(UNICAMP - 2020 - 1ª FASE)
Ao descrever a rotina do protagonista Raimundo Silva, o narrador da História do Cerco de Lisboa afirma que só restaram fragmentos dos sonhos noturnos, “imagens insensatas aonde a luz não chega, indevassáveis até para os narradores, que as pessoas mal informadas acreditam terem todos os direitos e disporem de todas as chaves.”
José Saramago, História do Cerco de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.122.
Com base nesse excerto e relacionando-o ao conjunto do romance, é correto afirmar que o narrador é
polifônico, pois, ao considerar todos os pontos de vista das personagens, relativiza a visão de mundo e respeita a privacidade delas.
observador, pois dissimula sua avaliação política da realidade ao se mostrar empático ao mundo das personagens.
protagonista, pois, ao fazer parte da própria narrativa, assemelha-se às demais personagens e não pode duvidar dos protocolos necessários para contar a história de Portugal.
onisciente, pois simula ser tolerante com a pluralidade de vozes narrativas, mas é a singularidade de seu modo de narrar que produz a coesão e a autonomia da narração.