(UFU - 2016 - 1ª FASE)
Saído do regime servil sem condições para se adaptar rapidamente ao novo sistema de trabalho, à economia urbano-comercial e à modernização, o ―homem de cor‖ viu-se duplamente espoliado. Primeiro, porque o ex-agente de trabalho escravo não recebeu nenhuma indenização, garantia ou assistência; segundo, porque se viu repentinamente em competição com o branco em ocupações que eram degradadas e repelidas anteriormente, sem ter meios para enfrentar e repelir essa forma mais sutil de despojamento social. Só com o tempo é que iria aparelhar-se para isso, mas de modo tão imperfeito que ainda hoje se sente impotente para disputar "o trabalho livre na Pátria livre".
FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Difel, 1971, p.47.
Os primeiros anos pós-Abolição, no Brasil, foram marcados por ameaças de convulsão social e de reorganização do sistema produtivo. Nesse cenário, a força de trabalho estava marcada
pelos fortes fluxos migratórios de ex-escravos para a região Nordeste, onde a permanência da lavoura açucareira constituía um importante polo de trabalho assalariado.
pela aceleração do emprego nas atividades industriais, cuja preponderância do setor de bens de produção propiciou um forte crescimento da economia nas primeiras décadas do século XX.
por um processo de transformações, nas quais os imigrantes passavam a ocupar um papel de relevo, especialmente por causa da marginalização de expressivas parcelas de libertos.
pelo crescimento do trabalho livre em setores de subsistência, especialmente após a forte crise do setor cafeeiro provocada pela Abolição.