(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) este livro Meu filho. No automatismo. Juro. jazz do corao. prosa que d prmio. Um tea for two total, tilintar de verdade que voc seduz, charmeur volante, pela pista, a toda. Enfie a carapua. E cante. Puro acar branco e blue Ana Cristina Csar, A teus ps. So Paulo: Companhia das Letras, 2019, p. 29. a) No poema este livro usa-se um recurso potico chamado aliterao. Explique o que aliterao e identifique um exemplo de aliterao presente nesse texto potico. b) O poema prope uma definio do prprio livro e inclui algumas instrues para o provvel leitor. Identifique dois verbos que instruem o leitor e explique a frase No automatismo, com base no conjunto do poema.
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) Texto I (...) Contemplava extasiada o cu cor de anil. E eu fiquei compreendendo que eu adoro o meu Brasil. O meu olhar posou nos arvoredos que existe no incio da rua Pedro Vicente. As folhas movia-se. Pensei: elas esto aplaudindo este meu gesto de amor a minha Ptria. (...) Toquei o carrinho e fui buscar mais papeis. A Vera ia sorrindo. E eu pensei no Casemiro de Abreu, que disse: Ri criana. A vida bela. S se a vida era boa naquele tempo. Porque agora a poca est apropriada para dizer: Chora criana. A vida amarga. (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. So Paulo: tica, 2014, p. 35-36.) Texto II RISOS Ri, criana, a vida curta, O sonho dura um instante. Depois... o cipreste esguio Mostra a cova ao viandante! A vida triste ̶ quem nega? ̶ Nem vale a pena diz-lo. Deus a parte entre seus dedos Qual um fio de cabelo! Como o dia, a nossa vida Na aurora ̶ toda venturas, De tarde ̶ doce tristeza, De noite ̶ sombras escuras! A velhice tem gemidos, ̶ A dor das vises passadas ̶ ̶ A mocidade ̶ queixumes, S a infncia tem risadas! Ri, criana, a vida curta, O sonho dura um instante. Depois... o cipreste esguio Mostra a cova ao viandante! Casemiro J. M. de Abreu, As primaveras. Rio de Janeiro: Tipografia de Paula Brito,1859, p. 237-238. a) Nas trs linhas iniciais do texto I, a autora estabelece uma relao entre o sujeito da ao e o espao em que ele se encontra. Mencione e explique dois recursos poticos que compem a cena narrativa. b) A representao da infncia no texto I se aproxima e, ao mesmo tempo, difere daquela que se encontra no texto II. Considerando que o texto I um excerto do dirio de Carolina Maria de Jesus e o texto II um poema romntico, identifique e explique essa diferena na representao da infncia, com base nos perodos literrios.
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) Resumindo seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num suspiro: ― Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como J! (...) ― Como J! Repetiu ele furioso, arrancando as barbas e unhando as faces. No lhe bastava o arrependimento, a dor moral, queria o castigo fsico, a macerao da carne, para completa punio da sua inpcia. No saber guardar a felicidade, depois de ter sabido adquiri-la, sinal de loucura. Ele era um doido? Sim, ele era um doido. Tal qual o av. Riu alto; ele era um doido! Jlia Lopes de Almeida, A Falncia. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 296. a) O protagonista de A Falncia encarna um tipo representativo da sociedade brasileira do sculo XIX. Aponte quatro caractersticas desse tipo social constatadas na trajetria de Francisco Teodoro. b) No excerto acima, o narrador se detm no momento em que o protagonista, atormentado, rev sua trajetria e se recorda do av. Caracterize a voz narrativa nesse excerto e explique seu funcionamento.
