitalismo de resultados em um capitalismo de benefícios.
Um outro grupo de empreendimento vai além,
35 devota 100% de suas energias, dinheiro e organização para produzir o que a sociedade precisa. São as entidades beneficentes, que ao longo desses anos adquiriram competência e técnicas organizacionais que seriam de muita valia para as empresas.
40 Conseguirão os empresários obter lucro ofertando o que o consumidor precisa? Conseguirão obter lucro vendendo frangos humanamente criados, sorvetes sem aditivos químicos e morangos sem agrotóxicos? Várias experiências mostram que sim.
45 Todo ano, cinquenta entidades beneficentes receberam, merecidamente, o Prêmio Bem Eficiente pela sua competência, liderança e exemplo, provando que existem soluções para os problemas sociais. Essas e as demais entidades são a semente para um novo tipo 50 de capitalismo voltado para suprir a sociedade com o que ela precisa e não necessariamente com o que ela quer.
KANITZ, Stephen. Capitalismo Beneficente. Disponível em:< http:// blog.kanitz.com.br/capitalismo-beneficente/>. Acesso em: 13 jun. 2013. Adaptado.
Quanto aos aspectos linguísticos que compõem o texto, é correto afirmar:
A locução prepositiva “em vez de” (l. 2), no contexto em que está inserida, sugere uma contradição e pode ser substituída por uma vez que, sem mudança de sentido.
A forma nominal “produzir” (l. 6), quanto à predicação, recebe a mesma classificação que a forma verbal “necessita” (l. 25), embora estejam associadas a diferentes sujeitos.
O elemento prepositivo “por”, em “por determinação do governo americano” (l. 14-15) introduz um termo de valor circunstancial que expressa a ideia de meio.
O vocábulo “além” (l. 34) é um modificador da forma verbal “vai” (l. 34) e sugere a ideia de algo que extrapola a expectativa do que já foi apresentado anteriormente.
As interrogações do primeiro parágrafo expressam uma intenção textual diferente das que foram utilizadas no sexto parágrafo.