(UFU - 2018 - 2ª FASE)
CAPÍTULO I
Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
“Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas”, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça...
ASSIS, Machado. Quincas Borba. São Paulo: Editora Globo, 1997. p 1.
A) No primeiro capítulo de Quincas Borba, já se anteveem princípios do Humanitismo, teoria desenvolvida pela personagem Quincas Borba. Explique, em um parágrafo, de que forma essa teoria se apresenta nesse capítulo.
B) Em certa medida, Rubião opõe passado e presente, faz oposição entre ser professor e ser capitalista. Redija um parágrafo, evidenciando o pensamento de Rubião diante da nova situação e comparando-a com o antigo estado.