(UNICAMP - 2020 - 2 fase) Leia os trs excertos e responda s questes. Texto 1: Mas cachoeira barranco de cho, e gua se caindo por ele, retombando; o senhor consome essa gua, ou desfaz o barranco, sobra cachoeira alguma? Viver negcio muito perigoso... (Joo Guimaraes Rosa, Grande Serto: Veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 26.) Texto 2: Chego sacada e vejo a minha serra, / a serra de meu pai e meu av, / de todos os Andrades que passaram / e passaro, a serra que no passa. / (...) / Esta manh acordo e / no a encontro. / (...) / foge minha serra, vai / deixando no meu corpo e na paisagem / msero p de ferro, e este no passa. (Carlos Drummond de Andrade, Boitempo II. Rio de Janeiro: Record, 1994, p. 72.) Texto 3: Menor em quilmetros do que o desastre de Mariana, causado pela Samarco, controlada pela mesma Vale, o de Brumadinho gigante em gravidade: as florestas e rios afetados eram muito mais ricos e importantes para o equilbrio ambiental, salientam especialistas. (Fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/dano-ambiental-em-brumadinho-ameaca-centenas-de-especies-23424033. Acessado em 06/11/2019). a) A vida imita a arte. Quando Guimares Rosa, que se criou nas terras do serto do Paraopeba, e Drummond escreveram, provavelmente no imaginavam o que ocorreria em Brumadinho e Mariana. Percebe-se uma relao entre um processo de transformao e as expresses msero p de ferro, em Drummond, e desfaz o barranco, em Rosa. Identifique a atividade econmica e descreva o processo de transformao da matria-prima implcitos nos textos desses autores. b) Em Brumadinho, a lama afetou espcies endmicas de florestas e rios da Mata Atlntica e do Cerrado mineiros, em rea da Reserva da Biosfera da Unesco da Serra do Espinhao. Considerando a possvel extino das espcies endmicas afetadas, identifique e explique uma consequncia biolgica para o equilbrio ambiental desses ecossistemas.
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) era uma vez uma mulher e ela queria falar de gnero era uma vez outra mulher e ela queria falar de coletivos e outra mulher ainda especialista em declinaes a unio faz a fora ento as trs se juntaram e fundaram o grupo de estudos celso pedro luft Anglica Freitas, Um tero do tamanho de um punho. So Paulo: Companhia das Letras, 2017, p.14. Considerando o poema e a imagem, resolva as questes. a) Explique as ambiguidades presentes nas duas primeiras estrofes do poema. b) Que figura de linguagem usada nos trs ltimos versos do poema? Justifique sua resposta.
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) Voltou moda o velho faa voc mesmo ou bricolagem. A ideia de que s vezes melhor trabalhar com a mo na massa, engajando os cidados, se tornou uma metfora para prticas pedaggicas, aes polticas, retrica empreendedora. Mas poucos usam, no Brasil, o termo que melhor representa essa potncia criativa de que as pessoas so capazes: gambiarra. Palavra menos nobre, gambiarra existe, no Brasil e em outros pases de lngua portuguesa, quase sempre como um termo popular, dialetal ou depreciativo. Porque um faa-voc-mesmo rebelde que recombina peas j existentes, no interior de regras dadas, para inventar novas funes e afirmar novas regras. Escolhi cinco livros que mostram as gambiarras em ao, entre eles, A inveno do cotidiano: Artes de fazer, de Michel de Certeau. Nesse livro, o historiador e telogo francs apresenta um estudo analtico e um elogio poltico da criatividade do cidado comum. Ao traar uma distino entre estratgias (as regras do jogo formuladas pelos que tm o poder de estabelecer regras) e tticas (os gestos, aes, invenes dos subjugados, que tentam lidar com as regras, mas tambm achar um jeitinho de dribl-las), Certeau revela as gambiarras que fazem com que o cotidiano se invente e reinvente. Adaptado de Yurij Castelfranchi, Livros para imaginar, apreciar e fazer gambiarras. Disponvel em https://www.nexojornal.com.br/estante/favoritos/2019/5-livros-para-imaginar-apre ciar-e-fazer-gambiarras. Acessado em 10/08/2019. a) Explique por que a gambiarra , ao mesmo tempo, indisciplinada e criativa. b) Segundo Castelfranchi, como Michel de Certeau associa a ideia de gambiarra s aes polticas do cidado comum? Responda com base em dois exemplos citados no texto.
