(UEL 2018 - 2a fase) Em 2016, ocorreu a deposição de Dilma Rousseff da presidência da república. Desde a eleição de 1989, que resultou na posse de um presidente eleito depois de mais de duas décadas de ditadura militar – a última eleição direta presidencial tinha ocorrido em 1960 –, esta é a segunda interrupção do mandato de um ocupante do principal cargo da república. A história republicana do Brasil é muito marcada pela instabilidade política, que se instaura sobretudo quando certas frações das classes médias ou das massas populares buscam algum protagonismo político e/ou visam impor alguma agenda de políticas públicas concernentes às suas demandas e interesses. Para Florestan Fernandes, essa instabilidade expressa características problemáticas do desenvolvimento socioeconômico, político e cultural do Brasil: permanência da dependência tecnológica e financeira ante os países centrais (desenvolvidos), concentração da propriedade da terra e da riqueza, elevada pobreza material e educacional das massas populares, caráter autocrático do Estado, entre outros. Em um país que se torna industrializado muito tardiamente,
a instabilidade transfigura-se, assim, numa espécie de ‘doença da velhice’, afirmando-se nitidamente como uma técnica antissocial de uso pacífico ou violento do poder para impedir a reorganização da sociedade nos planos econômico, político e social.
(FERNANDES, F. Sociedade de classes e subdesenvolvimento. São Paulo: Global, 2008. p.133.)
Com base nas ideias de Florestan Fernandes e na concepção marxista de luta de classes, explique como essas características estruturais da sociedade brasileira fomentam a instabilidade das relações e instituições políticas do Brasil.