(UNICAMP - 2020 - 2ª FASE)
Resumindo seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num suspiro:
― Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó! (...)
― Como Jó! Repetiu ele furioso, arrancando as barbas e unhando as faces. Não lhe bastava o arrependimento, a dor moral, queria o castigo físico, a maceração da carne, para completa punição da sua inépcia.
Não saber guardar a felicidade, depois de ter sabido adquiri-la, é sinal de loucura. Ele era um doido? Sim, ele era um doido. Tal qual o avô. Riu alto; ele era um doido!
Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 296.
a) O protagonista de A Falência encarna um tipo representativo da sociedade brasileira do século XIX. Aponte quatro características desse tipo social constatadas na trajetória de Francisco Teodoro.
b) No excerto acima, o narrador se detém no momento em que o protagonista, atormentado, revê sua trajetória e se recorda do avô. Caracterize a voz narrativa nesse excerto e explique seu funcionamento.