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) O dicionarista e historiador Nei Lopes, autor do Dicionrio banto do Brasil, afirmou, em entrevista Revista Fapesp: Resolvi elaborar um dicionrio para identificar os vocbulos da lngua portuguesa com origem no universo dos povos bantos, denominao que engloba centenas de lnguas e dialetos africanos. Palavras como bab, baia, banda, caapa, cachimbo, dengo, farofa, fofoca e minhoca, por exemplo, tm origem provvel ou comprovada em lnguas bantas e o quimbundo pode ter sido o idioma que mais contribuiu formao de nosso vocabulrio. Ao constatar tal quantidade de palavras originrias de idiomas bantos que circulam pelo pas, quis comprovar a importncia dessas culturas para o contexto nacional. Assim, escrever dicionrios, para mim, tambm uma tarefa poltica. Percebi que dicionrios funcionam como um meio didtico eficaz para disseminar conhecimento. Os currculos costumam comear a abordagem sobre a frica a partir da escravido, partindo do princpio de que os nossos ancestrais foram todos escravos. Nos ensinamentos sobre o assunto, preciso descolonizar o pensamento brasileiro, deixando evidente como os grandes centros europeus espoliaram o continente e que, hoje, a realidade africana fruto dessas aes. Adaptado de Nei Lopes, O dicionrio heterodoxo. Entrevista concedida a Cristina Queiroz. Revista Fapesp. Edio 275, jan. 2019. Disponvel em http://revistapesquisa.fapesp.br/ 2019/01/10/nei-braz-lopes-o-dicionarista-heterodoxo/. Acessado em23/08/2019.) a) Explique, com base em dois argumentos presentes no texto, por que, para o autor, escrever dicionrios uma tarefa poltica. b) Que crtica o autor faz aos currculos escolares e que abordagem prope para o assunto?
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) Texto I Menino do Rio (Caetano Veloso, Cinema Transcendental, 1979.) Menino do Rio Calor que provoca arrepio Drago tatuado no brao Calo corpo aberto no espao Corao, de eterno flerte Adoro ver-te (...) O Hava, seja aqui Tudo o que sonhares Todos os lugares As ondas dos mares Pois quando eu te vejo Eu desejo o teu desejo Texto II Haiti (Caetano Veloso e Gilberto Gil, Tropiclia 2, 1993.) (...) E quando ouvir o silncio sorridente de So Paulo Diante da chacina 111 presos indefesos, mas presos so quase todos pretos Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de to pobres E pobres so como podres e todos sabem como se tratam os pretos (...) Pense no Haiti, reze pelo Haiti O Haiti aqui O Haiti no aqui Disponvel em http://www.caetanoveloso.com.br/. Acessado em 12/10/2019. Hava uma ilha do Pacfico, um Estado norte-americano conhecido pelo turismo e por suas praias paradisacas que atraem surfistas do mundo inteiro. Haiti uma ilha do Caribe, atualmente sob interveno da ONU; o pas mais pobre das Amricas, com mais de 60% da populao subnutrida a) O verso O Hava, seja aqui (texto I), de Caetano Veloso, e o verso O Haiti aqui (texto II), de Caetano e Gilberto Gil, refletem diferentes posies em relao aos lugares a que se referem. Explique como o uso do verbo ser define cada uma dessas posies. b) Explicite as duas vises dos compositores ao dizerem: O Haiti aqui / O Haiti no aqui (texto II).
(UNICAMP - 2020 - 2 FASE) Texto I Em Bacurau, vilarejo fictcio no meio do nada que recebe o nome de um pssaro brabo de hbitos noturnos, o serto tambm o centro do pas. Bacurau cheira a morte. A primeira sequncia do longa a passagem de um caminho-pipa que atropela caixes pelo caminho. No povoado isolado, mas hiperconectado internet, os moradores, com uma grande variedade de gneros, raas e sexualidades, vivem sem gua e escondem-se quando o prefeito em campanha pela reeleio chega para distribuir mantimentos vencidos, e despejar livros velhos em frente escola local. A j comea a resistncia: em meio penria, os moradores organizam-se e ajudamse entre si. Quando o vilarejo literalmente desaparece dos mapas digitais e a comunidade perde a conexo com a internet, a presena de forasteiros coincide com o misterioso aparecimento de cadveres crivados bala e Bacurau vive uma carnificina. Adaptado de Joana Oliveira, Em Bacurau, lutar ou morrer no serto que espelha o Brasil. El Pas. Disponvel em https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/20/cultura/15663 28403_365611.html. Acessado em 20/10/2019. Texto II Adaptado do Instagram de Lia de Itamarac. Disponvel em https://www.insta 7zu.com/tag/LiaDeltamaraca. Acessado em 20/10/2019. a) Explique por que bacuralizar um neologismo e qual o processo de formao dessa palavra. b) Considere as informaes sobre o enredo do filme Bacurau presentes no texto I e sobre o papel do Estado na vida da comunidade no texto II. A partir dessas informaes, crie um exemplo do uso de bacuralizar para cada acepo da palavra registrada no texto II.
