(ENEM - 2009)
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993.
Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são
a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos.
a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais.
a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras.
a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano