(UFU - 2018 - 2 FASE) CAROBA: Seu Eurico mandou chamar a senhora, Dona Margarida, porque seu Eudoro Vicente fez o pedido de casamento. EURICO: E j que ele vai entrar na famlia, minha filha... MARGARIDA: verdade? EUDORO: , Margarida. Ainda no tive tempo de ir ao hotel, mudar de roupa, mas quero logo pedir uma entrevista a voc para conversarmos. EURICO: Ah, no, entrevista no. A entrevista essa! EUDORO: Mas Eurico... MARGARIDA: No precisa nem o senhor falar, meu pai. Prefiro ir para um convento. EURICO: Est vendo o que o recato, Eudoro? (...) Trata-se de Eudoro, uma pessoa sria, de mais idade e alm do mais vai entrar na famlia. Mas o recato recato! Entrevista, sozinha, com ningum! EUDORO: Mas Eurico... MARGARIDA: J disse que prefiro ir para um convento. E v marcar entrevista com gente de sua idade, est ouvindo? E saia daqui com seu casamento! Saia daqui porque eu... SUASSUNA, Ariano. O Santo e a Porca. Rio de Janeiro: Editora Jos Olympio, 2005. p. 66. A) Na tessitura de seu texto, Suassuna emprega com destreza o recurso do quiproqu, recurso conceituado como um engano que consiste em tomar-se uma coisa por outra e tambm como a confuso criada por esse engano. Levando-se em conta esse conceito, explique o quiproqu presente no excerto. B) Uma marca de Suassuna a construo de personagens que so caracterizados por atitudes maniquestas. Em todo o texto O Santo e a Porca, o maniquesmo perceptvel como, por exemplo, em Eurico. Demonstre, em um pargrafo, de que forma o maniquesmo est presente em Eurico.
(UFU - 2018 - 2 FASE) TONHO: No medo. que posso evitar encrenca. Falo com o negro e acerto os ponteiros. Poxa, se eu fao uma besteira qualquer, minha me que sofre. Ela j chorou paca no dia que sa de casa. PACO: Vai me enganar que voc tem casa? TONHO: Claro, como todo mundo. PACO: Ento, que veio fazer aqui? S encher o saco dos outros? Poxa, fica l na sua casa. TONHO: Eu bem que queria ficar. Mas minha cidade no tem emprego. Quem quer ser alguma coisa na vida tem que sair de l. Foi o que fiz. Quando acabei o exrcito, vim pra c. Papai no pode me ajudar... MARCOS, Plínio. Barrela, Dois perdidos numa noite suja, Navalha na carne, Abajur Lilás, Quero, uma reportagem maldita. São Paulo: Global, 2003. p. 80. O fragmento pertence a Dois perdidos numa noite suja, pea teatral de Plnio Marcos. Considerando-se o dilogo estabelecido entre as personagens, A) reescreva a primeira fala de Tonho, adequando-a a uma situao comunicativa mais formal. B) transponha a ltima fala de Tonho para o discurso indireto.
(UFU - 2018 - 2 FASE) No sei respondeu dona Carochinha mas tenho notado que muitos dos personagens das minhas histrias j andam aborrecidos de viverem toda a vida presos dentro delas. Querem novidade. Falam em correr mundo a fim de se meterem em novas aventuras. Aladino queixa-se de que sua lmpada maravilhosa está enferrujando. A Bela Adormecida tem vontade de espetar o dedo noutra roca para dormir outros cem anos. O Gato de Botas brigou com o marqus de Carabs e quer ir para os Estados Unidos visitar o Gato Flix. Branca de Neve vive falando em tingir os cabelos de preto e botar rouge na cara. Andam todos revoltados, dando-me um trabalho para cont-los. Mas o pior é que ameaçam fugir, e o Pequeno Polegar j deu o exemplo. LOBATO, Monteiro. Reinaes de Narizinho. 33. ed. So Paulo: Editora Brasiliense, 1982. p. 11. A) Explique como se d o processo de intertextualidade no texto de Monteiro Lobato. B) Transcreva um exemplo de sequncia textual narrativa e um exemplo de sequncia textual descritiva, retiradas do texto.