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) O que ento o verossmil? Para encurtar: tudo aquilo em que a confiana presumida. Por exemplo, os juzes nem sempre so independentes, os mdicos nem sempre capazes, os oradores nem sempre sinceros. Mas presume-se que o sejam; e, se algum afirmar o contrrio, cabe-lhe o nus da prova. Sem esse tipo de presuno, a vida seria impossvel; e a prpria vida que rejeita o ceticismo. (Olivier Reboul, Introduo retrica. So Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 97-98.) Considerando o segundo Sermo da Quarta-feira de Cinza (1673), de Antonio Vieira, correto afirmar que a presuno de confiana por parte do auditrio cristo do sculo XVII decorre da
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) Ao descrever a rotina do protagonista Raimundo Silva, o narrador da Histria do Cerco de Lisboa afirma que s restaram fragmentos dos sonhos noturnos, imagens insensatas aonde a luz no chega, indevassveis at para os narradores, que as pessoas mal informadas acreditam terem todos os direitos e disporem de todas as chaves. Jos Saramago, Histria do Cerco de Lisboa. So Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.122. Com base nesse excerto e relacionando-o ao conjunto do romance, correto afirmar que o narrador
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) As palavras organizadas comunicam sempre alguma coisa, que nos toca porque obedece a certa ordem. Quando recebemos o impacto de uma produo literria, oral ou escrita, ele devido fuso inextricvel da mensagem com a sua organizao. Em palavras usuais: o contedo de uma obra literria s atua por causa da forma. Adaptado de Antonio Candido, O direito literatura, em Vrios escritos. So Paulo: Ouro sobre azul e Duas Cidades, 2004, p.178. A obra Sobrevivendo no inferno do grupo Racionais Mcs composta pelas canes e pelo projeto editorial da capa e contracapa do CD. Nesse projeto editorial, encontram-se elementos visuais e verbais que estabelecem um jogo de formas e sentidos. Com base na afirmao de Antonio Candido, correto afirmar que a organizao desses elementos
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) No conto O espelho, de Machado de Assis, o esboo de uma nova teoria sobre a dupla natureza da alma humana apresentado por Jacobina. A personagem narra a situao em que se viu sozinha na casa da tia Marcolina. As horas batiam de sculo a sculo no velho relgio da sala, cuja pndula, tic-tac, tic-tac, feria-me a alma interior como um piparote contnuo da eternidade. Considerando os indicadores da passagem do tempo na citao, correto afirmar que
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) Para inaugurar preciso ter um defunto. Mas, por desgraa, nenhum turista se afoga, nenhuma calamidade se abate sobre a cidade e os moribundos tm o desplante de ressuscitarem. Na ordem estabelecida por Odorico, o bem vira mal e o mal, bem. Anatol Rosenfeld, A obra de Dias Gomes, em Teatro de Dias Gomes. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1972, p. xxvii. A comicidade de O Bem-amado, de Dias Gomes, deriva em grande medida da inverso de valores que a pea encena. Considerando os propsitos satricos da obra, assinale a alternativa que evidencia tal inverso.
(UNICAMP - 2020 - 1 FASE) No livro A cabra vadia: novas confisses, Nelson Rodrigues inicia a crnica Os dois namorados com a seguinte afirmao: h coisas que um gr-fino s confessa num terreno baldio, luz de archotes, e na presena apenas de uma cabra vadia. Na crnica Terreno baldio ele recorre ao mesmo animal para explicar a ideia que teve de criar entrevistas imaginrias: No podia ser um gabinete, nem uma sala. Lembrei-me, ento, do terreno baldio. Eu e o entrevistado e, no mximo, uma cabra vadia. Alm do valor plstico da figura, a cabra no trai. Realmente, nunca se viu uma cabra sair por a fazendo inconfidncias. (Nelson Rodrigues, A cabra vadia: novas confisses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, p. 52 e160.) O carter confessional associado figura da cabra nas crnicas tem relao com