(UNESP - 2013 - 1a fase)
[Os tupinambás] têm muita graça quando falam [...]; mas
faltam-lhe três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou
dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é
porque não têm fé em nenhuma coisa que adoram; nem os
nascidos entre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia
têm fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem
lealdade a nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L
na sua pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar,
nem preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu
modo, e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com
que se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm
esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os
reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao
pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua
vontade [...].
(Gabriel Soares de Souza. Tratado descritivo do Brasil em 1587, 1987.)
O texto destaca três elementos que o autor considera inexistentes entre os tupinambás, no final do século XVI. Esses três elementos podem ser associados, respectivamente,
à diversidade religiosa, ao poder judiciário e às relações
familiares.
à fé religiosa, à ordenação jurídica e à hierarquia política.
ao catolicismo, ao sistema de governo e ao respeito pelos diferentes.
à estrutura política, à anarquia social e ao desrespeito familiar.
ao respeito por Deus, à obediência aos pais e à aceitação
dos estrangeiros.