(UFU - 2018 - 2 FASE) TEXTO I Enciclopdia Hcate ou Hcata, em gr. Hekt. Mit gr. Divindade lunar e marinha, de trplice forma (muitas vezes com trs cabeas e trs corpos). Era uma deusa rfica, parece que originria da Trcia. Enviava aos homens os terrores noturnos, os fantasmas e os espectros. Os romanos a veneravam como deusa da magia infernal. CESAR, Ana Cristina. Enciclopdia. In: Destino: poesia. Organizao de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Ed. Jos Olympio, 2016. p.35. TEXTO II I Enquanto leio meus seios esto a descoberto. difcil concentrar-me ao ver seus bicos. Ento rabisco as folhas deste lbum. Potica quebrada pelo meio. II Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. difcil escond-los no meio dessas letras. Ento me nutro das tetas dos poetas pensados no meu seio. CESAR, Ana Cristina. Sem ttulo. In: Destino: poesia. Organizao de Italo Moriconi. Rio de Janeiro: Ed. Jos Olympio, 2016. p.39. A) Explique, em um pargrafo, de que maneira a funo metalingustica se presentifica no texto I. B) A respeito do texto II, explique, em um pargrafo, a relao que se estabelece entre seios e textos.
(UFU - 2018 - 2 FASE) Texto I Art. 3o - Sero asseguradas s mulheres as condies para o exerccio efetivo dos direitos vida, segurana, sade, alimentao, educao, cultura, moradia, ao acesso justia, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, cidadania, liberdade, dignidade, ao respeito e convivncia familiar e comunitria. BRASIL. Lei n 11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponvel em: . Acesso em: 12 mar. 2018. Texto II A) Indique a funo da linguagem predominante no texto I e justifique sua resposta. B) Considerando-se o total de 140.350 relatos de violncia Central de Atendimento Mulher, escreva um pargrafo com, no mximo 10 linhas, a partir do texto II, cuja funo da linguagem predominante seja a referencial.
(UFU - 2018 - 2 FASE) CAPTULO I Rubio fitava a enseada, eram oito horas da manh. Quem o visse, com os polegares metidos no cordo do chambre, janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedao de gua quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, h um ano? Professor. Que agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Tnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o cu; e tudo, desde as chinelas at o cu, tudo entra na mesma sensao de propriedade. Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperana colateral. No casou; ambos morreram, e aqui est tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraa... ASSIS, Machado. Quincas Borba. So Paulo: Editora Globo, 1997. p 1. A) No primeiro captulo de Quincas Borba, j se anteveem princpios do Humanitismo, teoria desenvolvida pela personagem Quincas Borba. Explique, em um pargrafo, de que forma essa teoria se apresenta nesse captulo. B) Em certa medida, Rubio ope passado e presente, faz oposio entre ser professor e ser capitalista. Redija um pargrafo, evidenciando o pensamento de Rubio diante da nova situao e comparando-a com o antigo estado.
(UFU - 2018 - 2 FASE) A quem estais carregando, irmos das almas, embrulhado nessa rede? dizei que eu saiba. A um defunto de nada, irmo das almas, que h muitas horas viaja sua morada. (...) E de onde que o estais trazendo, irmos das almas, onde foi que comeou vossa jornada? Onde a caatinga mais seca, irmo das almas, onde uma terra que no d nem planta brava. E foi morrida essa morte, irmos das almas, essa foi morte morrida ou foi matada? At que no foi morrida, irmo das almas, esta foi morte matada, numa emboscada. E o que guardava a emboscada, irmo das almas e com que foi que o mataram, com faca ou bala? Este foi morto de bala, irmo das almas, mas garantido de bala, mais longe vara. E quem foi que o emboscou, irmos das almas, quem contra ele soltou essa ave-bala? Ali difcil dizer, irmo das almas, sempre h uma bala voando desocupada. NETO. Joo Cabral de Melo. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, A) Levando-se em considerao o trecho de Morte e vida severina, aponte trs recursos estruturais como, por exemplo, sonoridade e ritmo, que evidenciam a construo do texto. B) Texto crtico, que evidencia um universo desesperanado, Morte e vida severina estabelece, por meio de seus versos, vrias crticas a mazelas sociais. Com base na obra e no excerto, explique a metfora da ave-bala.
