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Disciplina

(UFRGS - 2016)Andr Devinne procura cultivar a inge

Português | Interpretação de texto | narração | a linguagem da narrativa | discurso direto, indireto e indireto livre
UFRGS 2016UFRGS RedaçãoTurma ENEM Kuadro

(UFRGS - 2016)

André Devinne procura cultivar a ingenuidade – uma defesa contra tudo 1o que 2não entende. 3Pressente: há alguma coisa irresolvida que 4está em parte alguma, mas os nervos sentem- ___1___ Quem sabe seja uma espécie de vergonha. Quem sabe o medo enigmático dos quarenta anos. Certamente não é a angústia de se ver lavando o carro numa tarde de sábado5, um homem de sua posição. É até com delicadeza que se entrega ao sol das três da tarde, agachado, sem camisa, esfregando o pano sujo no pneu, num ritual disfarçado em que evita formular seu tranquilo desespero. Assim: ele está numa guerra, mas por acaso6; de onde está, submerso na ingenuidade, 7à qual 8se agarra sem saber, não consegue ver o inimigo. 9Talvez não haja nenhum.

10– Filha, não fique aí no sol sem camisa.

A menina recuou até a sombra. Agachou-se, olhos negros no pai.

11– Você vai pra praia hoje?

André Devinne contemplou o pneu lavado: um bom trabalho.

12– Não sei. Falou com a mãe?

– Ela está pintando.

A filha tem o mesmo olhar da mãe, 13quando Laura, da janela do ateliê, observa o mar da Barra, transformando aquela estreita faixa de azul acima da Lagoa, numa outra faixa, de outra cor, mas igualmente suave, na tela em branco. Um olhar que investiga sem ferir – que parece, de fato, ver o que está lá.

Devinne espreguiçou-se esticando as pernas14. Largou o pano imundo no balde, sentou-se e olhou o céu, o horizonte, as duas faixas de mar, o azul da Lagoa, vivendo momentaneamente o prazer de proprietário. Lembrou-se da lição de inglês – It’s a nice day, isn’t it? – e tentou ___2___  de imediato, mas era tarde: o corpo inteiro se povoou de lembrança e ansiedade, exigindo explicações. Estava indo bem, a professora era uma mulher competente, agradável, independente. Talvez justo por isso, ele tenha cometido aquela estupidez. Sem pensar, voltou a cabeça e acenou para Laura, que do janelão do ateliê respondeu- ___3___  com um gesto. A filha insistiu:

– Pai, você vai pra praia?

Mudar todos os assuntos.

– Julinha, o que é, o que é? Vive casando 15e está sempre solteiro?

Ela riu.

– Ah, pai. Essa é fácil. O padre!

TEZZA, C. O fantasma da infância. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2007. p. 9-10.

Considere as seguintes propostas de reescrita de segmentos do texto, envolvendo transposição de discurso direto para indireto.

I. – Filha, não fique aí no sol (ref. 10):

Devinne pediu à filha que não fique no sol.

II. – Você vai pra praia hoje? (ref. 11):

A filha de Devinne lhe pergunta se ia pra praia hoje.

III. – Não sei. Falou com a mãe? (ref. 12):

Devine respondeu à filha que não sabia e perguntou-lhe se ela tinha falado com sua mãe.

Quais estão corretas?

A

Apenas I.   

B

Apenas III.   

C

Apenas I e II.   

D

Apenas II e III.   

E

I, II e III.