(UFU - 2018 - 2 FASE) As interrupes frequentes e o tom quase irnico dos congressistas deixavam claro que estvamos assistindo ao mais bem produzido puxo de orelha da histria da internet. A imagem do jovem empresrio acuado, sendo constrangido perante os representantes do povo, poderosa: algo est sendo feito. O prazer quase sdico que se sente com a reprimenda justificvel: em sua saga para tornar o mundo mais aberto e conectado, o Facebook j errou muito. Com os erros, costumam vir as desculpas e, com elas, algumas mudanas. O que no muda o modelo de negcios da empresa que, graas coleta massiva de dados de usurios, pode oferecer sofisticadas ferramentas de direcionamento de anncios, servio esse que responsvel por grande parte de sua invejvel receita de US$ 40,6 bilhes, s em 2017. O que parece no ter ficado claro que Zuckerberg no construiu tudo isso sozinho. O Facebook s existe e continuar existindo da forma como ele porque o Congresso dos EUA nunca implementou um modelo regulatrio que protegesse satisfatoriamente a privacidade dos usurios de internet. Sempre que surgiram propostas nesse sentido, elas foram sumariamente rechaadas. ANTONIALLI, Dennys. Audiencias de Zuckerberg no Congresso dos EUA foram teatro de cmplices. O Estado de S. Paulo. 12 abr. 2018. Disponvel em: . Acesso em: 12 abr. 2018. Considerando-se o emprego das aspas no texto, discorra sobre a opinio do autor com relao aos temas abaixo. Indique outros elementos, retirados do texto, que justifiquem sua resposta. A) Facebook. B) Congresso norte-americano
(UFU - 2018 - 1aFASE) Muitos paquistaneses acreditam que a mdia local e internacional promove a jovem ativista de forma exagerada e desnecessria. Partidos de direita afirmam que a campanha para promov-la a prova de que h um lobby internacional por trs de tudo isso. [...] Os defensores da ganhadora do Nobel da Paz acusam os odiadores de Malala de campanha de difamao contra ela. At que a mentalidade das pessoas mude, argumentam, a jovem no poder viver em sua terra natal de forma permanente. Disponvel em:https://goo.gl/abhkYN. Acesso em: 30 mar. 2018. No texto sobre o retorno de Malala Yousafzai ao Paquisto pela primeira vez desde que foi baleada pelo Talib, o emprego das aspas em odiadores de Malala tem o efeito de
(UFU - 2018 - 1aFASE) Por que Raduan Nassar parou de escrever? Essa pergunta com ares novelescos continua um enigma inexplicado. Depois de se preparar por 20 anos, a consagrao veio junto com a estria no lanamento do romance Lavoura Arcaica (1975), seguido de outro xito atordoante, a novela Um Copo de Clera (1978). No auge de uma carreira recm-comeada, as tradues de vento em popa, quando seus leitores antecipam proezas ainda maiores que estavam por vir, de repente o escritor paulista anunciou que passava a arar outras terras, trocava a literatura pela agricultura [...]. FRIAS FILHO, O. O silncio de Raduan. Folha de S. Paulo, 10 out. 1996. Disponvel em: https://goo.gl/8Q8oyN. Acesso em: 30 mar. 2018. Na coluna publicada no jornal Folha de So Paulo em outubro de 1996, a informao sobre o abandono da literatura pelo escritor Raduan Nassar
(UFU - 2018 - 1aFASE) Parado, com a colher suspensa sobre a bancada de ao inox, o sujeito atravancava minha passagem. Ia enfi-la no pote de ervilhas, arremeteu, pousou-a na bandeja de beterrabas, levantou uma rodela, soltou-a, duas gotas vermelhas respingaram no talo de uma couve-flor. Fosse mais para trs, l pela travessa do agrio, eu poderia ultrapass-lo e chegar aos molhos a tempo de colocar azeite e vinagre antes que ele se aproximasse, mas da beterraba aos temperos um passo e ento seria eu a atrapalhar sua cadncia. (Segundo a etiqueta no escrita dos restaurantes por quilo, a ultrapassagem s permitida se no for reduzir a velocidade do ultrapassado o que seria equivalente a furar a fila). Tudo movimento, dizia Herclito; o mundo gira, a lusitana roda, anunciava a televiso: s eu no me mexia, preso diante da cumbuca de gros de bico com atum. Fiquei irritado. Aquele homem hesitante estava travando o fluxo de minha vida, dali para frente todos os eventos estariam quinze segundos atrasados: da entrega desta crnica ao meu ltimo suspiro. PRATA, A. A zona do agrio. Estado, 23 dez. 2008. Disponvel em: https://goo.gl/oE4E42. Acesso em: 30 mar. 2018. Narrada na primeira pessoa do singular, a crnica parte de um evento corriqueiro na fila de um restaurante por quilo para elaborar uma reflexo sobre a passagem do tempo. No texto, a funo metalingustica da linguagem evidenciada no fragmento
(UFU - 2018 - 1aFASE) Fernanda tudo que sobrou do que sempre me ensinaram. A sombra dos quarenta graus sombra. Procurem os gestos no vocabulrio, olhem Fernanda: esto todos l. Sua vida um palco iluminado. direita as gambiarras do perfeccionismo. esquerda os praticveis do impossvel. Em cima o urdimento geral de uma tentativa de enredo a ser refeita todas as noites, toda a vida. Atrs os bastidores, o mistrio essencial. Embaixo, o poro, que torna viveis os mgicos e onde, faz tanto tempo!, se ocultava o ponto. Em frente o dilogo, que uma f, e comove montanhas. Disponvel em: https://goo.gl/ww4RDN. Acesso em: 01 abr. 2018. Na seo Retratos 3x4 de seu site, Millr Fernandes escreve sobre alguns de seus amigos, dentre eles, a atriz Fernanda Montenegro. Assinale o recurso em torno do qual o texto sobre a atriz foi construdo.
(UFU - 2018 - 1aFASE) H uma pequena rvore na porta de um bar, todos passam e do uma beliscada na desprotegida rvore. Alguns arrancam folhas, alguns s puxam e outros, s vezes, at arrancam um galho. O homem que vive na periferia igual a essa pequena rvore, todos passam por ele e arrancam-lhe algo de valor. A pequena rvore protegida pelo dono do bar, que pe em sua volta uma armao de madeira; assim, ela fica segura, mas sua beleza escondida. O homem que vive na periferia, quando resolve buscar o que lhe roubaram, posto atrs das grades pelo sistema. Tentam proteger a sociedade dele, mas tambm escondem sua beleza. FERRZ. Capo Pecado. So Paulo: Labortexto, 2000. Tomada, isoladamente, a proposio Tentam proteger a sociedade dele poderia ser considerada ambgua. Para explicitar o sentido que essa orao assume no contexto em que foi empregada, a expresso a sociedade dele deve ser substituda por
(UFU-MG - 2018) Se quer medir forças, sei que eu me garanto, Sem conversa frouxa, sem me olhar de canto, Fecha a boca, ouça, eu não tô brincando, Sua estratégia é fraca, já vou chegar te derrubando. CONKA, Karol. Karol Conka. Download digital, 2001. Karol Conka é uma rapper brasileira reconhecida por canções que exaltam a mulher. No refrão de Me garanto, de sua autoria, a forma tô
(UFU - 2018 - 1aFASE) Disponvel em: https://goo.gl/ZqsZAd. Acesso em: 27 abr. 2018. O ltimo quadro da tirinha apresenta um uso pronominal bastante comum na modalidade oral do portugus brasileiro, independentemente do grau de escolaridade, da regio ou da classe social do falante. Assinale a alternativa que apresenta o uso pronominal equivalente modalidade escrita e cujo registro seja formal.